Poemas de Antonio Mota
Poesia
Tão lindo é o nosso amor
Tal qual o romper d'Aurora
Eu me envolvo nesse calor
E a vida passa sem demora
Às vezes nos esquecíamos do tempo,
Sequer lembrava os compromissos
Ríamos um do outro
Eu, sempre mais...
Em tudo havia graça
Empatia, cheiro, pele, carinho...
Faltava tempo,
Sobrava Amor.
Vacilação
Vacilar é gesto displicente
Para certos casos não há perdão
É um risco e perigo iminente
Em qualquer situação
O AMOR DE MÃE
Somente o amor de mãe é comparado
Ao grande amor de Deus entre os mortais;
Nenhum outro amor humano é capaz
De lembrar o seu amor imensurado!
Pois somente o amor de mãe é apurado
Co’os mais belos sentimentos divinais;
Quis Deus nos sentimentos maternais
Transluzir seu amor, humanizado.
O grande amor de mãe é coisa santa,
Ela cansada, enferma, ainda canta!
Cheia de afeto, de amor e de carinho...
Sacrifício ela não põe na sua conta,
Dedicada prossegue sempre pronta,
Pra cuidar muito mais de seu filhinho!
É Natal nos nossos lares,
neste mundo de avareza,
onde uns comem manjares
e a outros falta pão na mesa.
Sinto a alma vendida,
quando começo a escrever...
E nesta venda assumida,
vendo palavras em vida,
pagam-me quando eu morrer.
Vou fazer de conta que já me esqueci
dos dias mais quentes, das noites mais frias;
mas no fim de contas, o que faço aqui,
neste catavento cheio de avarias...?
Sopram na aragem ventos duma sorte
que tanto dominam laços corrompidos;
e vindos do nada, passam com desnorte
pelo catavento, junto aos meus ouvidos..
Faço que não oiço, porque fiz de conta
que já não sou eu, nem me reconheço;
oiço esses zunidos, com a cabeça tonta,
dou-me ao manifesto, dão-me qualquer preço...
Porém, contrafeito, tão-pouco me valho,
nesta condição, com um ar cinzento;
sou mais um andrajo, pareço um bandalho,
junto ao velho eixo deste catavento.
Temporal
Se esta chuva não parar,
durante esta madrugada,
amanhã não faço nada,
e tenho o feno pra ceifar.
Se esta chuva não parar,
o terreno fica alagado;
fica o gado sem pastar,
na pastagem do meu gado.
Se estou apoquentado,
durante esta madrugada,
canto uma letra dum fado,
ou um cante à namorada.
Toda a chuva vem molhada,
prometendo a boa vida...
Amanhã não faço nada,
nem cuido da minha lida.
Talvez tome uma bebida,
enquanto a chuva durar;
cai a chuva bem caída,
e tenho o feno pra ceifar.
Toda a flor que é linda e bela
tem na alma mais perfume,
e todos olham para ela
com desejo e com ciúme.
Os amigos que são leais
dão a mão e dão guarida,
mas poucos são esses tais
que duram pra toda a vida.
Qualquer pobre, a meu ver,
com uns tostões é mais foito,
mas se o dinheiro lhe bater,
pode ostentar, sem saber,
o seu juízo num oito.
Coronavírus, ou Covid-19,
monstro com lenda, para um dia se contar
que a pandemia é inquietude que promove
as quarentenas que nos vão enclausurar...
Quem sabe um dia me confesse em quarentena,
detrás do ar indesejado pelo medo,
ficando a ver a imodéstia mais pequena
e menos manhas nos debates em segredo...
Mas até lá, conter-me-ei no meu palpite,
sempre com fé no nosso Deus, lá das alturas:
que leve o mal e a entropia, sem limite,
e meta ordem neste excesso de loucuras.
Entrei no arraial da pandemia,
senti na multidão almas perversas,
com ódio a escorrer pelas conversas,
não vi um só sinal de bonomia.
Malfadada será sempre esta avaria,
desditoso será sempre este flagelo,
que nos mostra, por debaixo do cabelo,
a sequela mais funesta e mais sombria...
E assim, neste arraial de cada dia,
tudo serve para entrar no cataclismo,
a soberba, a excludência, o egoísmo,
a miragem de uma outra ideologia.
Passa um gato pardo atrás dum gato preto,
voa qualquer ave, sem fazer a rima,
e junto à menagem ergue-se o aspecto
dessa velha torre, de baixo pra cima.
Logo atrás da porta das pedras antigas,
ouve-se a conversa bem junto à muralha,
que, com ladainhas das velhas cantigas,
saem veredictos rectos a quem calha.
Ganha o futebol sempre dez a zero,
quando a voz se faz a grandes alturas,
mas se a voz é baixa, vencem as usuras
daqueles que pouco têm de sincero.
Onde não há novos, ganham sempre os velhos,
captam qualquer coisa, num raio influente,
e aonde a conversa se põe de joelhos,
espantam-se aqueles que são boa gente.
Jogados à sorte do sol que procuram,
promovem jornadas de campo e de praia...
Arrancam nos carros, lá vão prá gandaia,
rumo ao desencontro daqueles que aturam.
Alugam-se quartos, parques de campismo,
ocupam-se as casas em tempo de férias...
jogados à sorte, são tantas as lérias
que fazem do povo um hino ao turismo.
Cozem-se mariscos, bebem-se cervejas,
jogados à sorte, durante a viagem...
Param no caminho, vão ver a barragem,
motivo de tantas e tantas invejas.
Nas festas d'aldeia voltam às raízes,
levam as crianças na palma da mão...
Vão ver os velhotes que ainda lá estão,
jogados à sorte e são mais felizes.
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