Poema da Liberdade
Somos assim. Sonhamos o voo, mas tememos as alturas. Para voar é preciso amar o vazio. Porque o voo só acontece se houver o vazio. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Os homens querem voar, mas temem o vazio. Não podem viver sem certezas. Por isso trocam o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram.
Nota: Trecho da introdução do livro. O pensamento muitas vezes é atribuído erroneamente a Fiódor Dostoiévski. Acredita-se que a confusão aconteça por Rubem Alves mencionar o escritor e a obra "Os irmãos Karamazov" na introdução do livro "Religião e Repressão".
...MaisÉlcio José Martins
LIBERDADE! LIBERDADE! LIBERDADE!
Quero uma
Quero a Liberdade de escolha,
Quero a escolha da liberdade.
Não quero a régua da obrigatoriedade,
Por aqueles que se dizem os donos da verdade.
Quero que me ensinem a ler,
Mas nunca o que devo ler.
Quero que me ensine ser,
Mas nunca me dizer o que fazer.
Quero sapatos com laços,
Sempre andar com meus passos.
Na escola quero conhecimento,
Ideologia cabe ao meu discernimento.
Quero livros que separem o bem do mal,
Acender vela com a proteção do castiçal.
Aprender bem a lição,
Comer meu pão com o poder da minha mão.
Poder comprar e produzir,
E ter coragem pra fazer.
Ter saúde pra comer,
Sempre ter por merecer.
Não quero troca de favores interesseiros,
No bonde da história, viajantes e passageiros.
Andar no vagão de preferência,
Ser educado e a Deus pedir licença.
Respeitar hierarquias,
Abominar deboches e anarquias.
Leis que protegem o coletivo,
Rechaçar o poder mais abusivo.
Que o País vire Nação,
Acabe com o poder da corrupção.
Prenda os larápios de ocasião,
Elimine o político enganação.
Liberdade quero como vizinha,
Como o cardápio do chef de cozinha.
Faces rubras e felizes,
Erros apenas por deslizes.
Chico disse que amanhã vai ser outro dia,
No verso codificado escondeu o que pretendia.
Quem manda quer o direito da partilha,
Fechou em submarino e lacrou a escotilha.
Aprender falar,
Mas não o que falar.
Aprender andar,
Mas não pra que lado andar.
Quero infância sadia,
Ao lado da mãe, do pai e da tia.
Quero o direito da família decidir,
Quais os caminhos deve o filho seguir.
Liberdade! Liberdade! Liberdade!
Sem discurso barato e muita sinceridade.
Liberdade! Liberdade! Liberdade!
Dançando cidadania e plantando dignidade.
Élcio José Martins
Sem eleições gerais, sem uma liberdade de imprensa e uma liberdade de reunião ilimitadas, sem uma luta de opiniões livres, a vida vegeta e murcha em todas as instituições públicas, e a burocracia torna-se o único elemento ativo.
O tempo se torna longo quando a ansiedade fica perto.Rouba a luz do caminho e remove o que há de mais belo.
No momento em que o hedonismo se instaura, perde-se a compaixão, rompes-se a moral e aos poucos morre o convívio social.
Até quando o tiro vai acertar só desfavorecido , até quando o preto pobre vai rotulado morrer como bandido.
Com o fim da pandemia a sociedade terá a queda das máscaras, mas infelizmente apenas as físicas. Já que as outras servem para sustentá-la.
De repente, sou atingido por esse maremoto, esse tsunami de escuridão, e sei que sou a tristeza nos olhos dela.
Se não fizermos nada, a dor dessas crianças vai se espalhar até alcançar pessoas como você. E isso será um pesadelo do qual nunca vai acordar.
