Poemas com Rimas de minha Rua

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Eu não existo sem você

Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham pra você

Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
Eu não existo sem você

Tom Jobim e Vinicius de Moraes
Letra da música "Eu não existo sem você", composta por Tom Jobim e Vinícius de Moraes.

Para pensar

Existe apenas uma idade para sermos felizes, apenas uma época da vida de cada pessoa em que é possível sonhar, fazer planos e ter energia suficiente para os realizar, apesar de todas as dificuldades e todos os obstáculos. Uma só idade para nos encantarmos com a vida, para vivermos apaixonadamente e aproveitarmos tudo com toda a intensidade, sem medo nem culpa de sentir prazer. Fase dourada em que podemos criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança, vestirmo-nos de todas as cores, experimentar todos os sabores e entregarmo-nos a todos os amores sem preconceitos nem pudor. Tempo de entusiasmo e coragem em que toda a disposição de tentar algo de novo, e de novo, quantas vezes for preciso. Essa idade tão fugaz na nossa vida chama-se presente e tem a duração do instante que passa.

Letícia Lanz (Geraldo Eustáquio de Souza)

Nota: Erradamente atribuído a Mário Quintana, trata-se de uma versão adaptada do poema "A idade de ser feliz" de Geraldo Eustáquio de Souza.

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Soneto a quatro mãos

Tudo de amor que existe em mim foi dado
Tudo que fala em mim de amor foi dito
Do nada em mim o amor fez o infinito
Que por muito tornou-me escravizado.

Tão pródigo de amor fiquei coitado
Tão fácil para amar fiquei proscrito
Cada voto que fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado.

Tenho dado de amor mais que coubesse
Nesse meu pobre coração humano
Desse eterno amor meu antes não desse.

Pois se por tanto dar me fiz engano
Melhor fora que desse e recebesse
Para viver da vida o amor sem dano.

⁠não esquece de contar que eu
era o lugar mais quente do mundo
e você me deixou fria

⁠por que será
que só quando uma história acaba
a gente começa a sentir cada página

⁠você está esperando alguém
que nunca vai voltar
ou seja
você está vivendo sua vida
na esperança de que alguém perceba
que não pode viver a própria vida sem você

Rimas ricas

No céu da sua boca
Há um santo bem...
Que alivia meus males
Que controla meus desejos
Que desperta em mim estrelas!!!

No céu da sua boca
Há um gosto puro e doce
De um pecado perdoado
De uma reza inventada
Que não me deixa parar...

No céu da sua boca
Há milhões de diabinhos
Disfarçados de anjinhos
Que não param um só instante
Me fazendo delirar...

No céu da sua boca
Não existe noite nem dia
Não existem coisas de um céu comum
Mas há um deus de poesia
Que encaixa minhas rimas simples
Nas minhas rimas mais profundas
Num poema de saliva e amor...

No céu da sua boca...
Eu me perco no infinito
E me encontro se medo
Nesse nosso paraíso.

Se cada um varresse a calçada da sua casa, no fim do dia a rua toda estaria limpa.

Crepúsculo

Na hora em que o dia
não é mais dia,
em que a noite
não é noite ainda,
tudo é magia,
e o céu parece
veludo furta-cor
escorrendo das mãos vazias.

Sois belas, mas vazias. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é porém mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus a redoma. Foi a ela que abriguei com o para-vento. Foi dela que eu matei as larvas. Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.

Hoje eu estou desolado e não tenho razões para mentir, e vivo da minha desolação o meu processo de continuidade, porque se eu nego o sofrimento que me ataca, ele nunca vira arte dentro de mim.

Minha vida é monótona. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente de outros...

Pois minha imaginação não tem estrada. E eu não gosto mesmo da estrada. Gosto do desvio e do desver.

Manoel de Barros

Nota: Trecho da entrevista "O presente de um poeta" publicada no Jornal Valor, de Curitiba, em 16/03/2012.

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As pessoas querem saber o segredo do meu sorriso, da minha força, da minha fé... E querem saber de onde eu tiro as palavras, de onde eu tiro tanto amor, onde que achei a receita pra aceitar os problemas com felicidade. Então eu respondo: em Deus!

Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e realço a minha mediocridade; advirta que a franqueza é a primeira virtude de um defunto. Na vida, o olhar da opinião, o contraste dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as revelações que faz à consciência; e o melhor da obrigação é quando, a força de embaçar os outros, embaça-se um homem a si mesmo, porque em tal caso poupa-se o vexame, que é uma sensação penosa e a hipocrisia, que é um vício hediondo. Mas, na morte, que diferença! que desabafo! que liberdade! Como a gente pode sacudir fora a capa, deitar ao fosso as lentejoulas, despregar-se, despintar-se, desafeitar-se, confessar lisamente o que foi e o que deixou de ser! Porque, em suma, já não há vizinhos, nem amigos, nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos; não há platéia. O olhar da opinião, esse olhar agudo e judicial, perde a virtude, logo que pisamos o território da morte; não digo que ele se não estenda para cá, e nos não examine e julgue; mas a nós é que não se nos dá do exame nem do julgamento. Senhores vivos, não há nada tão incomensurável como o desdém dos finados.

Machado de Assis
Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Typografia Nacional, 1881.

Saiba pois que sou muito senhora da minha vontade, mas pouco amiga de a exprimir; quero que me adivinhem e obedeçam; sou também um pouco altiva, às vezes caprichosa, e por cima de tudo isto tenho um coração exigente. Veja se é possível encontrar tanto defeito junto.

Machado de Assis
A Mão e a Luva (1874).

Se me obrigassem a dizer por que o amava, sinto que a minha única resposta seria: Porque era ele, Porque era eu.

Se acolho um amigo à minha mesa, peço que se assente e, se é coxo, não peço que comece a dançar.

A minha salvação não depende do que os outros acham de mim, mas do que Deus sabe ao meu respeito.

...E ela virá me abrir a porta como se fosse uma velha amante. Sem saber que é a minha mais nova namorada...