Poesia Animo Fernando Pessoa
Postes Laranja
Avenida barulhenta
Se cala na sarjeta
Postes Laranja
Na beira da falência
Gasolina fedorenta
Poluição da grande empresa
Postes Laranja
Ignoram sua presença
Cidades isoladas
Vidas isoladas
Postes Laranja
Invadem nossa mata
Progresso é o que se diz
E escreve com um giz
Postes Laranja
Se espalham como chafariz
Está ficando estrelado
Está ficando clareado
Postes Laranja
Apagam o estrelato
Eu preciso ficar calmo
Fugir do urbano no marasmo
Postes Laranja
Me perseguem por todo lado
Postes Laranja
Postes Laranja
Postes Laranja
Postes Laranja
Por onde eu vou não tem mais vermelho
Verde, azul, amarelo
Roxo, branco, preto,
Cinza, marrom ou caramelo
Tudo o que vejo na distância
São apenas Postes Laranja
Grosseiramente Selvagelmente
Acho meio estranho
Como geralmente
As conversas mais legais
São feitas sem a mente
Sim, raciocino quando converso
Sim, memorizo & observo
Mas os papos mais divertidos
Os papos mais descontraídos
Vem da emoção
Vem do coração
Não pense que é só por paixão
Nem pense que é falta de razão
Na verdade, deve ser meio óbvio
Talvez eles enxerguem enquanto uso óculos
Mas se pensa demais
Acaba tendo medo
Medo de falar o que não devia
Medo de não falar e ficar na fria
Usar a razão leva tempo
E é tudo o que não deve fazer
Demorar, deixar passar
Gastar neurônios inutilmente
Com variáveis que mentem
Sobre sua capacidade
De não trazer felicidade
É questão de personalidade
Se tem caráter ou é um covarde
Pois não deve se mascarar
Bolar um jeito de falar
Deve se expor, se mostrar
Mostrar quem é de verdade
O você sem medos, sem ressentimentos
Se criar um outro eu
Será mais complicado, não?
É questão de instinto
Só vá e faça um novo amigo
Sem pensar se vai falhar
Se vai se enrolar
Não seja quem não é
Não se iluda, não seja a mentira
Senão o você pode virar a ilusão
Sem graça tentando, divertindo quem engana
Não chame atenção, seja a atenção
Não siga modinhas, seja a modinha
Sim, estou te pedindo pra agir naturalmente
Grosseiramente, selvagelmente
Não quer ser reconhecido
Como alguém que tem um apelido
Só desligue a cabeça
Deixa que vá
Deixe rolar
Aeronaves
Somos aeronaves.
Estamos voando.
Com nossas idéias até o céu.
O terreno tem seus limites.
Mas o céu não.
Nossos sonhos podem subir até alturas.
Podemos elevar voos gigantes ao infinito.
Podemos nos sentir livres com asas.
Também podemos nos sentir limitados em terra.
É necessário ter sabedoria no controle.
Para levantar voos e pousar bem.
Não estamos voando sozinhos.
Sempre há uma tripulação em nossa aeronave.
E outras aeronaves no espaço aéreo.
Que voam livremente e precisam saber pousar.
Soneto à maneira de Camões
Esperança e desespero de alimento
Me servem neste dia em que te espero
E já não sei se quero ou se não quero
Tão longe de razões é meu tormento.
Mas como usar amor de entendimento?
Daquilo que te peço desespero
Ainda que mo dês - pois o que eu quero
Ninguém o dá senão por um momento.
Mas como és belo, amor, de não durares,
De ser tão breve e fundo o teu engano,
E de eu te possuir sem tu te dares.
Amor perfeito dado a um ser humano:
Também morre o florir de mil pomares
E se quebram as ondas no oceano.
Verdejar de uma esperança.
A paciência de quem espera.
O realizar de uma quimera.
Quem age sempre alcança.
Ciclo sem fim (versão 2)
Vem primavera,
Mostre suas pétalas,
Como sonhos,
Deixe-os voar,
Folhas coloridas que nascem,
Como lagartas que secam,
Dando seu lugar,
Como esperança,
Tem sempre que regar,
Deixe-os voar,
É o ciclo sem fim,
Novas vidas em novas pétalas,
Novas ideias em novas formas,
Acontece a todas hora,
Nada se repete,
Tudo se completa,
É o ciclo sem fim.
Tem gente que só faz conta
e a contar não canta...
Tão pouco, se encanta.
Vive do dia a perder os créditos
e no seu findar,
a lamentar seus débitos.
Pobre alma que apenas
recorda as sementes sufocadas
em seus dias gris.
Não estar a viver
o seu grande presente,
este momento
que é o agora,
que foi embora
e sequer viu...
Do alto de uma montanha ou do alto de um edifício.
Tanto pode ser fácil como também pode ser difícil.
Não importa a condição. Apenas recomece do fim.
Nessa vida, às vezes um 'não' lhe abrirá muitos 'sim'.
Vampiros
Somos vampiros sedentos
Uma sede irracional
Uma sede imoral
Sede que esgota a alma
Sede que seca a vida
Sede que destrói tudo
Quando saciados, não sentimos sede, até que, rapidamente, sentimos sede de sede
Então, seguimos vampirizando
Sugando tudo até que não reste uma gota
De atenção
De admiração
De respeito
De tudo que queremos do outro
E com isso nos revelamos, vampiros, viciados.
