Poesia Amor Nao Realizado Olavo Bilac

O tédio é de certo modo o mais sublime dos sentimentos humanos. O não poder ser satisfeito por nenhuma coisa terrena nem, por assim dizer, pela terra inteira. Por isso o tédio é pouco conhecido dos homens sem importância, e pouquíssimo ou nada dos outros animais.

O casamento tal como é, é uma coisa estranha, mas apesar disso ainda não se encontrou nada melhor.

Se você nunca teve um grande sucesso, não sabe ainda o que vale. O sucesso é a pedra de toque das grandes personalidades.

Aqui não andam só os vivos - andam também os mortos. A humanidade é povoada pelos que se agitam numa existência transitória e baça, e pelos outros que se impõem como se estivessem vivos. Tudo está ligado e confundido. Sobre as casas há outra edificação, e uma trave ideal que o caruncho rói une todas as construções vulgares. Debalde todos os dias repelimos os mortos - todos os dias os mortos se misturam à nossa vida. E não nos largam..

A diferença do sucesso ou não sucesso está dentro da gente. Está na forma como nós pensamos, na forma como nós agimos.

O homem não pode de forma alguma impedir de ter pela mulher um desejo que a aborrece; a mulher não pode de forma alguma ter pelo homem uma ternura que o aborrece.

A aptidão para a felicidade não é igual em todos os homens. Ela é mais forte nos medíocres, do que nos homens superiores ou imbecis.

Quem não dispõe de reservas em si próprio, é assaltado pelo aborrecimento que o espreita e em breve o dominará.

O egoísta, embalsamando-se a si mesmo, transforma-se numa múmia, que não sente a dor, mas que não goza a alegria.

Não há duas pessoas no mundo que, por uma indiscrição diabolicamente concebida, não possam vir a tornar-se inimigos mortais.

A censura que se pratica sobre as obras alheias não determina necessariamente a produção de obras melhores.

Lastimamo-nos da nossa ignorância, mas é ela que produz quase todo o bem do mundo: não prever faz com que nos empenhemos.

Não há coisa mais fácil que vencer os outros homens, nem mais difícil que vencer-nos a nós mesmos.

No fundo, talvez o problema da pátria não passe de um problema de linguagem! Onde quer que se encontre, aonde quer que vá, o homem continua a pensar com as palavras e com a sintaxe do seu país.

Pois bem, que é que o autor coloca nos seus livros? O que ele não é e gostaria de ser, como nos sonhos. Os livros são desejos recalcados, atos falhos.

Não há coisas de que mais te devas recordar do que daquelas em que hajas errado, para nas mesmas não tornares a errar.

Às vezes acontece sentirmo-nos felizes por um minuto. Não se deixem levar pelo pânico: é uma questão de segundos e depois passa.

O direito à insurreição não pertence a ninguém, ou então é de todos. Nenhuma classe pode fazer da insurreição um monopólio.

Compreendo que um compositor alemão seja cerebral. O que não admito é a criação cerebral num latino.

O grande prazer que nos dá falarmos de nós próprios deve fazer-nos recear não darmos nenhum aos que nos ouvem.