Poema da Geladeira Elisa Lucinda
Ah, meu bem. Meu doce bem...
Se soubesse o quanto desejo o seu colo
O quanto espero colar minha pele à sua
Ouvir sussurrar meu nome nesta voz rouca
Que me deixa louca!
Anseio com desespero pelo gosto da sua saliva
Pelo calor do seu abraço que poe luz na minha vida
... Se soubesse,
chegaria cedo,
me traria um buquê de margaridas
só para me encantar...
Mas não sabe não é?
Mas não é por não saber
ou por fingir não ver, que o amarei menos.
Te amo pelo bem que me faz ama-lo
... Desejo-o pelo simples prazer
de amar você.
E o tempo passou
e você se esqueceu que sem querer,
me ofereceu colo, carinho e abrigo.
Eu fui.
Me aconcheguei em teus braços
E fiz poesia na alegria de me sentir desejada(o).
Como nos tornamos tolos diante do amor!
Você estava brincando
e eu levei tão à sério esse negócio de brincar de amar
que continuo te amando.
AMOR EM LABAREDAS
Quando amo me entrego
Não puxo o freio
Não sei ser meios
Ou sou tua,
ou sou nada.
Tudo o mais é reflexo de mim
Não sei ser menos antes do fim
Não me permito superficialidades
Mergulho nos teus abismos
Nos meus abismos
E te possuo lá
... Onde a razão não adentra
Onde não se permite juízos.
Onde somente o amor dita as regras
Assim...
... Às surdas, às mudas, às cegas
Assim te possuo
Até que me peças mais
Me implores por tudo
E eu vou
Lá, onde tudo o que cabe somos nós
e o grande amor feito labaredas, agora,
que nos consome.
Elisa Salles
@Direitos autorais reservados
◠ ◡ ◢
O QUE É AMAR-TE
Amo-te porque te adorar é o que sei
É tudo o que sei fazer e ouso ser...
A colheita da margarida que semeei
O ondular da onda à belprazer.
Visto que a onda ama beijar o mar
Que chega das longetudes do sem fim
És para mim o sentido do verbo amar
Todo o mau que há e o bem em mim.
Amo-te por ser toda a minha alegria
Panapanás nos infinitos de Deus....
Fiz de ti homem e sagrado. Poesia.
Amo-te no verso livre e no soneto rei
Em cada curva do meu eu feito teu
Amar-te eu escolhi e vivo. É o que sei.
Elisa Salles
@Direitos autorais reservados
Vem comigo no meu caminho...
Vigio teus passos contra os espinhos
Ao meu lado pode até não ser perfeito, mas quando estiver triste pode repousar no meu peito, sentir perfume de margaridas ouvindo o cantarolar de passarinhos...
Somos amigos!
"Tenho visto os homens fazerem guerras contra seus semelhantes
Tenho visto crianças que não podem brincar ou correr pelos campos
Tenho visto muita dor pelo mundo.
Mas também tenho visto irmãos pregarem o amor, a bondade, a igualdade e a tolerância; por causa deles ainda tenho esperança de um mundo melhor."
DIALÉTICA
Qual minha linha poética?
Linha poética?
Não a tenho...
tenho a alma poética.
Serve?
Em mim a poesia nunca se conclui
Estou sempre me transfigurando
Hoje crisálida
amanhã
perversão...
...Amor
revolta
ilusão
Sonho
Melancolia
Raiva
Utopia
Borboleta?
Quem poderá saber?
Sou tantas no poema, meu bem...
E o poema é tudo em mim!
Ele me liberta de todo
Pré( conceito)
Não o escrevo para agradar à ninguém
Não o escrevo nem mesmo para me agradar
É uma necessidade. Entende...?
Varro as madrugadas em busca constante do poema
Sou dependente do poema
Das suas leituras de mim
Perdoem-me por eu ser assim...
Intensa demais
Loucura demais
Dor demais
Afeto demais
Amor,
ah, se soubesses...
