Poema de Pobre
" INSPIRAÇÃO "
Não parta, inspiração! Fica comigo…
Não sei viver sem ter a tua presença
a me exalar a luz, o tom, a crença,
a força, o amor, a paz de um ombro amigo!
Preciso-te, ao cumprir minha sentença
de poeta ser na, estrada em que fatigo…
A mim, pois, não imputes tal castigo
de abandonar-me em tal tristeza imensa.
Abraça-me por réu junto ao teu peito
em que, de tua poesia, me deleito
ao te sugar os seios de mulher…
Comigo, fica aqui, inspiração!...
Não quebres, num adeus, meu coração
que sempre quis de ti (e ainda eu quero)!
" ESQUEÇA "
Passou, jogou-me o olhar feito em malícia
acompanhado de um sorriso ao rosto
e ali se fez o curso, então, proposto
de que, lhe ter, seria uma delícia!
Vontade de provar-lhe a carne, o gosto,
mas isso se faria uma estultícia..
Teria, ao fim, história é pra polícia
e assunto, de luxúrias mil, composto.
Sorri de volta, a lhe guardar segredo
de qual seria o rumo desse enredo
que já não tinha nem pé nem cabeça…
Não sou mercadoria de vitrine
e antes que isso, em vendaval, culmine
melhor deixar prá lá. É fato. Esqueça!
" PEREGRINO "
O tempo é um caminhante, um peregrino,
que não olha pra trás; só segue adiante
deixando, o que passou, longe, distante
sem se importar se é cura ou desatino!
Da vida, ele é parceiro, fiel amante
que lhe concede o mais precioso ensino
selando, pra com todos, seu destino
a caminhar em passo, enfim, constante.
Há quem lhe vai atrás à todo custo
e quem se senta à espera achando justo
que ele não pare o curso de passagem…
É um peregrino, o tempo! Não tem pressa!
Ninguém nem mesmo sabe onde começa
nem onde irá parar a sua viagem!
" TAL COMO "
Pra ser, se era, romance, uma aventura,
instantes de loucura e de paixão
ou se era mesmo a voz do coração
a me indicar caminhos de ventura,
não saberei dizer na exatidão
nem dar real valor ao que era jura,
se promoveu-me o mal ou deu-me a cura,
se foi real história ou ilusão!...
Só me entreguei por força do momento
sem questionar qual era o sentimento
pro trás do instinto puro e verdadeiro…
O olhar quebrou-me, assim, de tal maneira
que promoveu, ali, real cegueira
tal como foi no meu amor primeiro!
Providência
Empunhem arcos, ergam as espadas,
Contem as luzes no horizonte — a cavalaria.
Sob a lua cheia, os vampiros se preparam,
Ouvindo o trotar dos demônios no ventre da terra.
Os poderosos tomam dos pobres sua determinação,
E a providência vem, a nos salvar —
Cintilando como luar suave de outono,
Bendito seja o fogo que se alastra sobre o inferno.
Os espanhóis trepidam suas mãos sob o violão,
A noite ecoa em acordes belos e dissonantes,
Bendita seja a liberdade, que toca os despreocupados.
Vampiros andando pela avenida do condado,
E eu me pergunto — eles vivem e adoram a boêmia?
Minha alma se preocupa, sempre em vão,
Pelo que será desta terra ao amanhecer.
Talvez eu me junte aos vampiros, componha versos,
Viva de sangue e poesia — a providência divina.
E escreverei sobre vocês, em minhas epístolas, meus poemas velhos.
" PERDIDO "
Nem sempre falarei, aqui, de amor
por meio de um soneto me inspirado!
Às vezes é melhor ficar calado
pra não colher encrenca e dissabor!
Contraditório, o amor! É bom de um lado
e, de outro, a mais completa confusão
que se perfaz, num tempo, de paixão
e nos remete, após, a triste estado.
Mas a poesia é feita dele e, assim,
eu tenho aqui por conta que ele, enfim,
precisa ser, melhor, é compreendido…
Não falarei de amor nalgum soneto,
se é ruim, se é bom, se branco ou preto,
mas se dele calar-me, estou perdido!
