Poemas Góticos de Amor
A indiferença não grita, não sangra, não arranca — ela corrói em silêncio. Vai tirando aos poucos a cor dos sentimentos, o brilho dos olhos, o calor dos gestos. É uma tortura sem ferida visível, mas que fere fundo, porque o que machuca de verdade não é o que se diz, mas o que se deixa de sentir.
A distância, por sua vez, parece às vezes o único caminho possível. Um remédio amargo, sim, mas necessário quando o coração pede silêncio e espaço. Só que, como todo remédio forte, é preciso cuidado com a dose. O que foi receitado para curar pode, em excesso, se tornar veneno. E assim, entre ausências e silêncios, o que poderia se transformar em cura vira luto.
O amor não morre de repente. Ele vai se apagando entre olhares que já não se encontram, entre palavras que já não vêm. Primeiro esfria, depois adormece. Até que um dia, sem que se perceba, deixa de existir. E tudo o que sobra é um eco do que um dia já foi vida pulsante.
Desabafo
Eu amava a minha amiga
amava o riso partilhado, o silêncio compreendido, até os momentos difíceis, porque qual laço verdadeiro é feito só de calmaria?
ela gostava de mim mais do que eu podia oferecer, etalvez por isso tenha partido.
Na época, doeu.
fiquei mal, perdida num mar de perguntas, tentando entender se havia sido uma pessoa ruim. Mas hoje, olhando com calma, eu vejo que há dois lados em toda história.
Eu fui sincera, estive presente, do meu jeito, não prometi o que não podia cumprir. E se o meu afeto não bastou,
isso não faz de mim alguém menor,
apenas alguém que amou com as ferramentas que tinha.
Ela se foi. E tudo bem, as vezes, amar também é deixar ir, mesmo quando o coração queria segurar.
Silêncio tudo sabe,
é meu volume baixo em plenitude,
É meu barulho de porta trancada,
sem posse da chave,
São os meus eus presos em mim
e livres qual uma ave.
Silêncio.
Antes do tempo, antes do som,
pairava o Espírito sobre as águas negras.
E então —
não trovão,
não espada,
mas Luz.
“Fiat lux,”
e foi luz.
Não luz do sol,
não chama que arde,
mas presença —
clara, pura, viva.
A terra gemeu, o abismo tremeu,
e do ventre do nada
nasceu a aurora.
Ó Luz do Altíssimo!
Tu que vês o que é oculto,
Tu que sondas os corações,
desce como rio sobre os mortos,
como bálsamo sobre os que choram.
Não temais!
Pois a Luz caminha entre os sepulcros,
e a morte se encolhe em sua sombra.
E aqueles que dormem no pó,
ouvirão a Voz,
e se erguerão —
olhos abertos, mãos erguidas,
envoltos de esplendor.
Et lux in tenebris lucet,
et tenebrae eam non comprehenderunt.
Ó Cristo, Luz do mundo,
tu és a lâmpada dos justos,
o fogo que não consome,
o sol que jamais declina.
Reina sobre as trevas do homem.
Reina sobre a noite da dúvida.
Reina sobre os ossos dispersos,
e dá-lhes carne,
e dá-lhes alma,
e dá-lhes cântico.
Pois viremos a Ti, Senhor,
com lágrimas nos olhos
e luz nas mãos.
E no último dia —
quando o véu se rasgar,
e o tempo cessar —
ouvir-se-á o canto dos anjos:
Lux aeterna luceat eis, Domine,
cum sanctis tuis in aeternum,
quia pius es.
E a Luz será tudo em todos.
Amém.
🌙 Entre o Silêncio e a Seiva 🌿
No véu da noite, escuto o vento,
como um sussurro vindo da raiz.
A terra pulsa em tom lento,
onde a alma das folhas repousa e diz:
Sou o canto do que cresce em segredo,
sou perfume do que morre em flor.
Sou lágrima de um tempo sem medo,
sou memória do primeiro amor.
No orvalho, vejo espelhos da infância,
nas pétalas, promessas não ditas.
O mundo gira com leve constância,
mas as plantas, ah… são infinitas.
