Poesia Amor Nao Realizado Olavo Bilac
QUINTO EXÁSTICO
não revela à toa o teu segredo
guarda-o no baú da tua razão
melhor não saberem dos medos
assim não te imporão degredos
falsos demônios anjos são
todos parados nos umbrais
OITAVO HEXÁSTICO
poetas líquidos não enformam
voláteis são vãs plantações
semeadas em campos estéreis
espigas de milhos sem grãos
debulhadas não dar para o pão
não mata a fome de inférteis
DÉCIMO TERCEIRO HEXÁSTICO
não bastais com incompetência
até quando há de sangrar
a miserável paciência
manada rum’ao precipício
metadestino imanente
glória do rei concupiscente
DÉCIMO QUINTO HEXÁSTICO
canalhas de plantão venceram!?
‒ virtude e ética não se fazem dos seus atos ‒
dignidade só restará
quando só consciência plena
no horizonte fixar a pena
de toda liberdade eterna
A PORTA
Não importa se a porta muitas vezes se fecha,
Se ninguém consegue ouvir o teu grito,
Se o não é um irmão que não te deixa,
Se às vezes você não decifra o que está escrito!
Não te detenha olhando pra porta fechada,
Nem queira saber o que foi que te excluiu,
Olhar com raiva e pesar por uma oportunidade não alcançada,
Não vai te permitir enxergar a outra porta que se abriu!
E quando a porta ligeiramente se abrir,
Não tenha receio de entrar por ela,
E se a chance não te agradar e a porta não te permitir sair,
Não tenha medo de pular a janela!
Não indagues à oportunidade que está na tua frente,
Porque a chave da porta também enferruja,
Tão somente abra a porta para que entre,
Feche-a e não deixe que ela fuja!
Roduvaldo Brito em 08.04.2019
QUANDO A GENTE AMA
Quando a gente ama,
Não adianta querer fingir,
O coração não se engana,
Fica apertado querendo explodir!
Qualquer segundo longe,
Não esconde a falta que faz,
A saudade é tão grande,
Que ficar sem você é demais!
Quando a gente ama, a razão questiona,
É impossível querer se explicar,
A força de vontade infecciona,
Não existe remédio que consiga tratar.
Quando a gente ama, todo tempo é nada,
Qualquer minuto perto nunca é o bastante,
Não existe graça sem a pessoa amada,
O vazio do silêncio é sempre constante!
Quando a gente ama,
Não tem receio em se declarar,
Se o coração reclama...
Não há sentir, que se possa omitir, que se consiga evitar!
Rodivaldo Brito em 13.04.2019
NO POÇO SEM FUNDO
Porque continuas a errar,
O fundo do poço ainda é raso?
Não vê que não podes cavar,
Que não dá pra seguir nesse passo?
Não sabes que lá fora há gente amiga,
Jogando uma corda pra te alcançar?
Acorda e volta pra vida,
A tua ferida vai cicatrizar.
Porque te isolas nesse buraco,
Perdendo o contato com o mundo?
A solidão te fará mais fraco,
Te aprisionando nesse poço sem fundo!
Tu dizes que a vida não vale um segundo,
Que o poço é o fim de quem sempre foi réu.
Mas o fim é quando chegamos no fundo,
E não desejamos olhar para o céu!
Rodivaldo Brito em 09.04.2019
Não me arrependo!
Não me arrependo de viver aquele momento
Me arrepender é o ato de viver sem você
Assim como a outrora da vida
Me arrepender é estar sem saída
Me mostre porque me arrependi
Faça-me voltar a viver ali
Nos altos e baixos da vida
Irei me arrepender nos fracassos da linha
Sentimento perdido,amargo e sofrido
Arrepender é voltar atrás e morrer
DO PARAPEITO VITAL
Não sou aquilo que vês...
A couraça que percebes
é o excesso de fragilidade,
que move ou tortura.
Dentro da concha cerrada,
a porta em ferrolhos,
permito frestas que me alimentam.
E o alimento caminha filtrado
no suporte do meu parapeito.
Nele contemplo
o complexo do ser
em solidão e unidade.
Contemplo a comunhão
da beleza e ironia,
da grandeza e mediocridade,
dos rumos e destinos vãos,
do irreversível óbvio pó
e o tão divinal inevitável está
em simplesmente ser.
Em entendimento e devolução
converto o que vejo
em palavras que registro.
Em minha suposta apatia,
passam as coisas, os homens,
os fatos, e deixam cargas e marcas
e a sensação, de ser tudo
simples e infinito.
Não há nada que me exclua
ou me distancie da engrenagem.
Sou partícula num todo
de massa, cinza, éter.
Mesmo deste parapeito inescrutável
(dirás?) e vital feito placenta,
habito um universo em que sou parte
e magicamente sou todo.
VACILO
Não invento mais
nem face, nem volta
nem futuro algum
Estou dentro da roda
viva
remoendo
temas surrados
repetindo
palavras legadas
revendo
gestos vários
vivos
entranhados
e perdidos
na minha própria
invenção de viver
Escolha sempre o silêncio.
Não faça das redes sociais, muro de lamentações.
Dispense a plateia, problemas não precisam de palco.
