Poemas Nordestinos
e sempre fora como a imensidão do mar,
porém, os dias castigam tanto,
que daqui a pouco virá Ser(tão), seco e árido.
Adeus meu chão.
Eu tinha uma vaca leiteira
do meu boi sinto saudade
a minha égua galopeira
vendi por necessidade
quando passei na porteira
a saudade foi inteira
e o coração pela metade.
Vida de mato.
Tem rio por entre a mata
tem galope no alazão
a colheita é sempre grata
com as delícias no fogão
não quero ouro nem prata
basta essa vida pacata
que tenho no meu sertão.
Sem luxo.
É pela enxada que puxo
respeito e consideração
eu não preciso de luxo
de carro nem de mansão
basta a terra que repuxo
ter a comida no bucho
e muita paz no coração.
Meu roçado.
Desde a minha partida
não tiro leite de gado
não vejo a terra sofrida
não planto no meu roçado
se a chuva for permitida
o sonho da minha vida
É ter de volta o passado.
Galho seco.
A coisa está séria
não tem um atalho
sem água a matéria
resseca no galho
tem muita miséria
pra pouco trabalho.
Natureza.
Na cidade tem escassez
fartura aqui nunca faltou
você pensa no fim do mês
eu no que a gente plantou
fica com o que o homem fez
que eu prefiro o que Deus criou.
A CAATINGA AMANHECEU EM FLOR
Você falou que iria voltar, para mim.
Você saiu e levou o sol.
Você guardou as estrelas, para se lembrar.
Quando eu fui tua mulher
Aqui nunca mais há luz
Aqui nunca mais foi dia
Ninguém veio terminar
O que na noite enfureceu
Você sumiu
E, a lua foi visitar o sol.
E deste amor veio o arrepio
Você me amou na cama
no nosso altar
E levou a menina, que vivia em mim.
Você brincou com meu coração
Me aprisionou na sua história
Cansada de esperar:
Morri para mim.
E de tanto chorar dissolvi em lágrimas o meu sofrer
Umedeci rio, alimentei a dor.
Transformei a caatinga em flor
Matei a sede
Da minha alma
E, a caatinga amanheceu em flor.
Meu mar invadiu o sertão
Deu cheia no rio
Meu mar invadiu o sertão
Umedeci rio, extravasei a dor.
Transformei a caatinga em flor
Lugar onde a felicidade se esconde
Lugar onde o que você procura
Há de encontrar
Lugar que antes um cerrado
Numa cidade viera se transformar
Lugar de gente bonita e cultura invicta
Lugar de mineiro do queijo e
Gaúcho do chimarrão...
Tu és Chapada Gaúcha...
Cidade no meio do sertão.
CADÊ VOCÊ.
Te esperei na primavera
prá regar minha plantação
já se foi outra quimera
não ouvi um só trovão
e a chuva quem me dera
dê um banho nessa fera
que maltrata o meu sertão.
Retrato de uma flor
Tão delicada era, que muitos julgavam ser feita de porcelana. Finos traços faziam dela única. Exoticamente bela simples era ela. Parecia pintada a mão, feita por um hábil artesão. Se dela fosse tirada uma fotografia, muitos diriam que aquela pequena rosa, era frágil, e só podia ter brotado na mais bem cuidada estufa. Mas só bastava, que o fotógrafo desse uns passos para traz, e capturasse o cenário no qual crescera a ternura. E todos se espantariam. Como é possível tão bela flor no sertão?
verde da cor.
Arde no peito essa chama
por este sol abrasador
do sertanejo que clama
a Jesus nosso Senhor
que bote fim nesse drama
e mande o verde da grama
que sossega a nossa dor.
sertanejo.
Que um dia Deus permita
que a chuva reapareça
que a terra fique bonita
que o verde dela floresça
e que essa dor infinita
que o sertanejo acredita
que ela enfim desapareça.
Meu chão!
É com a enxada que puxo
a semente pra esse chão
não trabalho pra ter luxo
basta o dinheiro do pão
tenho a terra que repuxo
boto a comida no bucho
e agradeço ao meu sertão.
Fé em Deus.
Hoje amanheceu chovendo
Aqui na minha cidade
Agradeço ao meu Senhor
Tamanha felicidade
Se você pedir e crer
Ele vai te atender
Vai cair chuva a vontade
Eu creio que o nosso Deus
Ouve as nossas orações
Nesses dias eu vou ver
Os relâmpagos e trovões
Obrigada Senhor Deus
Que não esquece os seus
E ouve nossas petições.
"Serra seca,
Serra molhada,
Serra avistada, pelo coração do cangaço.
Serra trabalhada, no suor do mormaço.
Serra inquieta, com suas terras pulsantes.
Aguardando a chegada da água da vida.
Oh serra querida, calmamente espera.
Seu ciclo de vida!" - Adriana Assali
💜💙💜
No sítio!
Viver aqui é bom demais
sem sujeira nem entulho
bem pertinho dos animais
é coisa que eu me orgulho
quase tudo aqui se faz
e a vida segue em paz
sem fuxico e sem barulho.
Cadê a chuva?
São Pedro meu companheiro
não esqueça o nosso lugar
o vento só vem rasteiro
numa quentura de lascar
abra logo esse chuveiro
que o pobre desse vaqueiro
só come se alguém plantar.
Falta!
A família brasileira
cada vez mais esquecida
sem nada na prateleira
não encontro uma saída
não tem água na torneira
no prato sobra poeira
e na mesa falta comida!