Poemas Gustave Flaubert
Ser estúpido, egoísta e ter boa saúde, eis as condições ideais para se ser feliz. Mas se a primeira vos falta, tudo está perdido.
Eu não tenho nenhuma coragem, mas procedo como se a tivesse, o que talvez venha dar ao mesmo.
O autor na sua obra, deve ser como Deus no universo, presente em toda a parte, mas não visível em nenhuma.
A recordação é a esperança do avesso. Olha-se para o fundo do poço como se olhou para o alto da torre.
O amor é um modo de viver e de sentir. É um ponto de vista um pouco mais elevado, um pouco mais largo; nele descobrimos o infinito e horizontes sem limites.
Salvo se formos cretinos, morremos sempre na incerteza do nosso próprio valor e do da nossa obra.
À medida que nos elevamos na escala dos seres, a capacidade nervosa aumenta, ou seja, a capacidade de sofrer. Sofrer e pensar seriam então a mesma coisa?
A igualdade é a escravatura. É por isso que amo a arte. Aí, pelo menos, tudo é liberdade neste mundo de ficções.
O estilo está sob as palavras como dentro delas. É igualmente a alma e a carne de uma obra.
Faz-se crítica quando não se pode fazer arte, como quem se torna delator quando não se pode ser soldado.
Cheguei à firme convicção de que a vaidade é a base de tudo, e de que finalmente o que chamamos de consciência é apenas a vaidade interior.
Por que nos conhecemos? Por que o acaso o quis? Foi porque através da distância, sem dúvida, como dois rios que correm a unir-se, nossas inclinações particulares nos impeliram um para o outro.
As recordações não povoam nossa solidão, como dizem, ao contrário, fazem-na mais profunda!
Era um dêsses sentimentos puros que não embaraçam a marcha da vida, que se conservam porque são raros, cuja perda ocasionaria dor maior que o regojizo da posse.
Todas as bandeiras se encheram tanto de sangue que é tempo de as banirmos por completo.
O encanto da novidade, caindo pouco a pouco com uma peça de roupa, punha a nu a eterna monotonia da paixão, que tem sempre as mesmas formas e a mesma linguagem.
Não desculpo de modo algum aos homens de ação que não vençam, uma vez que o êxito é a única medida do seu mérito.
A gente não escolhe o próprio assunto. Eis o que o público e os críticos não entendem. O segredo das obras-primas está nisso, na concordância do assunto com o temperamento do autor.
A estupidez não está de um lado e o espírito do outro. É como o vício e a virtude; sagaz é quem os distingue.
Há no mundo uma conjura geral e permanente contra duas coisas, a poesia e a liberdade; as pessoas de gosto encarregam-se de exterminar uma, tal como os agentes da ordem de perseguir a outra.