Poema na minha Rua Mario Quintana
Preciso de um tempo para mim
Ser o centro da minha atenção
Buscar o que me agrada
O que dá prazer...
ouvir música...
soltar o corpo numa dança...
ou a imaginação em um livro...
dirigir sem destino...
cuidar do corpo e da alimentação...
curtir um hobby...
pintar...
Preciso de um tempo para mim
Um tempo para nutrir minha alma
Um tempo para ouvir meu coração
Um tempo para conversar com DEUS...
REFÉM
Algemada, fruto do meu coração
Consumada, minha própria condenação...
Viver sem ti, é estar sem mim
Mesmo sabendo aonde estou
Certo de que nada sou.
Certo demais,
De que não sou capaz.
Confinado, olhos da minha razão
Fustigada fio da minha canção.
lembro os teus olhos
Entre as vidraças
Te acostumando ao pavor
E eu me entreguei ao sabor
Da mesma pena e da mesma dor.
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naeno*comreservas
PALMA DA MÃO
Eu não conheço a palma da minha mão.
Entre tantos cruzados de linhas,
E mais de um veio principal
Onde descambam as águas dos meus dias.
Não tenho noção do que seja a palma da minha mão,
Reconheço, e já é volumoso
As coisas que toco, a embaralhar meu destino.
Reconheço, quando a espalmo frente aos olhos,
Alguns poros suados, o anel centenário,
A cor, que coincide com a cor do meu corpo inteiro.
Na aventura a que me lancei,
Em me procurar e me achar,
Em algumas partes de mim deu pra ver
Outras nem que eu virasse o mundo o contrário
Daria para medir, saber, esboçar.
Alguém, como eu, desconhece, numa vista frontal
O seu crânio, seu cabelo, tal como tal, são?
Ou conhece seus buracos
Que só na cabeça contam-se sete,
Afora os outros por onde se mete
Nosso temor, dizer explorar.
E os seus encontros de mãos e pernas,
Como uma árvore, quem conhece?
O por trás todo, ninguém sabe o que é.
Sabemos dos outros, também minúcias,
Nada de definido se sabe
O que conhecemos de nós mesmos
Também os ouros conhecem,
E somos mais conhecidos por eles,
Do que por nós, da mesma forma inversa.
Se por fora de nós pouco sabemos,
Imagine um devaneio por dentro.
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naeno*comreservas
CARTA
Um dos meus desejos mais ardentes
Sempre foi o de sair deste lugar
Minha primeira ambição foi ser
Um militar do exercito brasileiro
Sempre os julguei importantes demais
E trabalhadores eventuais.
Porém eu não era do tipo certo
Que recebiam ordens e a executava
E o mais complicado de tudo,
Sou o tipo miúdo, a que se serve quase a nada
E ainda com uma forte tendência a me perder
Nos meus devaneios de poeta.
— Passei tanto tempo da minha vida me preocupando com ele, que esqueci de mim... E sinto saudade.
— Dele?
— Não, de mim.
Pensei, penso e pensarei...
logo ex...isto, pois sinto o som...
(O barulho)
...barulha na minha cabeça...
Não acredito mais no amor
Assim jurado e não cumprido
Minha resposta é sempre verdadeira
Prefiro ir só no meu caminho.
DESAFORTUNADO
Eu conheci a casa de um desafortunado
Nela vivi quase toda minha vida,
Apanhei gravetos para os invernados,
Puxei gavetas e guardei retratos,
Um arquivo morto de mim retirado.
Eu andei por dentro da casa cumeada
Tropecei pelos atalhos, cadafalsos
Troquei uma vida, que me dera, inventada
Por uma que eu vi de perto, andando enfalço.
Fui o primeiro desordeiro do motim.
Não tive nunca uma gota de raiva,
E foi assim, andando dentro e fora dos pântanos
Que hoje dou graças à sorte fora de mim.
A imaculada virgem, mãe da Conceição
O meu amparo, de quem mais eu vi nos olhos,
A minha amada, o tempo todo cortando a rota
Dos desamados, sempre me trouxe por sua mão.
Fiz pisoteio até o cultivo dos desgarrados,
E vi a festa da colheita das formigas,
E disso eu disse, com o coração e alma aflitos,
Não me descanso, mesmo quando estou sentado.
E da lavoura que os cupinzeiros demarcavam,
Umas espigas de milho bem debulhadas,
Pus o sabugo como mastro da bravata,
E lutei só, com Conceição, nela amparado.
Olha-me Deus, no que escrevi,
Eu relatei a minha vida e Vos traí,
Era um segredo até à outra por vir,
Até cansar, e cansado, aqui cair.
Você consegue mexer no mais profundo da minha alma
Faz me sentir as mais estranhas sensações
Viajo ao paraíso somente com o brilho do seu olhar
Você me toca e perco o equilíbrio da razão
Quando fala ao meu ouvido a sua voz me faz viajar pelo tempo e pelo espaço
Compartilhar meus momentos com você é muito mais que atração e desejo...
Quando estou nos seus braços me sinto um menino...
Nossos olhares quando se cruzam, instante mágico que viajamos ao infinito
Quando toco sua boca... Sinto o mel!
Eu não vou mais olhar atrás
O que passou não volta mais
Não temerei o que virá
Minha Esperança está Em Deus
Cada lágrima que chorei
Cada sonho que perdi
Coloco aos Teus pés
Levanta-me Senhor
Eu confio em Ti
Nada poderá me afastar de Ti
Tu És a minha Fonte, meu sustento
Meu Amigo Fiel
Eu confio em Ti
Nada poderá me afastar de Ti
Em Todo tempo eu sei que estás comigo
Meu amigo Fiel
Se eu não escrever...