Entre o átomo e o aroma, medito,
cada broto é um verso escondido.
Há um poema em cada grão bendito,
e um Deus em cada caule erguido.
Oh botânica, ciência do sentir,
ensina-me a brotar sem ferir.
Que eu seja flor antes de partir,
e raiz quando não mais existir.
Toda civilização que esquece os seus mortos cava, com
silêncio e festa, a própria sepultura.
Não é o estrangeiro que a dissolve — é o vazio de
sentido que a torna permeável ao abismo.
O JARDINEIRO DO INVISÍVEL
Ninguém se torna poeta — o poeta é aquele a quem o silêncio escolheu como altar.
Não foi chamado por glória, mas ferido pelo mistério. Carrega no peito uma fenda invisível,
onde o mundo sussurra com voz de vento e de ausência.
Dentro dele dorme um vulcão que não ruge, mas ora — e cada brasa calada acende sentidos nas margens do indizível.
Não traz o fogo para incendiar — traz uma bússola trêmula, feita de dor decantada, contemplação e entrega.
Ser poeta não é declarar-se ao mundo — é desaparecer aos poucos em palavras que brotaram do exílio da alma,
como se cada verso fosse uma oração plantada no deserto.
Ao fim, o poeta é o jardineiro do invisível — aquele que sangra em silêncio, todos os dias,
para que outros vislumbrem, mesmo que por um instante, o caminho no turbulento escuro.
No silêncio frio da madrugada, Ana caminhava pela cidade vazia com os fones nos ouvidos e a cabeça cheia de perguntas que não sabia responder. O céu, encoberto por nuvens pesadas, parecia sentir o mesmo peso que ela carregava no peito. Era como se até as estrelas tivessem desistido de brilhar para ela naquela noite.
Trinta e dois anos. Era isso que diziam os documentos, os espelhos, os olhares que ela cruzava pelas ruas — e ainda assim, parecia que sua alma tinha séculos. Uma existência em preto e branco, onde os tons de cor vinham apenas quando cantava. A música era a única coisa que ainda a fazia respirar fundo, mesmo que cada nota saísse carregada de dor.
Veio uma lembrança de tempos em que sentir dor parecia romântico. Agora, doía mesmo — e não havia poesia nisso.
Porque talvez, pensou Ana, o sentido da vida não fosse encontrar um propósito. Talvez fosse apenas seguir em frente mesmo, cantando para as sombras, até que alguma luz decidisse voltar.
No silêncio da noite, o choro ecoa
Sentimentos fora de controle, alma aflita
O frio penetra, coração gelado
Sem esperança no amor, um vazio pesado
O medo do passado, sombra constante
Persegue meus passos, noite e dia
Lágrimas caem, como chuva incessante
Sem alento, sem paz, apenas agonia
Nesse mar de dor, busco um refúgio
Mas o passado insiste, não me deixa em paz
O amor se foi, restou apenas o espinho
E o frio da solidão, que me envolve sem fim.
Silêncio que Cura
Por Hugo Kartzziano
Você não é obrigado a permanecer,
cercado de vozes que só sabem dizer
que tudo é difícil, que nada vai bem,
que a vida é fardo, tristeza e desdém.
Se não tem abraços que tragam calor,
busque no livro um refúgio de amor.
Se as amizades não sabem somar,
deixe uma canção sua alma embalar.
Porque, às vezes, o que faz bem ao coração,
é o silêncio de um livro e a leveza de uma canção.
Gosto do silêncio
De ouvir os sons da natureza
e até do costumeiro som da minha rua
Tenho uma mente inquieta
Um coração que sente demais
Um rosto expressivo
Sentimentos aparentes
Inevitável negá-los
Beijo no Píer
A noite vestia silêncio e brisa,
o píer rangia sob os pés calados,
dois jovens — coração na beira —
com os olhos tímidos, entrelaçados.
O frio bordava os casacos fechados,
mas entre eles algo ardia,
um sopro quente entre as palavras,
um fio tenso de poesia.
A lua, curiosa entre as nuvens,
espreguiçava um brilho sobre o mar,
testemunha pálida e discreta
de um momento prestes a se eternizar.
