Poemas de Arnaldo Antunes

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Desejaria que houvesse o cuidado de lhe escolher [à criança] um condutor [preceptor] que antes tivesse a cabeça bem feita do que muito cheia.

Nas revoluções dos povos a insignificância é a maior garantia de segurança pessoal.

O mistério em que envolvemos os nossos desígnios revela muitas vezes mais fraqueza do que discrição, e com frequência prejudica-nos mais.

Não poder suportar todos os maus carácteres de que a sociedade está cheia não revela bom carácter: e isso é indispensável no comércio das peças de ouro e da moeda.

Na verdade, o cuidado e a despesa dos nossos pais visam apenas enriquecer as nossas cabeças com ciência; quanto ao juízo e à virtude, as novidades são poucas.

A mais útil e honrosa ciência e ocupação da mulher é a ciência dos cuidados domésticos.

Quando moços, contamos tantos amigos quantos conhecidos; porém maduros pela experiência, não achamos um homem de cuja probidade fiemos a execução do nosso testamento.

É preciso um espírito especial para se fazer fortuna, sobretudo uma grande fortuna; não se trata nem do espírito bom nem do belo, nem do grande nem do sublime, nem do forte nem do delicado; não sei precisamente de qual se trata, e espero que alguém me possa esclarecer a tal respeito.

Ambicionando o louvor e admiração dos outros homens, provocamos frequentes vezes a sua inveja e aversão.

Os homens desejam ser escravos em qualquer parte e colher aí a força para dominar noutro sítio.

Enquanto os homens estiverem sujeitos a morrer, gostando de viver, os médicos serão metidos a ridículo e bem pagos.

A avareza é um nó corredio que aperta cada dia mais o coração e acaba por sufocar a razão.

Acontece muitas vezes que somos estimados na proporção em que nos estimamos a nós mesmos.

Os escolares preocupam-se em segredo com o mesmo que preocupa as raparigas nos internatos; faça-se o que se fizer, elas falarão sempre do amor, aqueles das mulheres.

Censuram-se severamente defeitos à virtude, ao passo que se não poupa indulgência para as qualidades do vício.

Um versificador não considera ninguém digno de ser juiz dos seus versos; se alguém não faz versos, não sabe nada do assunto; se faz, é seu rival.

O que há de melhor nos grandes empregos é a perspectiva ou a fachada com que tanta gente se embeleza.

É um gládio perigoso o espírito, mesmo para o seu possuidor, se não sabe armar-se com ele de uma maneira ordenada e discreta.

A maior parte dos males e misérias dos homens provêm, não da falta de liberdade, mas do seu abuso e demasia.

Os bens que a ambição promete são como os do amor, melhores imaginados que conseguidos.