Poemas de Caio Fernando Abreu
Se meus olhos fossem câmeras cinematográficas eu não veria chuvas nem estrelas nem lua, teria que construir chuvas, inventar luas, arquitetar estrelas. Mas meus olhos são feitos de retinas, não de lentes, e neles cabem todas as chuvas estrelas lua que vejo todos os dias todas as noites.
"E você sabe que qualquer situação que nos acontece é por nossa culpa. Principalmente quando ela se repete muitas vezes. Tudo o que acontece à gente é uma mera consequência daquilo que se fez."
É preciso se desapegar, se desprender de certos sentimentos e lembranças que insistem em permanecer na memória e no coração.
Não que pare de doer, mas cai no seu entendimento que às vezes perdemos algo e não há solução. No fim você coloca um sorriso no rosto e finge que é sincero, até que a vida o faça realmente ser.
A verdade é que não me sinto capaz de nada. Não é fossa. Fossa dá ideia de uma coisa subjetiva e narcisista. São motivos bem concretos, que inclusive transcendem o plano pessoal. E tudo tão insolúvel que a gente só pode fugir, porque ficar não adianta nada. A minha maneira de fugir, tu sabes, é dormindo.
E desejá-lo assim, com todos os lugares comuns do desejo, a esse outro tão íntimo que às vezes julga desnecessário dizer alguma coisa, porque enganado supões que tu e ele vezenquando sejam um só (…)
Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na largatixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça.
"Descobri faz algum tempo que as mãos se opõem à cabeça, e quando você movimenta aquelas, esta pode parar. Não sei se é uma grande descoberta, talvez não, mas de qualquer forma gosto quando a cabeça pára o maior tempo possível, caso contrário enche-se de temores, suspeitas, desejos, memórias e todas essas inutilidades que as cabeças guardam para deixar vir à tona quando as mãos estão desocupadas."
“E vejo os telhados onde jogávamos migalhas de pão para os passarinhos, escondidos para não assustá-los, até que eles viessem, mas não vinham nunca, era difícil seduzir os que têm asas.”
Para você, revelo humilde: o que importa é a Senhora Dona Vida, coberta de ouro e prata e sangue e musgo do tempo e creme Chantilly às vezes e confetes de algum carnaval, descobrindo pouco apouco seu rosto horrendo e deslumbrante. Precisamos suportar. E beijá-la na boca.´ De alguma forma absurda, nunca estive tão bem.
É uma atriz, tão menina, e de vez em quando umas entonações sabidas de balzaquiana, ironias de diva, charme de gatinha.
Meu coração é o mendigo mais faminto da rua mais miserável, mas é daqueles mendigos que não pede nada, até rejeita algumas coisas que recebe. Prefere morrer de fome a pedir.
Às vezes, percebemo-nos atados em nós que são mais psicológicos que físicos. Solte-se para ser feliz! Pois pode ser que você esteja preso ao nada, e ainda assim fantasiosamente acredite.
Então, numa gestalt, também estamos conversados.
Ninguém enche o saco de ninguém,
você me deixa em paz, eu te deixo em paz – certo?
Fica combinado assim: se não te atrapalho,
você me dá licença de ser assim do jeito que sou?
Não cantes como eu,
Os outros por bebedeira
Não saúdes
A morte em literatura
Boa negra
Voltada para as estrelas
Pés de chumbo
Cravados na lama:
O canhão
E sua escandalosa metafísica
E eu acho que é por isso
que te escrevo, para cuidar de ti, para cuidar
de mim – para não querer, violentamente não
querer de maneira alguma ficar na sua
memória, seu coração, sua cabeça, como
uma sombra escura.
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