Poema de Amigo de Augusto dos Anjos
Desejos e lembranças.
Lembrando- me de seus olhos.
Lindos como o amanhecer,
Misteriosos como o silêncio,
Sublimes como o viver.
Não esqueci de seus lábios.
Tão belos e ardentes.
Contendo o mais doce mel.
Pura sedução envolvente.
Recorda-te de seu calor.
Que aquece alma e coração.
Numa mistura ardente,
De desejos e sedução.
Seu sorriso iluminado.
Brilhante como a luz.
Encantador e radiante,
Como seu jeito que seduz.
Talvez
(mas só talvez)
As minhas paixões estejam
Apenas na minha cabeça
Talvez eu não as conheça
Talvez em mim
Eu amanheça
Sem tristezas
Quem sabe das minhas paixões
Se nem eu as sei?
Quem sabe o que isso significa
Talvez
(mas só talvez)
Eu naufrague em meus
Próprios sentidos
E ainda assim,
Sem nada sentir
Talvez
A ideia é não ter ideia
Só assim
Transparentes de nós
Conseguimos mudar
de estação.
O jeito é não ter jeito
Entregar meu microcosmo
Ao universo dos meus pecados
Que não são pecados,
apenas traços de mim
A que melhorar
A que me conhecer
de verdade
A quem desejar
Além de mim.
Saltitam os caracóis
Quando caíram ao chão
deslizando dos lençóis
Estes fogem da água
como quem foge do
comum.
Saltitam os caracóis
em direção aos seus
próprios sóis
Ah,
Caracóis de mim...
Deito a caneta
sob os papéis
dos meus
sonhos
porque já estou indo,
por hoje
partindo
mas antes de dizer
adeus,
eu quero lhe
d e s e j a r
os sonhos
teus.
Não envelheço
Me lapido entre os espaços
Entre mim e eu
Aguardo os cabelos brancos,
os reais
Que lugares e pessoas
gentilmente me concederam
e os planos falhos me ensinaram
Aguardo como quem tem apenas
O hoje de presente
Assim,
Agradeço a você
Que me lê
Apesar de mim.
Ouço muito e de toda gente
Que nem tudo são flores
Pasmos às dores da vida mansa
/ ou de navegadores.
Para essas flores,
Haja campo
Recanto
Amores
Mas com dores!
Ora, pois nem tudo são flores
Meus desenhos estão todos engavetados
com riscos pretos.
Tênues entre a verdade e a exatidão
sem margens, sem papel, sem arte
todos engavetados
plenos de razão, frouxos perante qualquer convicção
mas com linhas escuras limitando sua exatidão.
Nada me feriu mais
em calor frio da minha pele
do que amar.
Dos amores que escolhi
Aos amores que tive
Para os amores que nunca apareceram
Entre os amores que nunca amei.
Nada me doeu mais
do que os sentimentos que matei, sufoquei
Me doei e arrisquei.
Sequestrei em tempos de escassez.
Engraçado,
Pois nunca ninguém amei.
Pequena pobre formiga
Não vê que o tempo passa
e ela só trabalha e procria
Pequena pobre formiga.
Mas ela não tem culpa
De residir numa sociedade normativa
e não criar abstratas expectativas.
CRIE EXPECTATIVAS! Pequena pobre formiga,
Pequena pobre formiga...
O amor é uma ideia que um bêbado teve, sentado no boteco em que é freguês.
As ideias dos bêbados são ótimas... Sempre dão certo enquanto dura a embriaguez.
Quando o porre passa, a ideia perde o encanto... Vem a triste realidade outra vez.
Então, antes que meu porre passe e a realidade venha de vez... Garçom, desce mais uma dose dupla e sem gelo, aqui na mesa seis!
Para aquele que se preocupa com o tempo do amor... para aquele que vive fantasiando e prometendo amor eterno... Para esse, o "para sempre" um dia acaba.
Já, para aquele que sabe que amor não é coisa de tempo... para aquele que decide amar a cada novo "hoje"... Para esse, o "para sempre" um dia chega.
É fogo ardendo em chamas
É chama virando brasa
É brasa virando cinza
É cinza virando poeira
É poeira que o vento leva
Agora,
No chão não há brilho
No chão não há chama
No chão não há calor
Só restou a marca de um incêndio.