Nenhum som além das ondas,
nenhum gesto além do olhar,
e então, um passo — meio incerto —
até os lábios se encontrar.
Foi breve, foi puro, foi novo,
foi tudo o que o mundo não via.
Um beijo, num píer, numa noite,
em que até o frio parecia poesia.
Na pele da folha, em silêncio repousa,
uma lágrima pura, tão leve, tão fria,
nasceu da saudade que a noite entoa
e chora calada ao nascer do dia.
Não é dor que fere, nem pranto humano,
mas eco de estrelas que já se apagaram,
memórias do vento, de um sonho insano,
que os galhos guardaram, mas nunca contaram.
Lágrimas de orvalho não gritam, não caem,
apenas se entregam à luz que desponta.
E o sol, sem saber, quando as toca, trai —
desfaz em silêncio o que a alma conta.
Talvez seja assim também dentro da gente:
um brilho discreto no fio da manhã,
que esconde um universo em cada semente,
e morre sem dor... mas não sem razão.
“O silêncio de quem já gritou por dentro…
não é calmaria.
É cansaço.
Não é paz.
É desistência disfarçada.
Porque chega uma hora…
em que falar já não faz mais sentido.
A dor vira eco,
o coração se fecha,
e o silêncio vira proteção.
Quem silencia…
nem sempre está em paz.
Às vezes…
só cansou de não ser ouvido.
Porque o que machuca…
não é o silêncio.
É tudo o que foi dito antes dele… e ignorado.
O silêncio também é resposta… só que dessa vez, é o fim.
A voz do coração
No silêncio da noite, quando a lua velava,
o poeta viu a donzela, e sua alma clamava.
Ela andava entre sombras, um sonho a vagar,
e seu coração ardia, impossível calar.
Cada passo dela, um verso em chamas,
o céu sussurrava seu nome entre as ramas.
E o poeta, perdido em desejos e dor,
ergueu sua voz, transbordando de amor.
"Quem és tu, musa, que rouba o meu ar?
Que faz do meu peito um vulcão a pulsar?
És feita de sonho, ou de carne e essência?
És amor ou loucura, és dor ou presença?"
Ela sorriu, como quem sabe a resposta,
e o tempo parou, como a vida em aposta.
E assim, no olhar que ambos trocaram,
o destino selou: seus corações se encontraram.
Medo de Ser Esquecido
por Marcos, escritor da literatura brasileira
No silêncio do peito bate um tambor,
eco de um medo antigo, disfarçado em amor.
O homem calado, o copo na mão,
esconde a insegurança em falsa razão.
Acha que vai ser trocado,
por alguém mais novo, mais ousado.
Mas não vê que o amor não se mede na idade,
e sim na alma, na cumplicidade.
Falta coragem de se mostrar frágil,
de dizer: "Eu tenho medo de não ser mais ágil."
Chora por dentro, mas ninguém vê,
vira tempestade pra não se perder.
A bebida embriaga, mas não apaga,
a dor da mente que sempre divaga.
Fica agressivo, grita, se fecha,
mas tudo isso é só a alma que se queixa.
Homem que ama, também sente frio,
mas prefere o orgulho ao desafio.
E no fundo, só quer ser amado,
sem o risco de ser trocado.
No silêncio noturno
ilhéu da Ilha do Quiriri
Um olhar profundo
como um banho de estelar
Dos pés a cabeça
a amorosa emergência
A fortuna poética
que não dá para disfarçar
Navegando neste estuário
tenho consagrado
a rota do atemporal rimário
Daquilo que ninguém conta
sobre a Baía do Babitonga
reafirmo o pacto com o tempo.
Poema de Um Deus Cansado
Se Deus mora em mim,
às vezes o ouço bater na porta pedindo silêncio.
Cansado das preces vazias,
das promessas que não fizemos,
do amor que juramos sem sentir.
Ser divino é carregar o peso de um céu inventado
pelos que têm medo da liberdade de ser terra.
Tem dias que o coração chora em silêncio,
E os planos parecem folhas ao vento.
A alma se aperta num grito contido,
Mas há um refrão suave no firmamento.
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