Poema na minha Rua Mario Quintana

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ATÉ QUANDO TERÁS, MINHA ALMA, ESTA DOÇURA

Até quando terás, minha alma, esta doçura,
este dom de sofrer, este poder de amar,
a força de estar sempre _ insegura _ segura
como a flecha que segue a trajetória obscura,
fiel ao seu movimento, exata em seu lugar...?

Bom dia! Todavia, na cama se multiplicam os meus pensamentos em ti, minha amada imortal; tão alegres como tristes, esperando ver se o destino quer ouvir-nos. Viver sozinho é-me possível, ou inteiramente contigo, ou completamente sem ti. Quero ir bem longe até que possa voar para os teus braços e sentir-me num lugar que seja só nosso, podendo enviar a minha alma ao reino dos espíritos envolta contigo. Tu concordarás comigo, tanto mais que conheces a minha fidelidade, e que nunca nenhuma outra possuirá meu coração; nunca, nunca... Oh, Deus! Por que viver separados, quando se ama assim?

Minha vida, o mesmo aqui que em Viena: sentindo-me só, angustiado. Tu, amor, tens-me feito ao mesmo tempo o ser mais feliz e o mais infeliz. Há muito tempo que preciso de uma certeza na minha vida. Não seria uma definição quanto ao nosso relacionamento?... Anjo, acabo de saber que o correio sai todos os dias. E isso me faz pensar que tu receberás a carta em seguida.

Fica tranquila. Contemplando com confiança a nossa vida alcançaremos o nosso objectivo de vivermos juntos. Fica tranquila, queiras-me. Hoje e sempre, quanta ansiedade e quantas lágrimas pensando em ti... em ti... em ti, minha vida... meu tudo! Adeus... queiras-me sempre! Não duvides jamais do fiel coração de teu enamorado Ludwig. Eternamente teu, eternamente minha, eternamente nossos."

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato
O amor comeu meus cartões de visita
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas
O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minha dieta
O amor comeu todos os meu livros de poesia
O amor comeu meu Estado, minha cidade
O amor comeu minha paz, minha guerra, meu dia e minha noite
Meu inverno, meu verão
Comeu meu silencio, minha dor de cabeça
O meu medo da morte

Sem você, confesso, eu não vivo
Sem você minha vida é um castigo
Sem você prefiro a solidão
A sete palmos do chão.

Certa vez uma ex-namorada minha
disse para que eu nunca mais à procurasse
pois, nas palavras dela, ela nunca tinha me amado
jogou fora todas as cartas que eu havia escrevido para ela
e me disse:
e vê se pára de escrever para mim estes poemas bobos!
Confesso que chorei muito neste dia.
Mas não parei de escrever poemas bobos...

Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.

Miguel Torga
TORGA, M., Diário XII

Nota: Trecho do poema "Liberdade"

...Mais

Porque é que um sono agita
Em vez de repousar
O que em minha alma habita
E a faz não descansar?

Que externa sonolência,
Que absurda confusão,
Me oprime sem violência
Me faz ver sem visão?

Entre o que vivo e a vida,
Entre quem estou e sou,
Durmo numa descida,
Descida em que não vou.

E, num infiel regresso
Ao que já era bruma,
Sonolento me apresso
Para coisa nenhuma.

A Espantosa Realidade das Cousas


A espantosa realidade das cousas
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada cousa é o que é,
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta.

Basta existir para se ser completo.

Tenho escrito bastantes poemas.
Hei de escrever muitos mais. naturalmente.

Cada poema meu diz isto,
E todos os meus poemas são diferentes,
Porque cada cousa que há é uma maneira de dizer isto.

Às vezes ponho-me a olhar para uma pedra.
Não me ponho a pensar se ela sente.
Não me perco a chamar-lhe minha irmã.
Mas gosto dela por ela ser uma pedra,
Gosto dela porque ela não sente nada.
Gosto dela porque ela não tem parentesco nenhum comigo.

Outras vezes oiço passar o vento,
E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido.

Eu não sei o que é que os outros pensarão lendo isto;
Mas acho que isto deve estar bem porque o penso sem estorvo,
Nem idéia de outras pessoas a ouvir-me pensar;
Porque o penso sem pensamentos
Porque o digo como as minhas palavras o dizem.

Uma vez chamaram-me poeta materialista,
E eu admirei-me, porque não julgava
Que se me pudesse chamar qualquer cousa.
Eu nem sequer sou poeta: vejo.
Se o que escrevo tem valor, não sou eu que o tenho:
O valor está ali, nos meus versos.
Tudo isso é absolutamente independente da minha vontade.

Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança

Castro Alves
ALVES, C., Tragédia no Mar

Nota: Trecho de "Navio Negreiro"

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Não te retires ofendida.
Pensa que nesse grito vem
O mal de toda minha vida:
Ternura inquieta e malferida
Que, antes, não dei nunca a ninguém.

E foi melhor nunca ter dado:
Em te pungindo algum espinho
Cinge-a ao teu seio angustiado.
E sentirás o meu carinho

Canto para Minha Morte

Eu sei que determinada rua que eu já passei
Não tornará a ouvir o som dos meus passos.
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir.
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar

Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque?
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?

Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho
Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida

Qual será a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida.
Existem tantas... Um acidente de carro.
O coração que se recusa abater no próximo minuto,
A anestesia mal aplicada,
A vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecida
O câncer já espalhado e ainda escondido, ou até, quem sabe,
Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio...

