Poemas de Fernando Pessoa -Salazar
Ele me dá vontade de viver (…)
Ele me dá vontade de cantar, de rir, de ser feliz!
Me dá força, me dá fé.
E o que a gente vira quando vai embora de alguém?
E o Senhô respondeu:
- Uns viram pó. Outros caem igual estrela do céu.
Outro só viram a esquina...
E têm aqueles que nunca vão embora.
- Não? E eles ficam onde, Senhô?
- Na lembrança.
-Você lembra de mim? – perguntei.
- Claro que lembro. Você esteve no meu apartamento em São Paulo, há muitos anos.
- Eu mudei muito, como você lembra?
- Eu mudei também, quem sabe por isso lembro.
Limite Branco
É muito confortável bancar o infeliz e angustiado quando se vive num bom apartamento, quando se tem um copo de leite quente toda noite antes de dormir, uma mesada no fim do mês e uma mãe que basta estalar os dedos para dobrar-se a meus pés como uma escrava oriental. Ter demais é o meu mal. Se tivesse que batucar numa máquina de escrever todos os dias num escritório cheio de gente preocupada demais consigo mesma para dar atenção aos meus problemas, e tivesse que andar em ônibus superlotados, usar roupas velhas e sapatos furados, então poderia saber se existe ou não essa força que em vão tento encontrar em meu corpo.
Acendi alguns incensos.
Mais alguns cigarros.
Li aquele depoimento seu.
Li também a sua foto.
Chorei um pouco.
Depois sorri e adormeci.
Guarda tua felicidade.
Não corra por aí espalhando a novidade.
Fique quietinho, sorria em silêncio.
Felicidade sem platéia dura mais...
Foi então que eu a vi.
Estava encostada na porta de um bar. Um bar brega - aqueles da Augusta-cidade, não Augusta-jardins. Uma prostituta, isso era o mais visível nela.
Cabelo mal pintado, cara muito maquiada, minissaia, decote fundo. Explícita, nada sutil, puro lugar-comum patético. Em pé, de costas para o bar, encostada na porta, ela olha a rua. Na mão direita tinha um cigarro; na esquerda, um copo de cerveja.
E chorava, ela chorava.
Sem escândalo, sem gemidos nem soluços, a prostituta na frente do bar chorava devagar, de verdade. A tinta da cara escorria com as lágrimas. Meio palhaça, chorava olhando a rua. Vez em quando, dava uma tragada no cigarro, um gole na cerveja. E continuava a chorar - exposta, imoral, escandalosa - sem se importar que a vissem sofrendo.
Eu vi. Ela não me viu. Não via ninguém acho. Tão voltada para a sua própria dor que estava, também, meio cega. Via pra dentro: charco, arame farpado, grades. Ninguém parou. Eu também não. Não era um espetáculo imperdível, não era uma dor reluzente de neon, não estava enquadrada ou decupada. Era uma dor sujinha como lençol usado por um mês, sem lavar, pobrinha como buraco na sola do sapato. Furo na meia, dente cariado. Dor sem glamour, de gente habitando aquela camada casca grossa da vida.
Sem o recurso dessas benditas levezas nossas de cada dia - uma dúzia de rosas, uma música do Caetano, uma caixa de figos.
Nota: Trecho do texto "Pálpebras de Neblina".
Viva sem medos
Sonhe com olhos abertos
Ame sem porquês
Goste de quem gosta de você
Tenha personalidade própria
Tenha opinião
Se expresse
Respire, sinta a brisa leve e a tempestade
Viva o calor e o frio
O dia e a noite
Aprenda com o tempo
observe a natureza
Entenda os animais
Perceba o ciclo da vida
A ordem e a criação do universo
Seja o passado, o presente e o futuro
Acredite no que é preciso acreditar
Lute pelo que é preciso lutar
Sonhe com o que é preciso sonhar
Aprenda o significado da vida
E viva intensamente
MEDOS DO MUNDO
Não tenha medo de dizer, olá,
Não tenha medo de conhecer, falar, entender, explicar,
Não tenha medo de perder, ganhar, dividir, multiplicar,
Não tenha medo deste sentimento futuro, pois,
Só ele nos permite a ter-lo,
Porém, Não tenha medo de perdê-lo...
Assim como a vida,
Porem deve-se temê-la antes do tempo certo,
Alias, inexistem as meras verdades...
São apenas novidades, veleidades, aparências, ou mesmo confidencias,
Este último cumpre o próprio destino de permanecer seus dogmas,
Seu clímax, como uma história, começo, meio e fim,
Alias medo de uma palavra tão pequena,
Apenas três letras,
Por que uma já fugiu...
– Você vai para a Liberdade?
– Não, eu vou para o Paraíso.
Ele sentou-se ao meu lado. E disse:
– Então eu irei com você.
O cruel vinha de que o silêncio também seria inábil e farposo,
contudo educado, então feria, e não pense que vou esclarecer
quem, facilitando a cegueira, pressa ou tontura: O cruel era a
palavra verbalizada, e o verbo era o mal? Mas o silêncio idem ...
O melhor Mestre não é o que dá as melhores respostas, mas o que faz as melhores perguntas.
Le GraAll (1978)
“Porque eu sou fiel aos meus sentimentos.
Vou estar com você quando eu realmente quiser estar.
Vou te ligar quando eu quiser falar com você.
Porque eu não passo vontade.
E nem vou passar vontade de você.
