Poemas de Rubem Alves

Cerca de 347 poemas de Rubem Alves

Isto é a realidade: homens trabalhando, em relações uns com os outros, sob

condições que eles não escolheram, fazendo com seus corpos um mundo que não

desejam.. . E é disto que surgem ecos, sonhos, gritos e gemidos, poemas, filosofias,

utopias, critérios estéticos, leis, constituições, religiões.. .

Sobre o fogo, a fumaça,

sobre a realidade as vozes,

sobre a infra-estrutura a superestrutura,

sobre a vida a consciência. . .

Inserida por gabisms02

De fato, quando o pobre/oprimido, das profundezas do seu sofrimento, balbucia:

"É a vontade de Deus", cessam todas as razões, todos os argumentos, as injustiças se

transformam em mistérios de desígnios insondáveis e a sua própria miséria, uma

provação a ser suportada com paciência,na espera da salvação eterna de sua alma. E os

poderosos usam as mesmas palavras sagradas e invocam os poderes da divindade

como cúmpli-

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cês da guerra e da rapina. E os habitantes originais deste continente e suas

civilizações foram massacrados em nome da cruz, e a expansão colonial levou

consigo para a África e a Ásia o Deus dos brancos, e constituições se escrevem

invocando a vontade de Deus, e um representante de Deus vai ao lado daquele que

foi condenado a morrer. . . Nada se altera, nada se transforma, mas sobre todas as

coisas dos homens se espalha o perfume do incenso. . .

Inserida por gabisms02

Marx antevê o fim da religião. Ela só existe numa situação marcada pela alienação.

Desaparecida a alienação, numa sociedade livre, em que não haja opressores, não

importa que sejam capitalistas, burocratas ou quem quer que ostente algum sinal de

superioridade hierárquica, desaparecerá também a religião. A religião é fruto da

alienação. E com isto os religiosos mais devotos concordariam também. Nem no

Paraíso e nem na Cidade Santa se e/nitem alvarás para a construção de templos. ..

Inserida por gabisms02

É o homem que fala, das profundezas do seu ser, numa linguagem que nem

ele mesmo entende.

Inserida por gabisms02

Foi assim que aconteceu: a ciência empalhou a religião, tirando dela verdades

muito diferentes daquelas que a própria religião viva cantava. Acontece que as pessoas

religiosas, ao dizer os nome sagrados, realmente crêem num "lá fora" e é deste mundo

invisível que suas esperanças se alimentam. Tudo tão distante, tão diferente da

sabedoria científica.. .

Inserida por gabisms02

A ciência nos coloca num mundo glacial e mecânico,

matematicamente preciso e tecnicamente manipulável, mas vazio de significações

humanas e indiferente ao nosso amor. Bem dizia Max Weber que a dura lição que

aprendemos da ciência é que o sentido da vida não pode ser

encontrado ao fim da análise científica, por mais completa que seja. E nos

descobrimos expulsos do paraíso, ainda com os restos do fruto do conhecimento em

nossas mãos...

Inserida por gabisms02

O sentido da vida: não há pergunta que se faça com maior angústia e parece que

todos são por ela assombrados de vez em quando. Valerá a pena viver? A gravidade da

pergunta se revela na gravidade da resposta. Porque não é raro vermos pessoas

mergulhadas nos abismos da loucura, ou optarem voluntariamente pelo abismo do

suicídio por terem obtido uma resposta negativa. Outras pessoas, como observou

Camus, se deixam matar por ideias ou ilusões que lhes dão razões para viver: boas razões

para viver são também boas razões para morrer.

Inserida por gabisms02

O sentido da vida: não há pergunta que se faça com maior angústia e parece que

todos são por ela assombrados de vez em quando. Valerá a pena viver? A gravidade da

pergunta se revela na gravidade da resposta. Porque não é raro vermos pessoas

mergulhadas nos abismos da loucura, ou optarem voluntariamente pelo abismo do

suicídio por terem obtido uma resposta negativa. Outras pessoas, como observou

Camus, se deixam matar por ideias ou ilusões que lhes dão razões para viver: boas razões

para viver são também boas razões para morrer.

Mas o que é isto, o sentido da vida?

O sentido da vida é algo que se experimenta emocionalmente, sem que se saiba

explicar ou justificar. Não é algo que se construa, mas algo que nos ocorre de forma

inesperada e não preparada, como uma brisa suave que nos atinge, sem que saibamos

donde vem nem para onde vai, e que experimentamos como uma intensificação da

vontade de viver ao ponto de nos dar coragem para morrer, se necessário for, por

aquelas coisas que dão à vida o seu sentido. É uma transformação de nossa visão do

mundo, na qual as coisas se integram como em uma melodia, o que nos faz sentir

reconciliados com o universo ao nosso

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redor, possuídos de um sentimento oceânico, na poética expressão de Romain

Rolland, sensação inefável de eternidade e infinitude, de comunhão com algo que nos

transcende, envolve e embala, como se fosse um útero materno de dimensões

cósmicas. "Ver um mundo em um grão de areia / e um céu numa flor silvestre,/

segurar o infinito na palma da mão / e a eternidade em uma hora" (Blake).