Fugiu
algo me ocorreu
e depois correu
lutei
busquei
realmente procurei
mas não encontrei
novamente tentei
me revirei
até que me atinei
o pensamento fugiu
simplesmente partiu
e nunca irá voltar
estará por aí a voar
não aceitou a caneta
não se deixou domar
A Minha Alma I
A minha alma tenta se encaixar,
mas não reconhece o seu lugar.
A meu ver, não pretende ficar.
É que ela se fere ao flertar
com a vida
em uma conversa despretensiosa
ou assistindo a bela mulher que passa ansiosa
ou em qualquer despedida.
A minha alma não se acalma!
Minha alma é assim:
ela voa como um abutre
em círculos sobre mim,
olhos atentos espreitando a morte
e desejando a sorte
de ser livre, enfim.
O meu corpo não tem alma,
é minha alma que tem um corpo.
E, não fosse por ele,
estaria por aí, agora calma,
sentada em um galho torto
de uma grande árvore, sob um céu dormente.
Quem sabe?
Talvez tivesse se tornado outra lua
ou aberto uma rua
entre nós, entre todos. Em um segundo
ela teria achado um corpo que lhe cabe,
do tamanho do mundo.
É que minha alma não se acalma,
anseia o combate,
quer se lavar na lama
de Marte.
Minha alma é como um soneto
pulsante.
Intriga como um lugar incerto
e distante.
Instiga como o suave gemido
da amante.
A Árvore
Era só uma árvore no meio de um pasto,
mas era tanta beleza
que eu não pude ignorar.
Parei. E fiquei ali por alguns minutos,
observando-a como a um aquário.
Era só uma árvore no meio de um pasto,
que vi de uma curva da estrada,
mas era tanta beleza
que não parecia real: talvez uma pintura
surrealista ou expressionista.
Seus braços abertos saudando o vento
e se embebedando de toda a luz.
Tão forte e paciente.
Era só uma árvore solitária,
mas era tanta beleza!
A Minha Alma II
Minha alma não quer sossegar:
vive alheia e sem lugar.
É como se tivesse acordado
em um hotel medonho;
é como se tivesse vivido
no limbo ou escuro sonho.
A minha alma não se acalma!
Ela deveria ter baixado em um distante planeta
ou em um cometa,
mas a este corpo ficou presa.
E este corpo virou presa!
Minha alma não é um castelo
ou um forte, é o oposto:
é a bala do canhão que destrói a muralha,
a torre e mata.
Minha alma sangra em cascata
e nenhuma paz cultiva, insensata.
Grita como a tempestade
que a proa do navio invade
e que só não o afunda por piedade.
Vagueia a céu aberto
como um nômade no deserto
fugindo da verdade.
Minha alma carrega a dor de uma infantaria.
E a mim cabe sufocá-la no ser
e ser,
com angustiosa calma,
o carcereiro de minh’alma.
Músicas para Amar
nada é pior do que sentir tudo
e não conseguir oferecer tanto
eu realmente amo você
queria dizer, mas são só palavras
me perdoe pelo atraso
me perdoe pela pressa
te viver é o que me interessa
não sei decifrar sonhos ou signos
nem traduzir o que suam seus poros
só te mostrarei o meu céu de meteoros
fundamos um país para coabitar
sem um hino para idolatrar
somente músicas para amar
e em toda estrofe achamos um lar
em toda garrafa inauguramos um bar
em toda amizade queremos estar
e só para você eu vou sangrar
meus versos
o vinho, a carne, o alho, as flores
o vento curioso nos visitando
a grama do quintal se acumulando
nos tapetes e nas quinas
a luz do sol nas cortinas
a mesa que eu tanto queria
e minha semana vazia
depois de domingo
QUEM É O POETA
O poeta não é só as palavra
Que escreve;
Não é só os versos
Que completa ...
O poeta é a emoção que
Que doe no peito,
É o grito que ficou preso na garganta;
É a lágrima que mareja dos olhos;
É o medo do futuro
E a esperança de dias melhores.
O poeta é tudo que escreve;
O poeta não é todo mundo...
Mas diz o que todo mundo
Queria dizer...
VIGÉSIMO SÉTIMO HEXÁSTICO
esse aprisionado sujeito
diz sempre o que não está dito
não sabe do uno se é bendito
ou talvez nem mesmo maldito
perdido no todo universo
junta cacos do ser diverso
Se eu tivesse acertado tudo numa única vez, e entendido tudo de uma só maneira, talvez hoje eu não soubesse que o beijo e a framboesa não tinham nada haver com a realidade do tocar das bocas e o enrolar das línguas, que por acaso, não precisam ser tão ligeiras.
Diário de um Vegetal
Já faz tempo em que não vejo
Alguém ajudando uma pessoa qualquer
Já faz tempo em que eu desejo
Alguém rico de felicidade, gentileza, fé.
Será que tenho tanta razão
De que na próxima breve geração
Não veremos mais bondade
Apenas uma pessoa fazendo maldade?
Deixaria isso acontecer?
Deixara alguém sofrer?
Será que que um dia será certo
Ver alguém chorar, ignorar e ficar quieto?
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.
Entrar no canal do Whatsapp