Poemas de Escritores Famosos

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Emoção e Poesia

Quem quer que seja de algum modo um poeta sabe muito bem quão mais fácil é escrever um bom poema (se os bons poemas se acham ao alcance do homem) a respeito de uma mulher que lhe interessa muito do que a respeito de uma mulher pela qual está profundamente apaixonado. A melhor espécie de poema de amor é, em geral, escrita a respeito de uma mulher abstrata.

Uma grande emoção é por demais egoísta; absorve em si própria todo o sangue do espírito, e a congestão deixa as mãos demasiado frias para escrever. Três espécies de emoções produzem grande poesia - emoções fortes e profundas ao serem lembradas muito tempo depois; e emoções falsas, isto é, emoções sentidas no intelecto. Não a insinceridade, mas sim, uma sinceridade traduzida, é a base de toda a arte.

Aqui está-se sossegado

Aqui está-se sossegado,
Longe do mundo e da vida,
Cheio de não ter passado,
Até o futuro se olvida.
Aqui está-se sossegado.
Tinha os gestos inocentes,
Seus olhos riam no fundo.
Mas invisíveis serpentes
Faziam-a ser do mundo.
Tinha os gestos inocentes.
Aqui tudo é paz e mar.
Que longe a vista se perde
Na solidão a tornar
Em sombra o azul que é verde!
Aqui tudo é paz e mar.
Sim, poderia ter sido...
Mas vontade nem razão
O mundo têm conduzido
A prazer ou conclusão.
Sim, poderia ter sido...
Agora não esqueço e sonho.
Fecho os olhos, oiço o mar
E de ouvi-lo bem, suponho
Que veio azul a esverdear.
Agora não esqueço e sonho.
Não foi propósito, não.
Os seus gestos inocentes
Tocavam no coração
Como invisíveis serpentes.
Não foi propósito, não.
Durmo, desperto e sozinho.
Que tem sido a minha vida?
Velas de inútil moinho —
Um movimento sem lida...
Durmo, desperto e sozinho.
Nada explica nem consola.
Tudo está certo depois.
Mas a dor que nos desola,
A mágoa de um não ser dois
Nada explica nem consola.

Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlaçemos as mãos).

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente.
E sem desassossegos grandes.

Dantes eu queria
Embeber-me nas árvores, nas flores,
Sonhar nas rochas, mares, solidões.
Hoje não, fujo dessa idéia louca:
Tudo o que me aproxima do mistério
Confrange-me de horror. Quero hoje apenas
Sensações, muitas, muitas sensações,
De tudo, de todos neste mundo — humanas,
Não outras de delírios panteístas
Mas sim perpétuos choques de prazer
Mudando sempre,
Guardando forte a personalidade
Para sintetizá-las num sentir.
Quero
Afogar em bulício, em luz, em vozes,
— Tumultuárias [cousas] usuais —
o sentimento da desolação
Que me enche e me avassala.
Folgaria
De encher num dia, [...] num trago,
A medida dos vícios, inda mesmo
Que fosse condenado eternamente —
Loucura! — ao tal inferno,
A um inferno real.

Porque (Carlos Drummond de Andrade)

Amor meu, minhas penas, meu delírio,
Aonde quer que vás, irá contigo
Meu corpo, mais que um corpo, irá um'alma,
Sabendo embora ser perdido intento
O de cingir-te forte de tal modo
Que, desde então se misturando as partes,
Resultaria o mais perfeito andrógino
Nunca citado em lendas e cimélios
Amor meu, punhal meu, fera miragem
Consubstanciada em vulto feminino,
Por que não me libertas do teu jugo,
Por que não me convertes em rochedo,
Por que não me eliminas do sistema
Dos humanos prostrados, miseráveis,
Por que preferes doer-me como chaga
E fazer dessa chaga meu prazer

Não faças da tua vida um rascunho.
Poderás não ter tempo de passá-la a limpo.

O mais feroz dos animais domésticos é o relógio de parede: conheço um que já devorou três gerações da minha família.

Mario Quintana
CARVALHAL, Tania Franco (org.). Mario Quintana: Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova. Aguilar, 2005.
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Amizade: quando o silêncio a dois não se torna incômodo.
Amor: quando o silêncio a dois se torna cômodo.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Por que será que a gente vive chorando os amigos mortos e não aguenta os que continuam vivos?

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Confesso que até hoje só conheci dois sinônimos perfeitos: "nunca" e "sempre".

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

As pessoas não se precisam, elas se completam... não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida.

Mario Quintana

Nota: Autoria não confirmada

A saudade que dói mais fundo – e irremediavelmente – é a saudade que temos de nós.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Naquele dia fazia um azul tão límpido, meu Deus, que eu me sentia perdoado para sempre não sei de quê.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

A Coisa
A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Se eu pudesse, pegava a dor; colocava a dor dentro de um envelope e devolvia ao remetente.

Eu moro em mim mesmo. Não faz mal que o quarto seja pequeno. É bom, assim tenho menos lugares para perder as minhas coisas.

E as flores vão chegar num dia qualquer, apenas para informar-lhe como você é especial para alguém. Assim.. sem um motivo ou data especial. “Amar é mudar a alma de casa!” Idealizar é sofrer. Amar é surpreender! Talvez tenhamos que conhecer algumas pessoas erradas, antes de encontrar a pessoa certa. Talvez a pessoa certa, você considera a mais errada, que só quer curtir, mas que um dia te fará feliz, e para que isso aconteça, só depende de você, pois ao encontrá-la, agradeça por esta bênção. Porém, estamos tão presos àquela porta fechada, que não somos capazes de ver o novo caminho que se abriu. Não busque boas aparências, elas podem mudar. Encontre aquela pessoa que te faça dar gargalhadas, ao falar uma piadinha e que faça seu coração sorrir. Afinal, as pessoas não entram em nossas vidas por acaso.

Era uma vez duas pulguinhas que passaram a vida inteira economizando e compraram um cachorro só pra elas...

Cego é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria.
Surdo é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão.

A psicanálise? Uma das mais fascinantes modalidades do gênero policial, em que o detetive procura desvendar um crime que o próprio criminoso ignora.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

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