Poemas de Crianca de Charles Peguy

O que pode um poeta sem o sofrimento? O poeta precisa de sofrimento tanto quanto de sua máquina de escrever.

Resisti a meus pais, resisti à escola e depois resisti a tornar-me um cidadão decente. O que quer que eu fosse, fui desde o começo. Não queria que ninguém mexesse com isso. E ainda não quero.

Tem muita frieza nesse mundo. Se as pessoas pudessem conversar sobre as coisas já ajudaria muito.

O melhor é esquecer de tudo, quando uma mulher se volta contra você. Elas podem te amar um tempo; mas um dia dá um click, e, então, veem você morrendo atropelado na sarjeta e ainda cospem em cima.

Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.

Não gostava de nada. Vai ver eu estava com medo. É isso: eu tinha medo. Eu queria ficar sozinho num quarto com a janela fechada. Fiquei curtindo essa ideia. Eu era um trambolho. Eu era um lunático.

Sem minha mãe, acho que jamais teria me saído bem na pantomima. Ela possuía a mímica mais notável que já vi. Às vezes, ficava durante horas à janela olhando para a rua e reproduzindo com as mãos, os olhos e a expressão de sua fisionomia tudo o que se passava lá em baixo. E foi observando-a assim que eu aprendi não somente a traduzir as emoções com as minhas mãos e meu rosto, mas sobretudo a estudar o homem...

Não sou político; sou principalmente um individualista. Creio na liberdade; nisso se resume a minha política...

‎Nove décimos de mim já morreram, mas eu guardo o décimo restante como uma arma.

Eu amei contra a razão, contra a promessa, contra a paz, contra a esperança, contra a felicidade, contra todo o desencorajamento que existe.

Enquanto um homem tivesse vinhos e cigarros à sua disposição, ele poderia resistir.

Comigo é o seguinte: tenho que ficar sentado e esperar que a coisa venha até mim. Posso manipular tudo e espremer depois que chega, mas não posso sair a procurar.

A dor é estranha. Um gato matando um passarinho, um acidente de carro, um incêndio... A dor chega, BANG, e aí está ela, instalada em você. É real. Aos olhos dos outros, parece que você está de bobeira. Um idiota, de repente. Não há cura pra dor, a menos que você conheça alguém capaz de entender seus sentimentos e saiba como ajudar.

Era isso que eles queriam: mentiras. Mentiras maravilhosas. Era disso que precisavam. As pessoas eram idiotas, seria fácil pra mim assim.

As garotas pareciam legais a certa distância, o sol resplandecendo em seus vestidos, em seus cabelos. Mas vá se aproximar e ouvir seus pensamentos escorrendo boca afora, você vai sentir vontade de cavar um buraco ao sopé de uma colina e se entrincheirar com uma metralhadora.

O homem é um animal com instintos primários de sobrevivência. Por isso, seu engenho desenvolveu-se primeiro e a alma depois, e o progresso da ciência está bem mais adiantado que seu comportamento ético.

Não há nada a lamentar sobre a morte, assim como não há nada a lamentar sobre o crescimento de uma flor. O que é terrível não é a morte, mas as vidas que as pessoas levam ou não levam até a sua morte.

As pessoas eram limitadas e cuidadosas, todas iguais. E eu teria que viver com esses putos pelo resto de minha vida, pensava.

Não valia a pena confiar em nenhum outro ser humano. O quer que fosse preciso para estabelecer essa confiança, não estava presente na humanidade.

Sem ambição, sem talento, sem sorte. O que me mantinha fora da sarjeta era pura sorte, e a sorte jamais durava.