Poesia Carinho Machado de Assis
PALAVRAS FLUTUANTES
As palavras flutuam, esbarram suavemente nas nuvens,
despencam duramente como chuvas, encontram na face, as lágrimas,
deslizam na tristeza ou alegria, são repassadas por várias vias,
de beijo em abraço, de coração em laço, lá estão elas, emocionando os fatos.
Há poder nas palavras, se ditas, seja a quem, legítimas,
se poesias, não seja só pobreza e acordo de rimas,
se rimas, tornem-se músicas profundamente emotivas,
cada tamborilar das letras, salvem uma alma do abismo.
Palavras, inverdades ou sinceridades, calorosas ou frias, não tem despedida,
uma vez ditas, nunca mais esquecidas, mesmo após desculpas varridas,
podem melhorar o dia ou partir corações feridos, não importa, está dito.
Flutuem palavras, em cartas, em livros cheios de graça, em poesia barata,
façam pousos amáveis, livrem as mentes das traças, moderadas em línguas afiadas,
palavras são como ventos, até mesmo que não as diga, no silêncio é sentida.
Poesia por J.G.B
VOZ
Ninguém jamais
regeu tão extra-
(pois sem rivais)
vagante orquestra
como a que destra-
vando os umbrais
com chave-mestra
— cordas vocais —
propõe que além da
canção, com elas,
a mente aprenda
(mais do que vê-las
sem qualquer venda)
a ouvir estrelas.
Embora seja tão
minúscula, está viva
a gata que se esquiva
enquanto minha mão,
com mais de um arranhão,
conclui a tentativa
inútil e, à deriva,
afaga o nada em vão.
Fruindo em paz de sete
vidas, no entanto, a gata
faz sua toilette
e assim não se constata
que esconde um canivete
suíço em cada pata.
Enquanto após o rush,
na happy hour, o stress
das horas de brain storming
dissolve-se on the rocks,
estende-se, através
das fendas da camada
de ozônio, a contra-céu,
um arco-íris negro.
Não que me agrade
gaiola ou grade —
pelo contrário.
Não que me agrade
lá dentro um ar de
rosas: meu páreo
não é bem este e,
como da peste,
corro por fora,
enquanto a esfinge
feroz nem finge
que devora.
Porém sucede
que, sem parede,
nada me ecoa,
nem a arbitrária
páatria que, pária,
procuro à toa.
SER E NÃO SER
Este ser e não ser que vive em mim
Inacessível ao meu pensamento,
No divagar meu mundo interior
Subsistindo em mim independente.
Negando-me os meus conhecimentos
Diluídos no espaço e no tempo
E o pouco que consigo recolher
Vem brotando dos meus entendimentos.
Escapando à forma do absoluto
Povoando o vácuo de minha visão,
Daquela incerteza de que estou certo.
Potência regendo este dinamismo
Do efeito que produz toda esta causa,
Do ser que acorda em mim quando adormeço.
O pássaro de barro da saudade
Revoando no aro dos meus olhos
Repousou nos meus dedos de silêncio
Partindo para as terras ignotas.
Divaguei nos roteiros do amanhã
(Quilhas cortando o ventre do espaço
Rasparam os recifes das quimeras
Encalhando nas rochas das lembranças).
E aquela argila diluída em sombras
Incensando o meu templo de memórias
Nas alvoradas dos meus sofrimentos.
Na grande solidão do inatingível
Ancorei o coração num mar de lágrimas
E adormeci num inferno entre dois céus.
No território indígena,
O silêncio é sabedoria milenar,
Aprendemos com os mais velhos
A ouvir, mais que falar.
No silêncio da minha flecha,
Resisti, não fui vencido,
Fiz do silêncio a minha arma
Pra lutar contra o inimigo.
Silenciar é preciso,
Para ouvir com o coração,
A voz da natureza,
O choro do nosso chão,
O canto da mãe d’água
Que na dança com o vento,
Pede que a respeite,
Pois é fonte de sustento.
É preciso silenciar,
Para pensar na solução,
De frear o homem branco,
Defendendo nosso lar,
Fonte de vida e beleza,
Para nós, para a nação!
Minha casa era feita de palha,
Simples, na aldeia cresci
Na lembrança que trago agora,
De um lugar que eu nunca esqueci.
Meu canto era bem diferente,
Cantava na língua Tupi,
Hoje, meu canto guerreiro,
Se une aos Kambeba, aos Tembé, aos Guarani.
