Poema de Pobre

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Se nunca nasceste de ti mesmo, dolorosamente, na concepção de um poema... estás enganado: para os poetas não existe parto sem dor.

Mario Quintana
Trecho de carta. In: A vaca e o hipogrifo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

filosofia da composição

sempre sonhei compor um poema narcísico
com tetas como tempestades e as
furibundas fêmeas com quem copulou
o bardo Gérard Éluard Du Kar´Nehru
na mui sensualmente San Sebastian
ciudad de los enganos
mas a musa dos meus verdes anos
perdeu-me em sua primavera de pentelhos
e, ainda melhor, furtou-me o espelho

O amor quando se alberga
no peito do rico ou pobre
se torna logo um guerreio
com capacete de cobre
e só obedece a honra
porque a honra é mais nobre.

Se o amor é soberano
a honra é sua coroa,
portanto, um amor sem honra
é como um barco sem proa,
é como um rei destronado
no mundo vagando à toa.

A morte não tem preconceito
Rica, pobre, branco, negro...
Todos ela vem, todos ela pertence
Semelhante a uma faixa
Sua visão se ofusca
Mata de olhos cobertos
Nada sente, nada busca
É moral e Imoral
Além do bem ou mal
Que cure a última doença
Seja o médico do espírito mais leve
Pois o meu está pesado
Ficarei mais um pouco
Se me permitir, é claro.

Poema à Mãe

No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe

Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha — queres ouvir-me? —
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...

Mas — tu sabes — a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.

Eugénio de Andrade
ANDRADE, E., Os Amantes sem Dinheiro, 1950

Poema do Dia das Mães

Mãe, sem você não sei viver;
Sem você não sei amar;
Sem você não sei cantar;
Mãe, não existo sem você!
Mãe, te amo!

"" Quero ser poema em sua vida
Quero ser um sorriso
E ainda que circunstâncias nos afastem
Temos na poesia o elo que nos mantem... ""

“” Você é a novidade em um poema de amor
É o êxtase, a flor do tempo
Não sei por enquanto
O que posso pedir
Nem se devo comentar
Mas levo da eufórica realidade
O supra sumo do desejo
Raro troféu dos anjos
Que um punhado de ouro nunca comprou
E quem a conquistou,
Sorte demais pra quem tudo quis
Você é grata surpresa
E toda leveza de ser feliz
Logo mais chegará a paixão .
Rugida ao luar
Capaz de fundar a imortalidade na alma
Do acaso que nasceu pra ficar...””

Poema da cachoeira

É a mesma estação rente do trem
Toda de pedra furadinha
Meu pai morou alguns anos aqui
Trabalhando
Um dia liquidou
Ativo passivo
Cinco galinhas
E deram-lhe uma passagem de presente
Para que eu nascesse em São Paulo
Como não houvesse estrada de rodagem
Ele foi na de ferro
Comprando frutas pelo caminho

Oswald de Andrade
ANDRADE, O. Poesias reunidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971

De você, tive pouco.
De mim, dei-lhe muito.
De nós, nada.
De resto, tudo.
Do fim, adeus.

A CAMINHO DO AMOR

Procuro do seu olhar
Que me fazem viajar
Para no mundo de quem sabe amar
Sem ter que pagar

Procuro a doxura dos seus labios
Finos cloridos e gostosos
Que me fazem chegar na terra dos
santos
Sem praticar os dez mandamentosi

Procuro das suas maos agradavel
Que masaagiam o meu corpo
menos anavel
Recompondo o meu sistema vital
Sem ir ao hospital
procuro do seu amor
Que faz acordar o meu coraxao
Queimado pelo suor do calor
Do coraxao da escravidao

POR: DURAO

EU SOU ISSO POETA CAFRIAL

Inserida por DuraoTivane

⁠Numa floresta bem distante vivia um leão que era muito temido por todos os animais que lá moravam. Ele gostava de caçar e andar por todos os lugares.
Certo dia cansado de tanto caçar e já com a barriga cheia, dormia espichado debaixo da sombra de uma boa árvore. Veio um ratinho passear por cima dele e ele acordou.
O leão acordou muito nervoso e prendeu o ratinho debaixo de sua pata. O ratinho ficou apavorado com a situação que se encontrava. Tanto o ratinho pediu e implorou que o leão desistiu de comê-lo e deixou que fosse embora.
O tempo passou e o leão estava em seu passeio matinal, sem perceber, ficou preso na rede de uns caçadores. Não conseguindo se soltar, fazia a floresta tremer com seus urros de raiva. Não tinha quem não escutasse os urros do leão feroz.
O ratinho, que não estava muito longe do lugar, foi ver de perto o que estava acontecendo. Quando chegou, se deparou com o leão preso na armadilha, no mesmo momento o ratinho, com seus dentes afiados, roeu as cordas e soltou o leão.

Inserida por ana_luiza_souza_2

“...Tu és pobre, trabalha; tu és ignorante, estuda; tu és fraca, arma-te!
E quando tiveres trabalhado, estudado e armado, eu, se for necessário,
saberei morrer contigo! Eis o nobre patriotismo dos patriotas..!.”

Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas

E entre quatro paredes densas
DE funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
com o poema do tempo.

POEMA SAPIÊNCIA DE NORDESTINO
Orgulho-me de ser nordestina, não tenho vergonha de falar, somos um povo alegre temos historia para contar, não fale mal da minha cultura tenho orgulho de ser de lá!
Só, fala mal de nordestino, quem não sabe da missa a metade, eu nunca vi um povo mais sofrido com tanta criatividade!
Nordestino não tem dinheiro, mais vive na riqueza, são tantos contos que contam que choramos de rir, o que falta em dinheiro, sobra em criatividade!
É tanta sapiência neste povo sofrido, eu não vi em outro lugar só do povo nordestino!

Poema

Todo o negro dos teus cabelos
Tudo que cerca o teu olhar
Até as coisas mais simples
São tudo

Cada pedaço do teu rosto
Até aquele seu moletom fosco
Pequenos detalhes
Quase ínfimos
São tudo
(e um pouco mais)

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.

A arquitetura como construir portas,
de abrir; ou como construir o aberto;
construir, não como ilhar e prender,
nem construir como fechar secretos;
construir portas abertas, em portas;
casas exclusivamente portas e tecto.
O arquiteto: o que abre para o homem
(tudo se sanearia desde casas abertas)
portas por-onde, jamais portas-contra;
por onde, livres: ar luz razão certa.

Até que, tantos livres o amedrontando,
renegou dar a viver no claro e aberto.
Onde vãos de abrir, ele foi amurando
opacos de fechar; onde vidro, concreto;
até fechar o homem: na capela útero, com confortos de matriz, outra vez feto.

Por trás do que lembro,
ouvi de uma terra desertada,
vaziada, não vazia,
mais que seca, calcinada.
De onde tudo fugia,
onde só pedra é que ficava,
pedras e poucos homens
com raízes de pedra, ou de cabra.
Lá o céu perdia as nuvens,
derradeiras de suas aves;
as árvores, a sombra,
que nelas já não pousava.
Tudo o que não fugia,
gaviões, urubus, plantas bravas,
a terra devastada
ainda mais fundo devastava.

O Engenheiro

A luz, o sol, o ar livre
envolvem o sonho do engenheiro.
O engenheiro sonha coisas claras:
Superfícies, tênis, um copo de água.

O lápis, o esquadro, o papel;
o desenho, o projeto, o número:
o engenheiro pensa o mundo justo,
mundo que nenhum véu encobre.

(Em certas tardes nós subíamos
ao edifício. A cidade diária,
como um jornal que todos liam,
ganhava um pulmão de cimento e vidro).

A água, o vento, a claridade,
de um lado o rio, no alto as nuvens,
situavam na natureza o edifício
crescendo de suas forças simples.