Poemas de Juventude Poetas Conhecidos
Hoje o dia se declarou pra noite
Mas só que a noite
Não gosta de coisa quente
Nem coisa de repente
A noite é muito lenta
Gosta de coisas frias
Gosta de coisas lentas
Gosta de namorar ela mesma
Não gosta de namorar o dia
Pois a noite não namora o dia
A noite namora os poetas."
Cegos talvez ainda somos
Cegos ainda andamos
A primitiva beleza
Ainda não conhecemos
Por quanto tempo irá
As luzes artificiais nos cegar
Por quantas noites
Vamos peregrinar
Até que céu se torne
A companhia para os solitários
A tela para artistas
E versos para poetas.
Ato de criar
Em algumas noites, muito especiais,
Um ou outro privilegiado insone
Pode observar espectros voantes,
Envolvidos por névoas muiticores.
São os poetas, sintetizados em pura energia,
Que nessas noites peculiares, flutuam
Volatilizados, colorizados, afortunados,
Integralmente envolvidos no ato de criar.
(Versos Livres de Luiz Vila Flor)
Construção
Um grito pula no ar como foguete.
Vem da paisagem de barro úmido, caliça e andaimes hirtos.
O sol cai sobre as coisas em placa fervendo.
O sorveteiro corta a rua.
E o vento brinca nos bigodes do construtor.
Desconcertado
Ando desconcertado
com uns tropeços ai
do meu coração.
Ando tentando não errar os passos dados
tentando não trocar
os pés pelas mãos.
Ando dando passos errados
desconcertado
em meu próprio refrão.
Perdido nas lembranças
de outros tempos
lembranças de um antigo amor.
Ando minguado
choroso
feito eu só!
Paro as vezes ao lado dela...
Relembro os doces desejos meus
pretendidos ao auscultar sua voz.
Morro nos versos poéticos, ora lidos...
Revivo nos segundos que estou só!
Caminho desconcertado pela vida.
Na rua da casa dela, nem passo mais.
Lembra-me as flores no muro
dos beijos, dos abraços, do fim.
Nao sei se ela era Alice, no seu País dos sonhos,
Se era Amelíe, a procura de um destino fabuloso,
Talvez um Girassol nascido no asfalto, da safra dos poetas do quintal de Van Gogh;
–Talvez fosse um pouco de cada coisa que amava. Sobretudo, uma arte, de um artista maior.
Às vezes, só quero a paz.
Sabe? Ser diferente...
Ser tão profundo quanto ausente.
É olhar com os olhos da alma,
com serenidade, doçura e calma.
Caminhar com os pés firmes no chão
e carregar no peito um valente coração.
A escrita são como balas, acertam um conciênte ou um leigo, passando o que elas querem de forma perfurante, cravando cada virgula e cada verso em suas mentes
Somos poetas, que seguem nas linhas e entortam as canetas no papel
Seja em becos
Seja em predios
Sem pagar aluguel pra escrever, fazemos cada parcela do que escrevemos piscinas profundas, onde nadamos em pensamentos ou afogamos quem tenta nos parar
Em cada quadro escrevemos, desenhamos..afinal a pintura é um poeta que recita sem abrir a boca, cada rabisco, cada traço tem um sentimento, por isso somos arte, somos partes daquilo que nos constroi e nos destroi
Periferia, prefiria que todo beco fosse mar e não esgoto, sem dar desgosto, pra nossas mãe e nem pra mãe dos outros
Somos surdos que escutam as musicas
Somos mudos que falam nas palavras
Somos as escadas das vielas
Sempre subindo em busca de reconhecimento cultural, sem perder o astral vamos buscar nos mostrar, aqui no beco não se tem melhor ou pior, aqui no beco se tem direitos, "Opniões diferentes e tons diferentes" mas sem perder o respeito, vamos aceitar sorrindo o que a vida tem nos oferecer
Que cada poesia
Que cada melodia
Faça parte de tudo aquilo que queremos ser ou apenas o surto do submundo que tem em cada um de vocês.
Aceita o teu coração, porém, resguarda-o...
compreenda-o no silêncio de tua alma
acolha-o no recôndito dos mistérios
revela-o ao olhos desnudo de todo conceito;
preceitos sem razão de ser...
vasculhe todas as possibilidades de um gesto;
nem tudo que nos parece pedra o é
há nisso toda condição de ser o calço de nossos passos;
nem tudo que é doce é degustável
por vezes, os mais poderosos venenos são revestidos dos melhores perfumes e sabores...
cala-te no vigor do teu ser
seja-te vida no gestos que te renovam a cada manhã
renasça em si mesmo sem que precises nada dizer!
Não basta ser pássaro
a vida pede mais
se faz orquestra
saúda-nos num coral
diversos tons numa tela
que nos convida
a semear!
As aparências enganam sim,
o roto retalho que somos,
fica entre as nuvens dos olhos
que nos alcançam.
É preciso mais que olhos,
é preciso alma,
é preciso ir além
desse "eu" recoberto
e encrustado na pele
já tingida por tantas máscaras!
Cala-te no instante e na hora
que se faz tarde, falar...
Não se desarvore diante do vozerio
que te grita dentro;
acolha-os em real sentimento
e veja-te ali recolhida(o),
silenciada(o) e tanto, tanto, tanto...
...de você, ali!
Sobre a verdade ...
Quero o aconchego desse abraço por onde sinto, firmada além desse pilar que me firma e me contorna, além desse barco que nas ondulações flutua, no aguardo e de mãos postas!
Que o dia não nos seja traço, risco, marco...
seja ele habitado pela abstrata insegurança
de um poema sem letras
E ali, ouça-se em magia o que nos é único,
inteiro ... faroleiro, oculto em poesia!
É preciso encanto no olhar
ao reino delicado da natureza,
lendo as sutilezas da vida,
vendo-se acolhido, entrelinhas
Aos olhos e ouvidos, sementes.
À terra, o germinar.
E à flor, florescer.
Conexões invisíveis, mas essenciais,
movimentos ignorados, não visíveis,
mas vivos e presentes aos que sentem!
Faça uma viagem, retorne ao começo onde tudo é, onde és só, sozinho mesmo, de malas vazias e nu ...
saiba-te, sinta-te, acolha-te ...
e agora, recomece com tudo aquilo que ali encontrou:
malas vazias, nu e você, tão somente, você.
E se os "por quês" e "não é assim" vos chegar, sinta: estes, estiveram lá com você? Se sim, não haverá perguntas. Se não, não há resposta. Sorria dos moldes, a nudez é para quem viaja por dentro e ver requer esse passaporte.
Permita-se!
É uma interrogação perene
que me faz continuar,
passar como quem passa íngreme
rumo ao sótão desse chão
tão firme, calado, dissolvendo-se
a cada resposta encontrada
... tal é o tesouro que me afortuna!
