Poesia Amor Nao Realizado Olavo Bilac
Isso é o Mundo Inteiro!
nessa lembrança meio dormente
onde deixei meu coração descansar
estranhamente firmou-se a paz
talvez seja algo que o vento trouxe
ou seu cheiro num sonho que não se desfaz
tudo vem tão rápido e tudo passa
simplesmente
suba em uma árvore e fume um paieiro
isso é o mundo inteiro
caminhamos por trilhas
andamos milhas
mas somos ilhas
não se distancie ao toque
peça, grite, soque
mas não se entoque
os maiores ausentes
estão sempre presentes
e compartilham com a gente
a poeira da serra pinta o céu
e o sol veste um vermelho véu
todo entardecer leva algo meu
em um horizonte que sempre foi seu
A natureza logo se esbalda,
quando finalmente vem a chuva,
ela que sofria pela estiagem,
veste a água como se fosseluva!
Para que seu Sonho nos Guie
Desejo que sua busca obtenha resposta,
que sua luta possua um propósito
e que seu amor alcance a paz.
Desejo que sua palavra ache a melodia
e que sua fome nunca se sacie,
para que seu sonho nos guie.
Desejo que você tenha amigos
e que a amizade renasça em cada abraço
e seja um acalento para o seu coração.
Desejo que seu dom ecoe e
que não destoe ou se perca na soberba.
Desejo que sua vitória não almeje glória
ou apenas se sobressair por vaidade.
Desejo que sua fé encontre Deus
e que Ele te reconheça
para que a esperança prevaleça.
Os Santos que Você Invoca
Eu levo comigo todos os santos que você invoca na despedida
e guardo seu adeus como um retrato em minha retina.
Com suas lições construí uma catedral de pedra e luz
e tento honrar o chão firme em que você caminhou.
Da verdade que sempre lecionou fiz um escudo e um colar
e me banhei no oceano de um amor invencível.
Eu rezo seu terço e canto sua novena.
Homenageio seus mortos e saúdo seu passado árduo,
de dias vencidos pela mais pura vontade de ser família.
Uma mãe é um castelo, uma torre, uma ponte.
É um rochedo onde o mar chora sua solidão, cansado dos dias.
É a música que o vento toca no entardecer, saudoso.
Uma mãe é a nascente límpida de um rio que não tem fim.
Tenho-a como um campo sereno na tempestade da vida,
sua lembrança é meu lar em qualquer lugar.
O Corredor
Uma sombra pede passagem
frente uma longa viagem.
É um corredor que passa voando,
com o vento se deleitando.
Como um cavalo testando os cascos,
ele carrega a liberdade nos passos.
Não procura uma verdade velada,
deseja correr e mais nada.
Há um lugar de elevada consciência
onde a glória está na vivência.
Um corredor não tem a alma cansada,
pois sua casa é a estrada.
Também não há temor em sua passada,
já que não busca a vitória na chegada.
Aprendeu sobre a jornada da vida
e que o êxito está na partida.
Asas
Morre plantado quem veio gente,
mas se esqueceu de dar um passo à frente
(talvez devesse ter nascido árvore).
Atravesse suas divisas e se confronte
diariamente
e lembre-se que só é humano realmente
quem é capaz de sonhar
e só é feliz verdadeiramente
quem está pronto para mudar.
E é preciso seguir adiante, sempre.
Para tocar o céu com a mão
basta ter asas no coração!
VIGÉSIMO SEXTO HEXÁSTICO
procuras sempre só a beleza
buscas sê-la sua semelhança
sofres assim como criança
esquecestes que o uno é duplo
tem estética de duas faces
d’um lado bela d’outro feia
ANTIALEXANDRINO
De João Batista do Lago
Inclino-me a quebrar
todas tuas santas regras
Não há coisa mais ve-
lha que tê-las presente
Todas as suas amar-
ras são paletas negras
Que prendem o pensar
livre em virtual corrente
A tua linguagem sô-
frega afasta o ser jovem
Espírito sui ge-
neris... indiferente…
Avesso do teu ver-
so tão insignificante
Que nada faz sentir…
pois é tudo desordem
Deixa-me aqui liberto trovador vetusto
Toma teu veludoso fardão nobre bardo
Mortalha ele será para tua pobre lira
Não me queiras tu indicar novos caminhos
Seguirei os meus com os meus pergaminhos
As pedras do meu caminho eu mesmo as tirarei
Coisas Urgentes
Hoje, novamente, terei que resolver coisas urgentes.
Aliás, ao que parece, é só o que tenho feito ultimamente:
resolvido coisas urgentes.
E, na pressa, tudo mais ficou indiferente.
Ontem, hoje e amanhã...
dias tomados de desespero,
mal abro os olhos de manhã
e já espero meu enterro.
Na minha agenda, com tanta coisa importante,
esqueci de anotar sobre felicidade e amizade.
E, na vida, nada é mais urgente!
Sobra tempo pra nada e tudo é saudade.
Ficam na boca e no coração um amargor:
eu nem me lembro o que é amor.
Porém, o que eu posso fazer?
Tenho coisas urgentes pra resolver.
Arrogância
Achava-se maior, mais bonito e inteligente,
mas era só inconveniente.
Relinchava como um asno
e a todos deixava pasmo.
Dava coices a toda distância,
com estupidez em abundância.
Em seu nome definiu-se a arrogância:
um triste reflexo da ignorância.