A marca de um incêndio
Que enquanto estava queimando
Também estava se apagando
Amor não é fogo
Amor não queima
Amor não apaga
Amor não vira cinzas
Amor aquece como o fogo
Amor brilha como a chama
Mas amor não é fogo
que se apaga e vira pó.
Dramática limitação
Minha poesia é dramática,
acatafasia de temáticas vividas,
ama sucessão de ideias repetidas,
limitadas pela gramática...
Sentimentos em forma enfática,
exprimidos em frases batidas,
é osistema com suas medidas,
tornando minha poesia apática...
Assolado pela falta de instrução,
à insipiência, condenado estou,
ainda assim, sigo na contramão...
Incomodando,por todo lugar onde vou,
indesejável anticlimax de talobjetivação,
umgoleiro, a voar na bola e evitar o gol.
Soneto de realidade
Outra vez uma história mal contada...
E acada frágil argumentolançado,
quebro, como umvaso despedaçado,
retrato da minha alma machucada...
A decepção bruscamente instaurada...
O afeto assim se fez, menosprezado,
a confiança, este bem tão estimado,
destruída, implodida; reduzida a nada...
Humilhado, sem ter tidoo ônus de errar,
iludido, perdido no limbo desse ínterim,
até sentir o açoite da traição aestalar...
Respiro consternado, perante o fim,
quizera eu, apenas a utopia de amar,
sem que fosse usado isso, contra mim.
Cantilena
Minha vida é mesmo tediosa,
é uma sucessão de mal-entendidos,
tantos amores não correspondidos,
é uma experiência dolorosa...
Realidade pouco gloriosa,
de vários fracassos assumidos,
infinitos sonhos mal-sucedidos,
triste vida, injusta e morosa...
Tal qual um filme de roteiro chato,
em que pouca coisa acontece,
me conduzindo ao tédio de fato...
E por isso meu coração perece,
tornando-me mais um poeta barato,
enquanto Deus de mim, se esquece.
Onicofagia
Nos limites mais extremos da tensão,
a assumir caráter destrutivo...
Tendo como berço cativo,
o tédio, a ansiedade e a depressão...
Válvula de escape em momentos de pressão,
tendo como princípio ativo,
um forte instinto auto-depressivo,
que nessas horas sobressai-se a razão...
A angustiante espera por definição,
acaba sendo o principal motivo,
até que enfim apareça uma solução...
Que venha modificar o ambiente apreensivo,
e então, os dedos doloridos de minha mão,
serão a prova, de que ainda estarei vivo.
O abstrato mito do silêncio absoluto
Um dia resolvi contemplar o silêncio absoluto,
queria saber o que estaria além de tudo o que escuto,
determinado contra os barulhos do mundo me isolei,
em um ambiente de total isolamento acústico tentei...
Surpreendentemente meu objetivo não pude alcançar,
impedido por sons sincronizados de meu respirar;
tomei fôlego, prendi a respiração, tentei novamente;
e percebi o quanto a tentativa se mostrava incoerente...
Talvez tal silêncio seja incompatível com a vida;
já que esta é movimento, respiração, pulsação;
estagnação vital é algo insustentável e sem medida...
Talvez a morte seja este silêncio em real definição...
Pois em vida não passa de sentença desmentida,
refutada por compassadas batidas; do meu coração.
Me condenaste ao limbo
Eu sou a página virada,
o sonho que não vingou,
a felicidade que acabou,
o tudo que tornou-se nada...
Sou a ironia velada
do momento que passou,
e da lembrança que restou,
sou a saudade jamais exaltada...
Triste dor... A sua indiferença,
me conduziu ao buraco em que estou.
Se de sua vida você me exclui
a inexistência do que outrora fui,
faz de mim o que agora eu sou...
Ausência, ausência; ausência.
Argucia
Sou um animal frágil e pouco competitivo,
sou um cidadão pobre e sem influência;
sou mais um ignorante subnutrido,
e não bastasse minha própria miséria,
ainda sou um perdedor por excelência...
Mas de minha realidade sou consciente,
clássico exemplo de humano angustiado,
as vezes agindo de forma incoerente...
Por vezes deprimido, por vezes irado;
no fundo, no fundo... Um pobre coitado.
Defeitos me conduzem a beira da imperfeição,
sou falho; e por isso mesmo sou humano...
Pois onde somente o mais forte sobrevive,
onde não há espaço para compaixão e delicadeza;
ser humano é subverter as próprias leis da natureza.
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