O sentido da vida é um sentimento.

Inserida por gabisms02

Se a pretensão da religião terminasse aqui, tudo estaria bem. Porque não há leis que

nos proíbam de sentir o que quisermos. O escândalo começa quando a religião ousa

transformar tal sentimento, interior e subjetivo, numa hipótese acerca do universo.

Podemos entender as razões por que o homem religioso não pode se satisfazer com o

pássaro empalhado. A religião diz: "o universo inteiro faz sentido". Ao que a ciência

retruca: "as pessoas religiosas sentem e pensam que o universo inteiro faz sentido".

Aquela afirmação sagrada que ecoava de universo em universo, reverberando em

eternidades e infinitos, a ciência aprisiona dentro do poço pequeno e escuro da

subjetividade e da sociedade: ilusão, ideologia. O sentido da vida é destruído. Que

pode restar da alegria das rãs, se o "lá fora" que o pintassilgo cantou não existir?

Afirmar que a vida tem sentido é propor a fantástica hipótese de que o

universo vibra com

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os nossos sentimentos, sofre a dor dos torturados, chora a lágrima dos abandonados,

sorri com as crianças que brincam.. . Tudo está ligado. Convicção de que, por detrás

das coisas visíveis, há um rosto invisível que sorri, presença amiga, braços que

abraçam, como na famosa tela de Salvador Dali. E é esta crença que explica os

sacrifícios que se oferecem nos altares e as preces que se balbuciam na solidão.

Inserida por gabisms02

Agora é tempo de felicidade.
Cada novo dia é um milagre...
Uma taça de prazer
que deve ser bebida até o fim (...).
"Tempus fugit"!
Portanto, carpe diem.

Rubem Alves
O retorno e terno. São Paulo: Papirus, 1992.
Inserida por ideusa_r_de_oliveira

Ao fim de uma entrevista, a entrevistadora me pediu: “Rubem Alves em uma frase...”. O pensamento voou até que parou num verso de Robert Frost que seria o seu epitáfio: “Ele teve um caso de amor com a vida...”.

Inserida por PensandoComOCoracao

Prêmio Jabuti 2009!
“Quem não pode suportar a dor da separação não está preparado para o amor. Porque o amor é algo que não se possui, jamais. É evento de graça. Aparece quando quer, e só nos resta ficar à espera. E, quando ele volta, a alegria volta com ele. E sentimos então que valeu a pena suportar a dor da ausência, pela alegria do reencontro.”

E o que resta da vida se um homem não pode escutar o choro solitário de um pássaro ou coaxar dos sapos à volta de uma lagoa à noite?

Inserida por Citador

Eu creio que a preservação da natureza é o desafio mais importante do momento presente.

Inserida por Citador

A chegada faz parte da vida. A despedida faz pate da vida [...] Sem a Morte, a Vida também não existiria, pois a vida é, precisamente, uma permanente despedida.

Inserida por Citador

Quem tem muitas esperanças é um monte de cacos de vidro. Quem tem uma única esperança, é um vitral colorido de uma catedral.

Inserida por Citador

As flores dos flamboyants, dentro de poucos dias, terão caído. Assim é a vida. É preciso viver enquanto a chama do amor está queimando...

"Os que têm medo sonham. Porque tenho medo da cidade grande onde me perco eu sonho com cidade grande que posso amar. É uma utopia. Não existe. Mas não tem importância. Valéry perguntou: “Que seria de nós sem o socorro das coisas que não existem?” O que não existe socorre. Oscar Wilde, que sabia do socorro das coisas que não existem, escreveu: “Um mapa do mundo que não inclua o país da Utopia não merece nem mesmo um olhar, pois ignora o único país ao qual a Humanidade constantemente chega. E quando a Humanidade lá atraca, fica alerta, e levanta novamente as âncoras ao vislumbrar terra melhor…”."

"Penso que borboletas, seres alados, diáfanos e coloridos, devem ser emissários dos deuses, anjos que anunciam coisas do amor. Imaginei então que aquela borboleta era um anjo disfarçado que os deuses me enviavam com uma promessa de felicidade."

⁠aprendo que o amor nada tem a ver com apego, segurança ou dependência, embora tantas vezes eu me confunda. Não adianta querer que seja diferente: o amor é alado.

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