Poemas de Arnaldo Antunes

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O dever dos juízes é fazer justiça; a sua profissão, a de deferi-la. Alguns conhecem o próprio dever e exercem a profissão.

O desejo de igualdade levado ao extremo acaba no despotismo de uma única pessoa.

Há muita gente boa e feliz, porque não tem suficiente liberdade para se fazer má e desgraçada.

Ser-se livre não é nada fazer, é ser-se o único árbitro daquilo que se faz ou daquilo que se não faz.

Há muita gente para quem o receio dos males futuros é mais tormentoso que o sofrimento dos males presentes.

O governo é como toda as coisas deste mundo: para o conservarmos temos de o amar.

Perante um auditório de tolos, os velhacos tornam-se fecundos, e os doutos silenciosos.

O homem que diz não ter nascido feliz, podia ao menos vir a sê-lo mediante a felicidade dos amigos e parentes. A inveja priva-o deste ultimo recurso.

O homem não pode de forma alguma impedir de ter pela mulher um desejo que a aborrece; a mulher não pode de forma alguma ter pelo homem uma ternura que o aborrece.

Todo o espírito que existe no mundo é inútil para quem não o tem; ele não tem perspectivas sobre nada e é incapaz de aproveitar as dos outros.

O silêncio é o melhor salvo-conduto da mais crassa ignorância como da sabedoria mais profunda.

O nosso espírito é essencialmente livre, mas o nosso corpo torna-o frequentes vezes escravo.

Nada devemos fazer que não seja razoável; mas nada também de fazermos todas as coisas que o são.

Os homens têm geralmente saúde quando não a sabem apreciar, e riqueza quando a não podem gozar.

Aprovamos algumas vezes em público por medo, interesse ou civilidade, o que internamente reprovamos por dever, consciência ou razão.

A longo prazo uma profissão é como o matrimônio; apenas se sentem os inconvenientes.

Os ricos pretendem não se admirar com nada, e reconhecem, à primeira vista, numa obra bela o defeito que os dispensará da admiração, um sentimento vulgar.

Ninguém é tão prudente em despender o seu dinheiro, como aquele que melhor conhece as dificuldades de o ganhar honradamente.

Entre todas as diferentes expressões que podem reproduzir um único dos nossos pensamentos só há uma que seja a boa. Nem sempre a encontramos ao falar ou escrever; entretanto, o fato é que ela existe, que tudo o que não é ela é fraco e não satisfaz a um homem de espírito que deseja fazer-se entender.

Não desespereis na desgraça, ela é frequentes vezes uma transição necessária para a boa fortuna.