Poesia Carinho Machado de Assis

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Rosas


Rosas onde sinto abraçado
Sensações da beleza
Do cheiro, da textura
Leveza da contemplação
Da imagem que fascina.

Certeza


Convicção em teus braços é meu sossego
Resta o teu toque, oxigênio do meu existir.
Abraços envolventes do teu ser
Minha certeza das sensações.

Entre o medo e o ir — a hora da despedida

É na dor vivenciada ao longo da vida que aprendemos a nos reconstruir.
Na existência, muitas vezes somos atravessados por fases tão desafiadoras que chegamos a pensar que não resistiremos. Isso acontece porque, por vezes, esquecemos que o verdadeiro intuito do existir é justamente viver, e vivenciar a travessia e seus processos.

Nos últimos dias, experimentei uma das fases mais desafiadoras deste tempo: a despedida da minha matriarca, sobretudo pela incumbência que me foi atribuída, a de instruí-la no caminho de volta para casa, ensinando-a a livrar-se da bagagem do medo de seguir.

Foram dias tão complexos que confesso: até me esqueci de que outrora o fiz com maestria, quando o desígnio era menor e não requeria tanto sentimento envolvido. No entanto, estar vestida da própria pele — sendo eu agora a filha, e ela, a mãe — quase me fez trepidar. Quero dizer: cheguei a desejar sair da roda e transferir tanto o papel quanto a responsabilidade a outrem.

Porém, aquele momento que parecia interminável fundiu-se de mãos dadas ao crepúsculo, hora tão reverenciada por aquela mulher aguerrida durante os cultos realizados diariamente, desde que encontrou seu maior refúgio: a consciência do existir.

Finalizada a travessia dela, sentei-me na pedra posicionada aqui dentro de mim, à esquerda do peito, e chorei. Não pela sensação de dever cumprido, mas pela saudade imensa das lembranças de tudo o que vivemos — impressas em mim desde que este meu mundo é mundo.

A vida é essa efeméride que habita o tempo: frágil, breve, mas intensa o suficiente para nos atravessar.
É uma matéria que se molda às estações que cada um vive: ora floresce, ora cai em silêncio, ora amadurece para depois se desfazer no vento.

O que hoje é lembrança, ontem foi presença — carne, gesto, instante que respirava conosco.
E o que amanhã será apenas um vulto, talvez não passe de um eco dos sentimentos que deixamos escorrer pelos dedos, ressentidos por não termos aproveitado as oportunidades presentes que a existência, generosa e impermanente, nos ofereceu.

A vida é assim:
um convite que se renova,
um aviso que sussurra,
um tempo que não volta,
mas que insiste em ensinar.
Ensinar a amar.
Amar com profundidade.

—“De volta para minha casa.”

Eu me afoguei

Eu me afoguei
Por amar intensamente
Nos atos e formas de conduzir o navegar desse (a)mar
Maresias das promessas e beijos
Cai nas águas das tuas ilusões.

Kaike Machado

Audácia
É preciso inovar
Ser audacioso para escrever
Escrever é um contaste aprendizado
Ha sempre mudanças.

Fuga do teu corpo


O fascínio único
Gestos atirados
Demasiado das ternas palavras
Envolvente do teu corpo
Quando fico sem teu toque
Falta o fogo, o pulsar da nossa conexão.

⁠Maturidade

Tanto para aprender
Ações e reações
Tudo foi de um caos
Uma intensidade
Que queima, arde, incendeia
Em busca de calmaria.

⁠Momentos da infinitude

Sensações dos detalhes
Momentos inesquecíveis
São traços do nosso conectar
Ato do pulsar
Envolver de beijos ardentes
Delicadeza do toque
Navegar infinito
Infinitude das aventuras.

⁠Angústia de existir

Apatia notória
Gotas de lágrimas ocultas
Existência vazia
Essa falta de sentido
Caótica Modernidade líquida que nos contaminar
Se não estiver em conexão com os resquícios da alma.

⁠Overdose

Onde vi estações
Repletas dias onipresentes
Quis mergulhar em doses vitais
Sedento de energia
Exagerei em viver mudança de outono para primavera.

Caos

Contaminado lugar
Aspera atmosfera
Obscuro detritos
São artifícios da Perversidade
Caótica.

⁠Cansado da sabedoria

Cansei da aptidão do saber
Quero navegar na simplicidade
Abraçar dizeres onde sinto o conforto
As vezes a simplicidade é o essencial
Basta envolvimento delicado
Desse refazer intenso e amplo.

⁠Solidão intensidade da solicitude

Simplicidade do ser
Liberdade inabalável
Dádiva conecta com a alma
Singularidades das palavras
Intensidade dos versos
Caos do sentir
Voracidade das sensações.

⁠Arte de sonhar

Amplitude de reinventar
O Existir
De energia sonhadora
Onde busca sentido para a vida.

⁠Substância da alma

Singularidade
Única vía de buscar significado interno
Busca navegar na intensidade das sensações
Abraça a amplitude de ser impulsivo no sonhar.

⁠Escrever é um vício
Um droga de desgustações verdadeiras e inventadas
Consome como refúgio do mundo das sensações inúteis
Alimenta a esperança, uma luz no final do abismo
Escrever para ignorar o caos da modernidade.

⁠Rosa Branca

Resplandecer da luz
Onde a singularidade abraça
Benevolencia do tempo
Resignificação acompanhado não necessários
Dádiva do esperar o momento de brotar.

No silêncio deste lugar


Navego no horizonte
Silêncio intenso
Leveza do caminhar
Norte dos passos
Procuro sair desta devastação
Da tua ausência
Dos sentidos que deixaste.

A travessia — o corte do cordão umbilical e o que permanece

O que esta existência — e a última — têm me ensinado é que, nos processos de cura e aprendizado, exige-se disciplina para não derramar a própria dor sobre o outro. Ainda que pareça insuportável carregá-la a sós, há um saber silencioso que se impõe: toda travessia tem um destino. E, por mais óbvio que soe quando dito de fora, tudo passa.

Há dezoito dias, retornei à casa da minha família para acompanhar um dos processos mais árduos desde que cheguei a este tempo: a despedida da minha matriarca. Foi ali que vivi, de modo definitivo, o corte do cordão umbilical — um processo iniciado há exatos quarenta e seis anos, no instante em que cheguei ao mundo e, por meio daquela mulher, me tornei criatura viva e consciente. O paradoxo se impôs com força: testemunhei o sepultamento de sua matéria enquanto algo em mim era convocado a nascer novamente.

Confesso: a dor foi tamanha que se assemelhou à picada de um marimbondo bravo — súbita, ardente, capaz de desorganizar o chão sob os pés. Naquele instante, quase vi meu mundo se partir. Como dizia minha avó, foi terrivelmente difícil reviver a despedida. A frase, outrora ensinamento, agora se fazia experiência viva, inscrita no corpo.

Doer, doeu, mas passou.
Hoje, oito dias depois daquele adeus, o que permanece é um vazio que dificilmente será preenchido. Não por escassez de tentativas ou de afetos ao redor, mas porque certas presenças são insubstituíveis. No caso dela, ninguém terá competência suficiente para ocupar o lugar que foi fundação, abrigo e origem.

Assim, aprendi que o luto não é apenas ausência: é herança. Carrega-se o vazio, sim, mas também aquilo que foi transmitido, ainda que em silêncio. E talvez amadurecer seja exatamente isso: seguir adiante sem derramar a dor sobre o outro, honrando quem partiu ao transformar a perda em consciência e a travessia em sentido.