Oh morte, tu que és tão forte,
Que matas o gato, o rato e o homem.
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem,
Nos meus filhos, na palavra rude
Que eu disse para alguém que não gostava
E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite...

Raul Seixas

Nota: Música de Raul Seixas e Paulo Coelho

"Ergui-me e tomei o rumo de minha pensão.
A lua brilhava. Meus passos ecoavam pela
rua vazia, parecendo os passos de um perseguidor. Olhei ao redor. Eu estava enganado. Somente a solidão me acompanhava."

Envelhecer

Antes todos os caminhos iam
Agora todos os caminhos vêm.
A casa é acolhedora, os livros poucos
e eu mesmo preparo o chá para os fantasmas.

Eu, já não sou eu...já não sou o mesmo corpo, nem a mesma alma, quanto mais a mesma pessoa!
Sou um ser sofrido, sem sentido, sem paz, e sem rumo...
Às vezes, pergunto o porquê de tanta dor e tanta infelicidade!
Onde está alegria da minha paz?
Onde está o brilho dos meus olhos?
Será que alguma vez reparaste no brilho, quando estava feliz? Sim, um brilho de felicidade. Quando estam tristes, ficam baços...
Pois é, acho k nunca
reparaste...
Onde está o meu ser e a minha razão de viver? E viver para quê?
O que me motiva?
Porque raio nasci?
Porquê tanta dor?
Porquê?
Porquê?...
Percebo o porquê de tantos suicídios...
O desespero é uma arma poderosa!
Claro que não faz sentido viver...triste e só!

Fiz o que quis e fiz com paixão. Se a paixão estava errada, paciência.
Não tenho frustrações porque vivi como em um espetáculo.
Não fiquei vendo a vida passar, sempre acompanhei o desfile.

SE EU MORRER AMANHÃ.

Se eu morrer amanhã, por favor, não leve-me flores. Você teve uma vida inteira para isso. Também não chore de saudade, não se não tiver me buscado verdadeiramente enquanto podia. Se eu morrer amanhã, peço: não se arrependa de não ter me dito tudo que queria enquanto meus ouvidos eram algo que não pó. Se eu morrer amanhã - suplico -, não toque minhas mãos frias, não se nunca as tiver sentido quentes. Se eu morrer amanhã não pense em como seria se eu estivesse vivo, pois eu já estive. E passou. Se eu morrer amanhã, por favor, não diga que me ama, nem que "fui" importante. Eu já não ouvirei isso. Chore, apenas se eu lhe tiver sido bom, mas não chore se não tiver sido comigo. Leia algo meu se bater saudade, mas não leia se nunca tiver lido. Veja fotos minhas se isso fizer bem à lembrança, mas não se arrependa de nunca ter pousado junto a mim. Se eu morrer amanhã, não enlute, não se não tiver lutado comigo. Se eu morrer amanhã, não se surpreenda, morte é consequência de estar vivo. Se, por acaso, eu morrer amanhã, não olhe profundo para mim - dormido eternamente -, mas lembre-se do meu derradeiro olhar, do meu sorriso e das coisas (boas ou ruins) que eu fiz, para, por e com você. Se eu morrer amanhã, lhe peço, não me queira ver, não me queira escrever, não me queira despedir... mas só aceite, só respeite a ideia de que serei silêncio profundo, lembranças doídas e pó eterno e entenda que o que fora feito, dito ou vivido estará trancafiado num tempo chamado passado que debruça-se pouco a pouco no esquecimento e que já não flui, não volta, não muda, não vive, não vê.

Sou como Edith Piaf: "Je ne regrette rien" (não lamento nada).
Fiz o que quis e fiz com paixão. Se a paixão estava errada, paciência.
Não tenho frustrações, porque vivi como em um espetáculo.
Não fiquei vendo a vida passar, sempre acompanhei o desfile.

A mulher é uma incógnita,
Um monumento à dúvida.
Num dia é linda,
No outro, mais ainda.

A mulher é brisa,
É perfume de flor,
É viço da vida,
Doce do mundo.

A mulher é notícia boa,
É colírio, deslumbramento.
É desejo esculpido, poesia.
A mulher é linda, sempre.

Mais que beijá-lo,
Mais que dormirmos juntos,
Mais que nenhuma outra coisa...
Ele me dava a mão...
e
isso
era amor...

FAÇAMOS UM TRATO

“Quando sinta sua ferida sangrar,
Quando sinta sua voz soluçar,
Conte comigo" (De uma canção de Carlos Puebla)

Companheira
Você sabe
Que pode contar comigo,
Não até dois
Ou até dez,
Mas contar comigo.

Se alguma vez perceber
Que ao olhar nos meus olhos,
Não reconhece o meu amor,
Não duvide dele,
Lembre-se de que sempre
Pode contar comigo.

Se outras vezes
me encontrar impaciente,
Sem motivo,
Não pense que diminuiu o meu amor,
Ainda assim, pode contar comigo.

Mas façamos um trato,
Também quero contar com você.
É tão lindo saber que você existe
E quando digo isso,
Quero dizer contar
Seja até dois,
Seja até cinco.

Não para que venha logo em meu auxílio.
Mas para ter certeza,
Na medida certa,
Que você sabe,
Que pode contar comigo.

(Tradução livre – Eduardo Andrade)

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