Quanto amor
Demais!
Mas não sabes
E nem poderás, jamais
saber...
Mas não importa
Não muda nada
A poesia em mim é tudo o que sou
O que fui um dia
e o que talvez nunca venha a ser!
Razão de ser...
No mais
nada mais a dizer...
Elisa Salles
As vezes o céu se torna escuro
e as tempestades se anunciam com todos
os seus trovões e relâmpagos.
Nesta hora precisamos parar, pensar e buscar no nosso
interior a fé, que é a condição de crer no impossível e ainda
improvável.
Desta forrma, em meio ao furacão podemos visualizar
dias de sol e campos cheios de flores.
Gratidão
Geralmente estamos mais ocupados em reclamar pelo que nos falta
do que agradecendo por tudo que possuímos.
"Estamos enjoados de comer frango ou carne vermelha"
"Estamos enjoados de nossas roupas, sempre as mesmas"
"Estamos enjoados deste ou daquele perfume"
Será que já pensamos, hoje, naqueles que nem podem se cansar
de nada, porque não possuem nada para se enfadar?
Não podem enjoar de comer arroz com feijão. Porque nem isso tem!
Enjoar da mesma grif?
Não possuem um pano para cubrir seu frio!
Perfumes? Não possuem água para tomar banho, muito menos
uma barra de sabão!
Como somos ingratos na maioria das vezes!
Se não podemos ser gratos, que sejamos ao menos conscientes!
Primavera de ilusões
Desce o sol sobre o solstício da mãe primavera
Um anjo palhaço voa, à anunciar novos sonhos
Ilusões para empurrar, no mar o barco à vela.
Utopias e devaneios de poetas tristonhos...
Terras do sem fim, ai de mim que as conheço!
Ai do meu poema que viu, e ouviu as verdades...
A dor que ignoraram, as senti e sinto__ Padeço!
Quando a ventania usurpou-me, má, as vontades
E de todas as incertezas desta vida. Sã loucura...
Das solidões que invadem as almas nas madrugadas
A minha é aquela que para a qual não houve cura.
Mas danço ainda o bolero dos que fingem alegria
E fingindo permito que a noite abra suas asas...
E a noite não tem luar. Eu, nem amor ou poesia.
DESVELO...
Venha querido
Vem amar-me em meio às estrelas
Não peça permissão às horas,
nem à Deus
...nem à mim.
Ama-me mesmo quando eu não disser sim.
Tu entendes os meus silêncios
Ouves o meu olhar como ninguém mais
Entendes o dialecto do meu corpo
Decifras todos os meus enigmas
Tu, meu doce bem,
é todo o bem que há em mim!
E quando eu estiver quieta
faça festa nas minhas entrelinhas.
Estando eu séria, borda sorrisos na minha boca
com a boca tua...
Cheira meus cabelos
Beija a ponta do meu nariz.
Ternura que eu sempre
quis.
...E quando eu estiver pronta, me leva às nuvens,
tão alto, tão alta,
embriagada na tua saliva,
inocentemente lasciva,
eternamente cativa
do amor teu
nos versos e mundos meus.
Sim meu bem...
Ama-me até a lua se despedir do céu de breu
e o sol nascer nas curvas do meu corpo saciado,
devaneado,
pelo apego teu.
Elisa Salles
( Direitos autorais reservados)
Tu, tão amigo...
Eu, querendo-te " Tão amante"
Te sonhava à cada instante, em qualquer vento,
num canto qualquer!
...Eu, pobre menina apaixonada
... Tu amigo da velha mocidade
Em mim, serás sempre saudade
do meu primeiro amor,
que era amizade.
Elisa Salles
(Direitos autorais reservados)
EXTASIADA
Eis-me aqui
Plenamente contente de ti
Meu tapete, as flores que me deste
Lembranças de um terno amor,
doce
aconchegante
imenso em gentilezas e carinhos...