Não vou fazer joguinho.
Eu me entrego mesmo.
Assim.
Na lata.”
“Aos poucos a gente vai mudando o foco. E o lugar nem te acrescenta mais, você começa a precisar de outros lugares. E de outras pessoas. E de bebidas mais fortes. Nem pensa. Vai indo junto com as coisas. E eu só preciso de alguns abraços queridos, a companhia suave, bate-papos que me façam sorrir, algum nível de embriaguez e a sincronicidade.
Tenho a impressão que a vida, as coisas foram me levando. Levando em frente, levando embora, levando aos trancos, de qualquer jeito. Sem se importarem se eu não queria mais ir. Agora olho em volta e não tenho certeza se gostaria mesmo de estar aqui.
E se me perguntarem como estou, eis a resposta: Estou indo. Sem muita bagagem. Pesos desnecessários causam sempre dores desnecessárias. Esvaziei a mala, olhei no fundo dela, limpei, e estou indo ... preenche-la com coisas novas. Sensações novas, situações novas, pessoas novas. Tudo novo !
Penso às vezes que, quando eu estiver pronto, embora não
tenha a menor idéia de como possa ser estar-pronto, um dia, um dia
comum, um dia qualquer, um dia igual hoje, vou encontrar você claro e
calmo sentado no Bar, à minha espera. Na mesa à sua frente, um copo
de vinho que você vai erguer no ar feito uma saudação, até que eu me
aproxime sem que você desapareça, para que eu possa então te abraçar
"Sem platonismos, nem zen-budismos:
quero que pinte o amor Bethânia, dançar de rosto colado,
pegar na mão à meia-luz,
desenhar com a ponta dos dedos cada um dos teus traços,
ficar de olho molhado só de te ver, de repente e, se for preciso,
também virar a mesa, dar tapa na cara,
escândalo na esquina,
encher a cara de gim,
te expulsar de casa e te pedir pra voltar.
Ando tomado por emoções-Behtânia.
Essas que estão morrendo à míngua,
porque não é moderno ter emoções.
Não é in sentir amor, envolver-se.
Ficou out dizer coisas como
"quero ficar com você e é tão fundo que eu posso dizer que o fim do mundo não vai chegar mais"
ou
"quando os caminhos se separam; não tem razão que dê mais jeito"
ou
"é tão difícil ficar sem você; o teu amor é gostoso demais".
É burro cantar coisas que eu, tu, ele, nós sentimos?
É brega ter desejos e carências e dores e suspiros assim, de gente?
Sentir não é brega. Ao contrário: não existe nada mais chique.
Emocione-se e seja o rei da sua insensatez.
Bem, é só. Aceite um milhão de beijos. Abraços em todos daí."
"Assustada com o amor? Ah, não.
Tanta gente querendo, tanta gente sentindo falta.
E você de repente abençoada - e confusa? Fica não."
"Eu estava sozinho no fim do mundo e não podia ter medo.
Se eu tivesse medo ficaria lá para sempre, com todo aquele branco-liso dentro de mim.
E nunca mais ninguém me entenderia.
O fim do mundo era o silêncio e o vazio. Era a solidão absoluta.
Eu não queria ficar lá, eu não queria ficar sozinho, eu não estava preparado...
A maneira de vencer o fim do mundo era enchê-lo de sons e de cores.
Então uma canção brotou do fim de mim, e eu cantei."
"É você"
O amor pode vir por processos diferentes ,e andar por caminhos muito estranhos.Ele pode chegar no amanhecer,no meio do dia ou no anoitecer,ele chega de manso e penetra profundo na morada que o recebe.Suas pegadas jamais se apagam,e suas feridas nunca cicatrizam.O amor queima e seu calor muitas vezes pode levar um racional ao cáus do enlouquecimento.É um fluido de raro perfume,e sempre deve ser dosado,pois fortalece a alma.O amor é como o vento,as vezes te toca leve,as vezes bate mais forte,e as vezes causa catástrofes.O amor é uma palavra meiga,e pode também ser uma palavra dura.Pode ser um simples corte no dedinho,ou uma cicatriz de um bisturi que cortou fundo.O amor pode ser,um lápso uma fantasia,pode ser numeros,atos,pode ser astuto,insignificante ou tudo.Pode ser Pai ou Mãe,por tras de uma porta fechada,entre quatro paredes,no escuro ou no claro,61,66 ou 69,dureza,tentação ou love,o amor é o que voce chamar,tentar ou quizer,Eu Voce,tudo,enfim Ele é imortal,é como o vento,leva e traz tudo de bom e de ruim.O amor ,é voce para mim.
Limite Branco
Tem sido tudo muito fácil para mim, fácil demais. Às vezes desejo ardentemente que aconteça urna desgraça, uma catástrofe que me jogue ao nível do chão, para me obrigar a despir as máscaras, o falsos gestos, as falsas palavras. Uma coisa que me torne ínfimo, ainda mais confuso e só do que sou, que me deixe a sós comigo mesmo, nu, na frente de um espelho, a investigar a minha verdadeira condição. Então eu saberia, pela primeira vez eu poderia saber. Então viria a solução final, definitiva. Levantar-me aos poucos, como um pó-de-vento, lentamente crescendo, incorporando outros seres a mim, e girando, girando sempre, tornar-me tormenta, furacão, vendaval, terremoto, cataclismo. Ou me dissolveria em poeira à primeira brisa que soprasse — quem sabe?
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