Forasteiro coração
Forasteiro coração sombrio
que vaga por estradas procurando mergulhar os seus pés em algum rio,
ou então despertar em si, um sentimento que ainda não sentiu,
Mas talvez ele não seja tão forte e viril,
pra enfrentar no amor tudo que ele ainda não viu,
ou então pra entender, que a humanidade com tudo destruiu,
Foi tanto egoismo, tanto amor próprio
que o amor ao próximo sumiu...
É coração, acho melhor continuar procurando por um rio.
CABRESTO
[GRITO I]
Pela liberdade que nos prende em falsos nós, façamos de primeiras vezes os nossos relapsos mais sinceros. E que pouco se entenda quando muito se houver de tudo - ou se chover tudo, de uma vez, nas calhas de nossas pálpebras. Pelo inseguro abraço do não dito, deixo que fique dito, e declarado, todos os caminhos por onde o medo vai e vem sem se sentir preso - apenas sentir-se, intimamente, dentro de todas ruas e esquinas de si - onde estão os espaços de minha ausência.
[GRITO II]
Pela liberdade que nos prende em outros tantos nós, façamos das últimas vezes nossos acasos mais sublimes de desleixo. E que nada se entenda quando - livre - se disser tudo, e fizer tudo, e deixar tudo e - novamente - recolher-se nos objetos esquecidos nos braços dos sofás e pedaços de estante, como abraços deslembrados e beijos nunca bebidos antes. Pela viva memória de que o que fica é o que vigora, permita-se embora! Permita o silêncio da prisão por vontade, da liberta ambiguidade. E quanto mais fico, mais em mim é tarde, e ao meu ocaso, anoitecem os lençóis da cidade que ferve becos e vielas, e, cá - adormece o nervo - teu conforto, moço, colore esta vida, embora, ir embora te seja bagatela.
Engraçado é todo aquele que demonstra gentileza, que lhe é agradável, que visa diversão e nos faz rir ou ainda o dotado de formosura. Com o ar da sua graça podemos tornar a vida branda, sorrir faz muito bem eleva a alma e transpira emoção, nos liberta. Mas lembre-se rir de tudo é desespero. Acho graça na criança matuta, quem com suas perguntas indiscretas e tantos “porquês” nos colocam em enrascadas. Redobre a graça ao receber, que com certeza ela irá se convencer e deixará os tão famosos porquês. Mas depois de uma certa etapa, a graça se torna mais sutil e ser engraçado muitas vezes não se tem mais graça. Que pena!
Mas é bom encontrar um amigo numa mesa de bar e juntos gargalhar depois de um copo ou dois que para os outros não se faze compreender, mas aos íntimos se faz todo sentido. Até das adversidades é bom sentar- se na calçada, olhar a situação trágica de um pneu furado e rir da blusa branca engomada, que estava indo para o trabalho e gargalhar, vou ter que voltar para casa, mais essa. Melhor levantar e se refazer e como cômico, não há melhor desculpa a se dar, chegar todo sujo e gargalhar juntos com os colegas na sala de reunião, não podia se atrasar, com certeza entenderão. E olhar aos céus e com ar de graça: “Meu Velho Camarada estou aqui para agradecer”.
Ser engraçado é descobrir o que ainda não foi zombado e se permitir, com muito humor, ser constrangedor. Aí, aguenta firme, se os olhares não forem os melhores, gerou um desconforto, faz parte acontece. Simplesmente, como nada foi, uma palmadinha no ombro, “exagerei amigo meu”. Se recomponha e saia de mansinho e ria depois. O importante da brincadeira é que nada tenha a desfazer, que seja pura ou insolente, mas com muito bom humor. E que seu propósito fundamental é fazer rir meu senhor, para que seja leve, para que seja branda. Hahahahaha ... lá se foi mais um dia para a uma semana que em breve se inicia.
pra quem ainda não sabe o que é ser livre: não criar ilusões com outras pessoas, não se prender a ninguém (pássaro livre fica no mesmo lugar devido ao carinho e boas atitudes e mesmo voando longe sempre volta).
#phaelandrade