Hoje, no mundo em que vivo,
Minha selva, em pedra se tornou,
Não tenho a calma de outrora,
Minha rotina também já mudou.
Em convívio com a sociedade,
Minha cara de “índia” não se transformou,
Posso ser quem tu és,
Sem perder a essência que sou,
Mantenho meu ser indígena,
Na minha Identidade,
Falando da importância do meu povo,
Mesmo vivendo na cidade.
A arma de fogo superou minha flecha,
Minha nudez se tornou escandalização,
Minha língua foi mantida no anonimato,
Mudaram minha vida, destruíram o meu chão.
Antes todos viviam unidos,
Hoje, se vive separado.
Antes se fazia o Ajuri,
Hoje, é cada um para o seu lado.
Antes a terra era nossa casa,
Hoje, se vive oprimido.
Antes era só chegar e morar,
Hoje, nosso território está dividido.
Ouve agora o que tenho a te falar,
Não sou "índio" e venho mostrar,
A palavra certa a pronunciar,
Povo, etnia, é como deves chamar.
"Índio", eu não sou!
Sou Kambeba, sou Tembé,
Sou kokama, sou Sateré,
Resistindo na raça e na fé"
praça da saudade
na pálida luz de uma lembrança amena
no silêncio de um poema de Anisio Melo
me lembro da praça da saudade e nela
tua imagem sob o caramanchão
não há uma saudade ali inscrita
mas uma espécie de sonho, de passado
de águas de uma chuva fina
de sombras de uma festa
Quem me crê sabe o que digo:
o amor já vem perdido, pois perder-se
é o destino amante. Dele vem logo
o mote o trote o corte a espada
que o amor tem em seus dentes
pois sua loucura é o nada.
havia uma igreja no alto
de lá se descortinava
o grande mar o asfalto
por onde a estrada passava
ficava o mundo em pedaços
a praça os recomeços
as cartas de teu regresso
ficavam nas pedras os passos
a esquiva glória de amar
os pedaços de si mesmo
o meio a linha os traços
o espetáculo no espaço
a glória curta no ar
havia uma igreja no alto
e o plano do grande mar
casa abandonada
as janelas estavam assassinadas
assistiam a tudo
ao mar, às aves, à montanha
nunca mais fechadas
fecundadas de vento
arrebatadas de sol
batidas pelo firmamento
e as janelas nunca mais se fecharam
porque não havia ninguém mais lá dentro
porque os poros da casa se abriram
às verdejantes trepadeiras
que cobriram todo traço do passado
meu amor primeiro
vejo-te inteiro
neste meu ofício
de fantasiar.
mas triste é a noite
e esta senhora
que me trouxe a hora
para vida a fora
eu me lastimar.
Fugindo da Imensidão
Nestas luzes do céu,
Nebulosas estão,
Cobrindo com um véu,
Fugi apenas da solidão.
Quando te conheci vi um brilho,
Vejo que você sendo um rapaz,
Nunca pensei em atravessar esse trilho,
Mas senti que poderia ter paz.
Me assumir sem risco,
Descobri que sonhar era tão ruim,
Então me belisco,
E veja me acordei fugindo de mim.
É pedir um conselho de pai,
É esperar um cházinho quando se está doente,
É estar sozinho.
É se xingar pelo que escolheu,
É se amar pelo que conquistou.
É celebrar com os amigos,
É chorar escondido.
É aprender a ser mau,
É aprender a ser bom.
É fazer amigos,
É dizer adeus.
É cair,
É levantar.
É correr,
É desistir.
É lutar.
É tentar outra vez.
É ver uma vida se passar em um ano, dois
É se olhar no espelho e ver...que se tornou um novo ser humano.
É crescer. É viver.
Arrependimento?
Me arrependo de ter me irritado. Me arrependo de a primeira vez que ergui a voz com você eu ter destruído a nossa relação. Me arrependo de não ter consertado. Me arrependo por ainda pensar que é tarde demais.
Me arrependo por ter deixado que a vida e os problemas dela, me tornassem tão ruim a ponto de te perder.
Me arrependo por ter feito tanto pra chegar onde chegamos e por não ter feito nada para nos salvar.
Me arrependo de ter desistido.
Me arrependo de não ter me arrependido.
Passando como nuvem
sem destino,
em devaneios vagando
pelo ar
Apenas em leveza,
a vida levando,
também deixando a vida
me levar
No coração,
sentimentos, palavras, melodia,
ecos que soam
gritos alegres ou nostalgia,
mas com certeza,
compondo o que percebe
em poesia
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