Poemas Anjos de Pijama Matilde Rosa Araujo
Que miserável homem que eu sou; quem me livrará do corpo desta morte.
As coisas que quero fazer eu não faço, as que eu não quero, isso sim eu faço.
Não se irrite o leitor com esta confissão. Eu bem sei que, para titilar-lhe os nervos da fantasia, devia padecer um grande desespero, derramar algumas lágrimas, e não almoçar. Seria romanesco; mas não seria biográfico. A realidade pura é que eu almocei, como nos demais dias...
Convém que os homens afirmem o que não sabem, e, por ofício, o contrário do que sabem; assim se forma esta outra incurável, a Esperança.
A vida é fruto da decisão de cada momento. Talvez seja por isso, que a idéia de plantio seja tão reveladora sobre a arte de viver.
Viver é plantar. É atitude de constante semeadura, de deixar cair na terra de nossa existência as mais diversas formas de sementes...
Quem sabe o que é correto age corretamente (...)
O verdadeiro conhecimento leva a agir corretamente.
O melhor modo de viver em paz é nutrir o amor-próprio dos outros com pedaços do nosso.
Devo confessar preliminarmente, que eu não sei o que é belo e nem sei o que é arte.
É a proporção entre nossas representações e a experiência, que assegura a racionalidade dos nossos pensamentos.
Se me obrigassem a dizer por que o amava, sinto que a minha única resposta seria: Porque era ele, Porque era eu.
"O maior é o espaço porque dentro dele cabe tudo.O mais veloz é o intelecto porque passa através de tudo.A mais forte é a necessidade porque tudo domina.O mais sábio é o tempo porque tudo revela."
Todo homem que teve amores verdadeiros, revoltas verdadeiras, desejos verdadeiros, e vontades verdadeiras, sabe muito bem que não tem necessidade de nenhuma garantia extrema para ter certeza dos seus objetivos; a certeza provém das próprias forças propulsoras.
Achar-se situada à margem do mundo não é posição favorável para quem quer recriá-lo.
Não há mal pior que a descrença, mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão.
O olho do homem serve de fotografia ao invisível, como o ouvido serve de eco ao silêncio.
A loucura é diagnosticada pelos sãos, que não se submetem a diagnóstico. Há um limite em que a razão deixa de ser razão, e a loucura ainda é razoável. Somos lúcidos na medida em que perdemos a riqueza da imaginação.
Eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia.