Poema de Mario Quintana a Pessoa Errada
Se não estás disposto a matar aquele a quem pretendes odiar, não digas que o odeias; estás a prostituir tal palavra.
Os homens são sempre mais verbosos e fecundos em queixar-se das injúrias do que em agradecer os benefícios.
A verdade é tão simples que não deleita: são os erros e ficções que pela sua variedade nos encantam.
A igualdade repugna de tal modo aos homens que o maior empenho de cada um é distinguir-se ou desigualar-se.
É tão fácil o prometer, e tão difícil o cumprir, que há bem poucas pessoas que cumpram as suas promessas.
Há tantos vícios com origem naquilo que não estimamos o suficiente em nós, como no que estimamos mais.
As pessoas importantes fazem sempre mal em se divertir à custa dos inferiores. A troça é um jogo, e o jogo pressupõe a igualdade.
Ser-se livre não é nada fazer, é ser-se o único árbitro daquilo que se faz ou daquilo que se não faz.
Um homem que acaba de arranjar um emprego já não faz uso do espírito e da razão para regrar a sua conduta e as suas atitudes perante os outros: toma de empréstimo a regra do seu posto e da sua situação; donde o esquecimento, a altivez, a arrogância, a dureza e a ingratidão.
Ainda é mais fácil avaliar o espírito de um homem pelas suas perguntas do que pelas suas respostas.
O que vulgarmente faz que um pensamento seja grande é dizer-se uma coisa que nos conduz a muitas outras.