Poemas inteligentes

Mas isso era tanto viver que as horas decorriam felizes e distantes como se já estivessem marcadas pela saudade.

Clarice Lispector
O lustre. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.
Inserida por desceles

Trabalhar com nobreza, esperar com sinceridade, enternecer-se com o homem – esta é a verdadeira filosofia.

Inserida por LEandRO_ALissON

⁠Quando não estou escrevendo, eu simplesmente não sei como se escreve. E se não soasse infantil e falsa a pergunta das mais sinceras, eu escolheria um amigo escritor e lhe perguntaria: como é que se escreve?

Clarice Lispector
Todas as crônicas. Rio de Janeiro: Rocco, 2018.

Nota: Trecho da crônica Como é que se escreve?

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Inserida por pensador

⁠Ainda não me habituei a que me chamem de escritora. Porque, fora das horas em que escrevo, não sei absolutamente escrever.

Clarice Lispector
Todas as crônicas. Rio de Janeiro: Rocco, 2018.

Nota: Trecho da crônica Como é que se escreve?

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Inserida por pensador

Aceitara a incerteza, e lidava com os componentes da incerteza com uma concentração de quem examina através das lentes de um microscópio.

Clarice Lispector
A legião estrangeira. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
Inserida por jaqueabreu_4_1066360

E quando a festa ia se aproximando, como explicar a agitação íntima que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. (...) Naquele carnaval, pois, pela primeira vez na vida eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma.

Clarice Lispector
Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Nota: Trechos do conto Restos do Carnaval.

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Inserida por jaqueabreu_4_1066360

Havia a esperançosa ameaça do pecado, eu me ocupava com medo em esperar; sem falar que estava permanentemente ocupada em querer e não querer ser o que eu era, não me decidia por qual de mim, toda eu é que não podia; ter nascido era cheio de erros a corrigir. (...) Tomava intuitivo cuidado com o que eu era, já que eu não sabia o que era, e com vaidade cultivava a integridade da ignorância.

Clarice Lispector
Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Nota: Trechos do conto Os desastres de Sofia.

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Inserida por jaqueabreu_4_1066360

Que a sua própria chave não estava com ele, a isso ainda menino habituou-se a saber, e dava piscadelas que, ao franzirem o nariz, deslocavam os óculos. E que a chave não estava com ninguém, isso ele foi aos poucos adivinhando sem nenhuma desilusão, sua tranquila miopia exigindo lentes cada vez mais fortes.
Por estranho que parecesse, foi exatamente por intermédio desse estado de permanente incerteza e por intermédio da prematura aceitação de que a chave não está com ninguém – foi através disso tudo que ele foi crescendo normalmente, e vivendo em serena curiosidade.

Clarice Lispector
Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Nota: Trecho do conto Miopia progressiva.

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Inserida por jaqueabreu_4_1066360

O tempo não existe. O que chamamos de tempo é o movimento de evolução das coisas, mas o tempo em si não existe. Ou existe imutável e nele nos transladamos. O tempo passa depressa demais e a vida é tão curta. Então – para que eu não seja engolido pela voracidade das horas e pelas novidades que fazem o tempo passar depressa – eu cultivo um certo tédio. Degusto assim cada detestável minuto. E cultivo também o vazio silêncio da eternidade da espécie. Quero viver muitos minutos num só minuto. Quero me multiplicar para poder abranger até áreas desérticas que dão a ideia de imobilidade eterna. Na eternidade não existe o tempo.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.
Inserida por RaphaelaB

Ah viver é tão desconfortável. Tudo aperta: o corpo exige, o espírito não para, viver parece ter sono e não poder dormir – viver é incômodo. Não se pode andar nu nem de corpo nem de espírito.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
Inserida por viviane_1

Ângela é ainda um casulo fechado, como se eu ainda não tivesse nascido, enquanto eu não abrir em metamorfose, Ângela será minha. Quando eu tiver forças de ficar sozinho e mudo – então soltarei para sempre a borboleta do casulo.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.
Inserida por Missbelle

⁠Ali fizera curso brilhante e mais brilhante concurso em concorrência com a fina flor da inteligência e cultura de vários Estados, tirando o primeiro lugar, recusando alta colocação no Rio de Janeiro, afirmando que estudara e fizera aquela prova não só para brilhar e sim para servir Goiás, sua terra, e que voltaria.

Cora Coralina
Contas de dividir e trinta e seis bolos. São Paulo: Global, 2021.
Inserida por NandSaboya

Os justos sofrem enquanto os injustos prosperam. Tentando alcançar o bem nessa desordem, fui injusto e acabei punido. Assim, parece que só para mim, a justiça existe

Inserida por davisalvesphd

Até mesmo extirpar os próprios defeitos pode ser um risco — jamais se sabe qual deles sustenta, em silêncio, toda a estrutura do nosso ser.

Inserida por Silent

⁠"Você faz o que quiser, mas a consequência é obrigatória. Você é livre, mas não pode produzir a consequência diretamente dentro da sua liberdade."

Inserida por JaneSilvva

⁠Vê como este anel acenta neste dedo, assim como o meu coração cabe dentro do peito. Usa os dois, porque ambos são teus, e se for lícito a este teu pobre e dedicado servo implorar um favor à tua graciosa mão, para todo o sempre assim confirmarias a sua felicidade.

William Shakespeare
Ricardo III (1597).
Inserida por dorgival_andrade

Os suicidas muitas vezes se matam porque têm medo de morrer. Não suportam a tensão crescente da vida e da espera do pior – e se matam para se verem livres da ameaça.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.
Inserida por Missbelle

Hoje defendo uma coisa, amanhã outra. Mas não creio no que defendo hoje, nem amanhã terei fé no que defenderei.

Fernando Pessoa
Páginas íntimas e de autointerpretação. Lisboa: Ática, 1966.
Inserida por mi_v_t_

Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho... o de nada mais fazer.

Clarice Lispector
Correio feminino. Rio de Janeiro: Rocco, 2013.
Inserida por EdileideAlves

Qualquer que tivesse sido o crime dele [Mineirinho], uma bala bastava. O resto era vontade de matar, era prepotência.

Clarice Lispector

Nota: Trecho de entrevista concedida para a TV Cultura, em 1977.

Inserida por CarlosLispector

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