Poema do Nordeste
Toda honra.
O trabalho tem honra e garantia
é da terra que brota o sustento
toda fé, oração e Ave Maria
no coração recai o livramento
antes chorar de barriga vazia
do que a alma sofrer sem alimento.
Banquete.
O meu café é uma riqueza
mesmo sem ter rabanete
não tem queijo de Veneza
nem tem creme de sorvete
mas se tiver cuscuz na mesa
isso pra mim já é banquete.
Nordestinês.
Inconveniente é amostrado
conversa fiada é leseira
moça bonita é faceira
cabra de sorte é cagado
com dinheiro é estribado
e dar uma bronca é carão
de repente é supetão
jarra de barro é um pote
pescoço aqui é cangote
e o puxa-saco é babão.
Nordestinês.
Cabra bom... é arretado
meia garrafa... é meiota
mal vestido... é marmota
gente boba... é abestado
perdeu tudo... tá lascado
falar mal... já quer frescar
vai embora... é arribar
se tá triste... é jururu
gente feia... é cafuçu
e não cumprir... é fulerar.
A mulher nordestina.
A nordestina é fascinante
por sua cumplicidade
pela fé da retirante
pela dor de uma saudade
pela força da gestante
pelo doce da amizade.
No sertão.
É aqui mesmo que eu fico
porque é isso que me resta
ao trabalho eu me dedico
há quem diga que não presta
o que não presta é ser rico
com uma vida desonesta
Segue.
Minha vida é meu destino
como tudo se encaminha
tenho a fé no ser Divino
e no manto da Rainha
meu orgulho é Nordestino
na fartura ou na farinha.
.
Sem água, sem vida!
A seca continua vasta
e a plantação não conduz
a terra se torna gasta
e do céu somente a luz
e o pobre gado não pasta
e o agricultor não produz.
Força e fé.
É a força do sentimento
é a fé que nos acalma
é a água e o alimento
é a terra e a palma
é a dor do sofrimento
que purifica a nossa alma.
Destino.
Toda fé no ser Divino
nesta árdua disputa
esse é o nosso destino
essa é a nossa conduta
e o sonho do nordestino
começa com muita luta.
Retirantes.
Na terra tão rica
a chuva não cai
sem água na bica
a planta não sai
um sonho que fica
uma esperança que vai.
Um sonho.
Essa é a verdade crua
que retrata tal destino
um povo que não recua
por ter fé no ser Divino
não tem seca que destrua
o sonho de um nordestino.
O sertanejo.
Sangue, suor e destino
tem a honra como troféu
com a esperança no Divino
e toda fé no Menestrel
ao sertanejo nordestino
também tiro o meu chapéu.
Alimento.
Vamos sempre agradecer
ao alimento que satisfaz
o que Deus nos conceder
não nos cabe pedir mais
porque o simples pode ser
mas que não falte jamais.
Menina nordestina.
O jeitinho é de menina
o sorriso é encabulado
não é metida a granfina
mas tem um gosto apurado
pra conquistar a nordestina
tem que ser cabra arrochado.
Por necessidade.
Foi por necessidade
jamais por opção
a seca por crueldade
mudou a minha direção
me tangendo pra cidade
me expulsando do sertão.
Carne de charque.
A carne de charque é adorada
em toda parte do sertão
no cuscuz pela estrada
do Ceará ao Maranhão
e eu gosto dela torrada
ou cozinhada ou no feijão..
Meu sertão!
Aqui eu tive alegria
mas também dificuldade
tomava leite todo dia
não me faltava amizade
e quando a chuva permitia
o que eu plantava colhia
pra vender lá na cidade.
Raiz
Posso até mudar de país
de pobre pra grã-fino
mudar de triste pra feliz
posso até mudar de destino
de professor para aprendiz
só não mudo a minha raiz
porque o talo é nordestino.
Sertão esquecido!
A fome e o abandono
a tristeza e a solidão
o desprezo do patrono
sem poder de decisão
terra seca não tem dono
da primavera ao outono
ninguém liga pro sertão.
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