A Morte
Estive em um funeral ontem e ouvi repetidas vezes sobre a tristeza da morte, mas como podemos ver a morte com tamanho sofrimento? Tudo tem que ter um fim e esse é o combustível que mantém a engrenagem do mundo ativa. É isso que nos faz acordar e batalhar a vida. Ganhamos um grande presente e nada nos foi exigido. Cada um está livre para fazer o que achar melhor e se transformar no que quiser ser. Somos livres. A morte é somente um “até logo” e logo vamos nos reencontrar na próxima festa. A morte é o momento em que as cortinas se fecham e o público fica ali paralisado, pensando sobre a incrível experiência que foi presenciada. É a angústia que se sente antes de se constatar o milagre. Não se deveria sentir dor ao se brindar uma grande existência, uma vida de glória e a glória da vida. Só há dor e decepção nas histórias insignificantes, daqueles que nada fizeram; que não se apaixonaram; que não correram perigo; que não se doaram; que não erraram e tentaram novamente; que não se machucaram e arriscaram outra vez; que acalentaram uma mágoa como um filho bastardo em vez de abraçar o perdão. Ora, o que você espera de uma criança quando lhe dá um brinquedo? Apenas que ela se divirta e seja feliz. É isso, simplesmente!
Insônia
O negror é frio e pesado
como um cobertor molhado.
O silêncio está mais calado,
como um retrato apagado.
E eu aqui acordado...
Não passa carro,
não canta um pássaro.
Os minutos adormeceram
e as horas se esqueceram
que estou aqui acordado.
Uma solidão tenebrosa.
Uma paz nervosa.
Alguém falou nada,
nem uma alma acordada:
ninguém me ouve?!
O que houve?
Quero embarcar na viagem,
mas não há mais passagem.
Há paredes, teto e ansiedade,
mais o terror da saudade,
um travesseiro apenas,
eu e meus poemas.
O Poeta
Caminho pelas ruas
em noites silenciosas:
insone!
Bebo da lua e circulo as luzes
para brincar com as mariposas
que não têm nome.
Me sento na calçada e observo
- um bêbado –
a embriaguês do mundo.
Com toda a dor e amor,
vejo poesia em tudo.
Abro o peito e me reviro,
batizo cada estrela sem cair do telhado:
estou sempre apaixonado.
Mundo Doente
Para Ryan e todos os refugiados mortos pelo descaso
Se era noite ou se era dia, você nem se lembra.
Talvez tudo fosse apenas uma brincadeira
para uma criança inocente
em um mundo doente.
Mas você nem se lembra...
Seu sono matou um sonho.
Não restaram manha nem manhã,
nem lágrimas a viajar no mar:
o terror se leva no olhar.
Carregar toda a culpa é pouco
pelo pouco que se faz,
já que vida e morte não tem diferença
neste mundo doente.
Todos devem um bocado
pelo trocado que não se dá.
Morrem soldados, inocentes, eu, você,
todo dia, assim como cada refugiado,
que não teve isso planejado.
Vivo ou afogado,
pouco importa, todo amor foi sepultado.
Aleppo
Havia uma cidade
E uma população
Padarias, doces e cores
Flores e odores
Famílias vendo televisão
Havia felicidade
Havia uma cidade
Havia um país
Casas, crianças e cães
Mas o ódio fincou raiz
Choram todas as mães
Pelo que restou da humanidade
Já não há cidade
Nem casas nem nada
Fez-se a destruição e o caos
Levando vidas pela metade
Já não há amor nem nada
Só ganância sem piedade
É preciso
É preciso aparar os galhos para fortalecer a raiz
É preciso simplicidade para ser feliz
Só não cabe ficar calado
E, por medo, morrer parado
A Despedida
seus olhos cortavam como uma espada
da sua boca nascia uma tormenta
me aquietei
como um velho na escuridão
era um barulho incompreensível
um zumbido de elefante
uma voz aturdida
talvez demente
a despedida
dor latente
ainda ouço cada gota
que pingou de sua boca
a descarga do vizinho
era noite
madrugada
em sua vida
sou mais nada
MÃE DE TODAS AS HORAS
Mãe é luz que vela o filho adormecido,
Ultrapassando as veredas da vida noturna,
Para acalentar e cuidar do filho dolorido.
E com as mãos piedosas de amor nos contorna.
Mãe, do teu ventre veio a humanidade,
Renovando a geração dos teus filhos.
Na força maternal revela a posteridade,
E se desprende para seguir novos caminhos.
Mãe provém da natureza divina,
Em ti está o fulgor do amor que nos ilumina,
Por isso Deus a fez para guiar nossa alma.
Mãe age como anjo nas horas que faltou a calma.
No seio da terra é chama do amor profundo
Mãe há! São numerosas no mundo:
Mãe Aparecida, Mãe Maria, Mãe Izabel e Mãe Raquel,
Pois são todas mães, assumindo o sublime papel.
Mãe! É mãe de todas as horas, que vai e vem.
Ela, sempre confia na força que vem do além.
Mas, mesmo passando pelas vias dolorosas,
Orienta-nos com fé nos dias de noites chuvosas.
Mãe, que a tua bênção maternal
Interceda-nos nesta vida existencial.
Peço-te ó Mãe querida a vossa proteção
Neste vale de sombra que tenta apagar o teu clarão.
VIGÉSIMO OITAVO HEXÁSTICO
“conhece-te a ti mesmo” é nada
é puro pensamento inútil
é motor sem qualquer potência
todo “eu” é o todo desconhecido
a primeira e única essência
é tempo… é espaço… do “eu” nascido
VIGÉSIMO NONO HEXÁSTICO
filho da grande mamãe Gaia
d’África de Nana Buluka
n’América índio fui criado
pela Deusa Saia de Serpente
do ventre de todas gerado
tod’essa é minha teogonia
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