" OLHAR DE "
O que ela está pensando? Não sei, não…
Parece que já tem bem definida
(por conta, em tudo, do que deu-lhe a vida)
a sua mais secreta opinião!...
Mas, esse olhar a parecer perdida
não deixa de expressar-me que ela, então,
compôs, pra si, sua própria conclusão
da qual não me dará qualquer medida.
Como a poesia estende liberdade,
me sinto livre e estou bem à vontade
pra dar aqui, pra tal, minha impressão…
É, todo, o olhar de quem bem gostaria
de que o rapaz se declarasse, um dia,
e lhe cobrisse, inteira, de paixão!
" TOLO "
Então, me diga aqui sem fingimento,
sem medo, sem censura, sem pudor,
se é fato ou se é mentira que o amor
não passa do mais tolo sentimento!...
Eu sei que ele te queima em seu calor
e que não te dá chance a livramento,
mas já te acostumaste a tal tormento
de forma a dar-se, assim, a seu favor.
Como é que podes, tú, amar enfim
se o sofrimento imposto não tem fim
e te acorrenta até a eternidade?...
Sem fingimentos, pois, peço: me diga…
É sábio o sentimento que ele abriga
ou tolo, mera cruz e insanidade?!…
" ÀS ESCONDIDAS "
Persegues teu amor, às escondidas,
premeditando que, encontrá-lo, é um caos
e eleva, os medos, até últimos graus
pra que jamais se dê nas duas vidas!
Tu foges para o alto dos degraus,
pro pico da ilusão, sem ter medidas,
nas tentativas tuas, suicidas,
de aniquilar amores! Bons e maus!
Por fim: queres amar ou te é bobagem?
Esqueces de esconder em tua bagagem
o sonho que te move a tal loucura…
Às escondidas, sem cautela pôr,
persegues, sorrateira, o teu amor,
mas temes o envolver-se na aventura!
" DESSA MANEIRA "
Quando ela lança o olhar desta maneira
me sinto a própria presa na emboscada
sentido o abate ali, sem escapada,
chegando de surpresa, na cegueira…
É fera, nesse lance, acostumada
a preparar a carne pra fogueira
e se eu vacilo, caio, dou bobeira,
me janta até o raiar da madrugada!
Tem ela, nesse olhar, o seu feitiço
que, ao seu querer, me faz ser submisso
e acabo que desperto em sua cama…
Assim, dessa maneira, o olhar me dado
me põe, a tal desejo seu, atado
até que eu me consuma em sua chama!
" FINGES "
Só finges que não notas! Na verdade
o teu olhar não perde nenhum lance
e, mesmo quando eu olho de relance
me flagras na maior cumplicidade!
Percebes a intenção nesse romance
e a tratas como singularidade;
um vício herdado lá da mocidade
que ainda se mantém ao meu alcance.
E te divertes com o que flagrado
à espera de colher do resultado
já visto que ficou tudo evidente…
Me flagras! Tu só finges que não notas…
Percebo na postura, então, que adotas
que o meu olhar te deixa bem contente!
" INESPERADO "
Um dia o amor nos chega, inesperado,
pulsante de paixão, em calmaria,
por vezes num olhar que nos sorria
mas sempre bem melhor que o planejado!
Então, como o nascer de um novo dia
carrega o que é surpresa do seu lado
iluminando tudo o que sonhado
e surpreendendo a alma em sua magia.
Estrelas ganham vida, o sol, a lua,
e torna-se poesia a luz da rua
por onde o sentimento nos procura…
Inesperado, um dia, chega, o amor,
na forma de carinho aberto em flor,
sem drama, sem pudor, sem ter censura!...
" INFINDA "
Às vezes loiro, liso ou ondulado,
moreno, crespo, ruivo, sem pintura,
puxando pelo branco, já na alvura,
tingido por estar agrisalhado…
Ou ralo pela idade, com fissura,
com pouco trato ou mesmo caprichado,
cabelo deixa o rosto emoldurado
e, assim, destaca o belo da gravura.
Mas, não é dele a graça e formosura!...
O belo é da mulher que lhe depura
e, até careca, a vejo sempre linda…
Quer seja loira, ruiva ou se morena,
sem ter cabelo algum, alta, pequena,
mulher vem sempre c'uma graça infinda!