Acredito que o amor exista movendo mundos mas que não se movimenta no meu. Nas histórias de princesas salvas da morte por épicos príncipes em cavalos muito ligeiros, sempre acreditei mais nos cavalos. Os cavalos são a força e a celeridade. Os cavalos são os verdadeiros heróis.
Isto que acabei de dizer não é uma conclusão — é uma mão no peito.
Olhar de Anjo
Dizem que os Anjos aparecem,
Apenas para crianças.
Elas não os reconhecem, porque
Eles sempre estão disfarçados.
São aqueles que, lhe fizeram o curativo,
Quando caiu da bicicleta.
Que ficou, acordado a noite inteira,
Quando você estava com febre.
Que levou você para passear,
Mesmo sem te conhecer,
Junto com os amiguinhos da escola.
Que te presenteou com balas, bolos, festas.
Aqueles que tiveram sempre um olhar terno.
Quando mais você precisava.
Quem disse que Deus não cuidou de você....
Só que; você só lembra de tudo isso;
Depois que cresce.
Achava, no seu mundo infantil,
Que tudo o que acontecia, lhe pertencia
Por direito.
Na verdade lhe pertencia. Mas os Anjos
Que lhes guardavam de tempos em tempos.
Eram tão especiais, que não mediam esforços
Para fazer uma criança sorrir. Mesmo,
Eles possuindo, seus próprios problemas.
Olhavam-no com olhares de Anjo.
Te formaram. E foram para o Céu dos Anjos.
E isso, se repete, em cada geração.
Mesmo que a criança, não reconheça,
Os Anjos em sua volta.
Eles estão sempre ali com seus olhares.
E sentir-se só. É quando; nos lembramos,
Daqueles Anjos, que nos cuidaram.
E não tivemos tempo de agradecer.
Marcos fereS
Iniciação
Infalível, dia após dia
mergulhas no mar das trevas
decúbito na cama esquife
entre lençóis mortalha.
O cansaço te prostra
e arrasta pelas sendas
abissais do nada.
Em parêntesis de tempo
sonhos irrompem tênues
devolvendo-te do mundo
quebra-cabeças e farelos.
Firme instala-se o hábito
da ausência e da renúncia:
vais ensaiando a morte,
última exigência do corpo,
em teu colchão de espuma
Navio-esquife
Correm as águas do rio
Corre veloz o navio
Entre as faces do vento
Entre as faces do tempo
Corremos nós.
Ao abraço de que foz
Viajam as águas
Viajamos nós?
Árvores nas margens
Céleres passam
Sob remansos de céu
Onde se apaga o sol.
Eis que longe o porto acende seu colar de luzes:
Grinalda para os mortos
Que no navio-esquife
Ante-somos todos.
Tragediazinha
Cansou-se da eterna espera
o morno amor chove-não-molha
e retirou seu cavalinho
da chuva peneirando lá fora.
Casou-se com a igreja
o fogão a máquina de costura
e recheou os frios dias
de tríduos e novenas
biscoitos bolos rendas.
Mas na calada da noite
no recato escuro
ainda embala o velho sonho
de um amor absoluto.
pôr de lua
estou naquela fase
cheia de resumo
foge-me o verso
a rima escapole-me
peço a são jorge
lave-me leve-me
love me
Sonho interrompido
É como um sonho impossível
Que está se realizando
Me sinto cada vez mais sensível
Com essa mudança de planos
Estava tudo programado
Data, hora e lugar marcado
Mas esse "serzinho", causou muitos danos.
Eu sonhei com aquele dia
Em que veria seu sorriso
Pensei até na poesia
Que eu faria de improviso
Mas um "serzinho" insensível
Microscópico e invisível
Causou um enorme prejuízo.
Preparei meu melhor abraço
Para entregar todo à você
E assim teria feito
Se fosse do meu querer
Mas as portas se fecharam
E os sorrisos se calaram
Tudo por conta desse ser.
Mas aprendemos que não importa
Se é homem ou mulher
Se é rico ou se é pobre
Ou a cor que tu tiver
Esse "serzinho" tremendo
Mostrou que mesmo pequeno sendo
Não é um "serzinho" qualquer.
Mulher menina
Menina bonita.
Menina sapeca.
De ponta cabeça
Para brincar.
Menina alegre.
Menina amiga.
Que a Vida anima,
Para cuidar.
Menina madura.
De cabeça pra baixo,
Fazendo traquinas.
Para encantar.
Menina Amiga.
Alegre menina.
Que veio para mundo.
Para Amar.
Marcos fereS
Oh morte
Sei que anda comigo
Apareça e me leva embora
Tire de mim esses dias sombrios
Mata-me as sensações de dor
Cura-me desses traumas
Afasta-me esses demônios
Leve-me ao vazio
Tire-me a consciência
E me apresente a inexistência.
Toda história tem seu texto
tem seu pretexto e pronúncia.
Tem seu remorso, seu sexto
sentido de arte e denúncia.
Graça
O meu para sempre
é provisório.
Sou viço falho de infinitos
Fagulha afogada de sonho
Ave aviltada de si.
Grito falhado,
sorte ufanada.
Mas onde sou vencida em tudo
um anjo mudo
me abençoa os nadas.
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