Palavras e versos...
Me perseguirão,
Minha vida se perde,
As noites são frias,
Madrugadas sombrias,
O sim, vira não.
Se eu não escrever...
O dia é triste,
O mar não existe,
E a saudade insiste.
Se eu não escrever...
Reinará a ilusão,
Um dia faltará o perdão,
Vai sobrar ingratidão,
Viverei noites de cão.
Se eu não escrever...
As palavras me caçam,
Os dias só passam,
E os livros se rasgam.
Se eu não escrever...
Poemas e poesias,
Serão papel em branco,
Alegria vira pranto,
E tristeza será um encanto.
Se eu não escrever...
O amor vira dor,
A fé se desfaz,
O ódio toma conta,
E amar, nunca mais.
Ai de mim..
Se eu não escrever.
PEDIDO
Uma coisa peço a Deus, e peço incessantemente,
Ser na minha velhice o mesmo moço que sou
Não com o mesmo viço, os olhos no mesmo brilho,
Não com a desenvoltura física,
Com as mãos pesadas de agora,
Com os mesmos cabelos na mesma cor,
Não com a mesma voz altiva,
O andar desenvolto, com os mesmos anos que conto,
Tampouco que o tempo pare para que eu permaneça só,
Com o mesmo olhar malicioso,
Com as ambições que alimento,
Não quero ser o velho renitente contra os feitos da vida,
Não ser jovem ardente, de sonhos imediatos, meus,
Nem desejar que o mundo me veja como um prodígio,
Alguém que rompeu as leis e permanece,
Incólume às intempéries do tempo.
O que peço a Deus e já faço inconscientemente,
É ser capaz das mesmas boas ações,
Dos sonhos, do bem querer, da alegria
Que sinto com a alegria dos outros,
É ser este mesmo moço formoso,
Preparado pra declinar.
INFÂNCIA
Quando eu era menino
A vida era minha namorada.
E foi o tempo da melhor amada.
A vida também era menina,
E brincávamos de viver,
Desfazíamos tudo
Só para acomodar de novo.
Tínhamos tempo para tudo,
Até que a vida e eu fomos mudando
Eu me esticando
E ela se encurtando.
E por desavença, numa dessas brincadeiras,
Bati nela com uma cadeira,
E desencadeou-se um desencanto.
Duas caras de espanto.
Do meu lado, eu a desfazia,
Do seu, ela me agoniava
Com seus achaques de pura raiva.
E nunca mais nos demos bem,
Embora nos abracemos todos os dias,
Não passam de normalidades,
Um fala e o outro responde.
De mim, não há um amor que volta,
Dela recebo beijos à toa,
Acho que nos esquecemos, um do outro.
Assim é você...
Assim é Você
Abrigo para a minha dor.
Afago para a minha alma.
Carinho que me alimenta.
Calor que me esquenta.
Desejo ardente que nao apaga.
Fogo que me queima.
Luz que me ilumina.
Sol da minha vida.
Assim é você.
Verdade para crer.
Caminho a seguir.
Você é minha certeza dessa e de outras vidas.
Você é meu maior bem querer.
Amor que eu sempre quero ter.
Base para o meu viver.
Essa é VOCÊ
"Quanto mais se metem na
minha vida, quanto mais tentam viver aquilo que é meu, mais força eu
tenho pra mostrar o quanto sou dona de mim, o quanto sou dona daquilo que criei."
A vida está cercada de mistérios...
Eleva minha sede de saber, de descobrir...
O mistério é a magia... é o impulso...
Sejamos bem-vindos aos véus... todos...
Sejamos bem-vindos ao mistérios...
Ao doce e amargo da imaginação...
Eis que chega-me um ianque...
Percorrendo caminhos desconhecidos em mim...
Desbravador de outros mares íntimos....
Chamo-o de ianque por não estar acostumado comigo...
Este estrangeiro descobriu-me...
Retirou o meu véu...
Deixou os mistérios mais plenos de sentido...
Aumentou em mim quem sou...
E retirou em mim quem já passou...
Deixou a vida repleta de todo mel que eu ousaria querer...
Mais uma vez, o silêncio invadiu minh'alma...
Meu corpo pede...
Minha mente implora por silêncio...
É sempre um prazer viver este momento...
No silêncio eu me descubro...
Descortino a oportunidade de navegar em meio ao mar interior...
No silêncio, as fantasias se vão... restando apenas o meu eu...
Todas as armadilhas da mente me levam a uma profunda inquietude comigo mesma...
Menos decisões, mais reflexões...
Menos tumulto, mais calmaria...
Hoje, quero ouvir a linda sinfonia do meu eu interior...
Não tenha medo do silêncio.
Ele é a sua voz ecoando sem ser ouvida por quem realmente deveria.
Você!
TODOS SOBREVIVEM
Este momento, todo um nada,
Um arquétipo no escuro.
Mas minha alma
De semente boa,
Qualquer hora poderá ser tudo.
E na minha volta
Virão mais comigo
Os que adestrei,
Que dei abrigo.
Pensar bom nesses momentos é bom
É bom construir amigos
Erguer abrigos.
Subir à proa das barcas já imergidas,
Que alguém toca
Em conduzi-la no desafogo.
E botar força, ajudá-los na vencida,
Pra depois vencer, ganhar o troféu erguido.
E já levantadas almas,
Cantam hinos da procissão sumindo,
A canção da vida, a superfície calma.
E já de novo cortam-nos desafios,
Em leves embarcações de arrimos,
Agora, com a cara suja do lodo,
Cabe escolhermos: Ou o desfrute
Da serenidade do andar erguido,
Ou do que sabemos ser perigoso,
Mas contornável, e removível.
Naeno