" DESIGUAL "
O desigual, às vezes, favorece
e, o que fora de prumo, dá sentido
ao belo, ali contido e adormecido,
que, sob o nosso olhar, então, floresce!
A estética diria haver despido
o que a beleza, aos olhos, enaltece
e não se sabe como isso acontece,
mas fato é que há o perfeito no descrido.
As diferenças não são mais notadas
e, as formas desiguais, lá, desprezadas
porque o conjunto todo, ao fim, agrada…
E, o que era pra ser feio, fica lindo
enquanto essa beleza vai remindo
ao que tocado foi por mãos de fada!
" PROPOSTA "
Deixei-te sem palavras, sem resposta,
sem dúvidas que, até, desconcertada,
surpresa, constrangida, apavorada
quando eu te perguntei se estás disposta!
Assim, de bate-pronto, na jogada,
o susto ajuda na questão suposta
deixando tu’alma totalmente exposta
sem ter qualquer suspeita arquitetada.
Então, fala mais alto a carne em jogo
do que a razão, ao ponderar o rogo,
abrindo, ao fim, caminho pra paixão…
E, sem palavras, sem resposta pronta,
ponderas que a proposta não te afronta
e acabas, pois, na palma, aqui, da mão!
" GUIA "
Eu perguntei pro curso do destino
pra onde é que me leva a sua estrada
de curvas e ladeiras, pois, formada
de modo que o final não descortino!
Se a travessia imposta na jornada
oculta-se nas páginas que assino,
como é que vou colher do seu ensino
e compreender qualquer lição me dada?!
Queria antecipar o fim da história
pagando, à vista, assim, a promissória
a quem prestar as contas vou, um dia…
Mas o destino, sem qualquer resposta,
mandou que eu aumentasse, enfim, a aposta
e me arriscasse a prosseguir sem guia!
DE UM ABRAÇO NO VAZIO
À medida que os anos vão passando
as nossas ambições materiais
vão cedendo lugar às ambições
de natureza emotiva.
No campo da emoção
é sempre ou quase sempre assim:
mais avançamos na idade,
mais crescem, mais se acentuam
dentro de nós as carências.
A propósito,
um dia desses eu me perdi
na ansiedade da espera
por um abraço presencial
de alguém por quem tenho
um amor sem limite,
e que, depois de bom tempo de ausência,
esteve bem perto de mim,
mas não se dispôs a se aproximar
um pouco mais,
a fim de que meus braços abertos
não se fechassem no vazio,
sem que se completasse o gesto
do abraço esperado...
Saí de cena, sem lamento, sem choro,
sem condenação e sem buscar justificativas,
porque o tempo me ensinou,
além de muitas outras coisas,
a bloquear os prováveis efeitos
dos sentimentos menores,
tipo tristeza e mágoa.
Se algo me incomodou,
foi simplesmente a consciência
de não ter aprendido a lidar,
diante de uma grande expectativa,
com essas sensações
de frustração.
REALIZAÇÃO
Eu te encontrei, não sei se por acaso,
mas logo me encantei contigo,
quando eu já tendia a desistir
da busca por alguém
com quem compartilhar
verdades e mentiras,
ternuras e loucuras,
carinhos e arranhões,
erros e perdões
e tudo mais que flui da comunhão
do homem e da mulher,
na vivência do amor.
Entrei em tua vida,
não para visitar-te apenas;
sim, para fincar minha bandeira
na terra rubra de teu coração
e com tua cumplicidade
disfarçada em “nãos”
que eu entendia “sins”,
fixar-me, isso mesmo,
ficar permanentemente dentro dele
e dar-te sempre razões
para que o ouvisses bater de satisfeito
por eu tê-lo ocupado.
Era a única realização
que me faltava,
pois quando saí
em busca da mulher ideal,
que se materializou em ti,
deixei sepultados
no lugar de onde vim
todos os meus projetos
de conquistas amorosas,
exceto este, cujo objetivo
já posso declarar
plenamente alcançado.
sentir pulsar
entre o claro e o escuro,
é claro que o ritmo permanece:
descompassado, obscuro
(à espera de cura)
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