E como há ternura nestas lembranças
Me perco em magias e encantamentos
Em brumas de sonhos
Êxtase sem fim...
Em tudo há cor
Um cheiro nosso, dos nossos cansaços
de amor, ainda solto pelo ar, em movimentos
circulares, invocando energias de desejo
e empatia.
Assim somos nós...Almas entrelaçadas.
Penso tanto em ti__ Saudades.
Oxalá que neste momento
eu esteja nos teus pensamentos...
...Tanto quanto habitas o meu.
Elisa Salles
( Direitos autorais reservados)
PLENITUDE
Ouve amor o silêncio
O mar aquietou o burburinhos de suas ondas
O vento calou-se nas folhas dos coqueirais
Todos dormiram mais cedo
como se soubessem do grito
de amor no nosso peito.
Estamos alheios ao futuro
Dele nada queremos saber!
Basta-nos às nossas loucas bocas,
os beijos do presente,
as carícias nas carnes quentes
Nos avivando...
Nos definindo...
Nos embalando pela noite adentro.
Hoje estamos.
Somos...
...plenos
em nós mesmos.
Isso nos basta
O amanhã ainda não existe,
e para sermos sinceros,
não nos interessa saber.
Elisa Salles
( Direitos autorais reservados)
CONSTATAÇÃO
Nas noites frias
sinto tua falta
já nem é mais saudade
é desespero mesmo!
A ausência da tua pele quente
tocando a minha com intimidade,
da sua voz grave, sussurrando desejos,
o toque úmido dos teus beijos.
Meu Deus!
Quanto desalento!
São nessas noites sombrias
Que chego à triste constatação
de como sou sozinha...
SEM VOCÊ
Sem você, meu amor
Sou flor sem jardim
Jardim sem luar
Luar sem amantes...!
Sem você,
Sou um rosto na multidão
Perdida na esperança de um " Nunca"
Sou mar sem sol e sem barquinho
Uma pintura sem viso e sem moldura
Largada num canto de uma sala escura!
Sem você, meu amor.
sou dor sem analgesia
Drummond sem poesia
Poesia sem verso ou rima...
...Ou universo!
Bailarina sem sapatilhas
Música sem som
Beijo sem paixão...
Sem você, meu amor, sou o que não sou
Aquarela sem cor... Sou só desamor!
UM FIO APENAS...
Há um fino fio a segurar o amor de minha vida...
Tão tênue quanto o amanhã _ Anseia e apavora
Nada ampara. Nada jura. É emaranhar de dúvida
E meu Deus, este "talvez" consome e devora!
E apesar desta perplexidade, vive,fiel a si mesmo
Alheio à indiferença constante, má e impiedosa
Num acalento de doçuras, ao vento e a esmo...
Sentimento que sangra ao espinho.Cuida a rosa.
É insubmisso. Acalenta, só, toda a larga devoção
Enquanto voam gaivotas sobre um mar de sonhos
Tortura a alma. Desejos da voz, do toque_ Canção!
E os dias, voam loucos de encontro à cousa alguma
Tempestades de saudades arrastam todos os risos
Um fio de seda à sustentar,só, um mundo de ternura.
Elisa Salles
( Direitos autorais reservados)
QUISERA, APENAS QUISERA
Quisera ouvir de tua boca a doce promessa
De que jamais me negarás os teus carinhos
Mas sou águas profundas de incertezas...
Eu... Que faço de ti minha casa, meu ninho.
Mas como pedir-lhe tal gentileza maior
De jurar-me teu desvelo eterno em amor?
Se é minha, a sina de amar-te tão imenso
És meu tormento e meu lagar, fel e dulçor.
E fito os teus olhos__ Dói-me o coração
Um véu de alheamento te levas de mim.
Tu, que és meu universo de sóis de açafrão.
Quisera águas fundas dos teus pensamentos
A brisa que te beija lá no cume dos morros...
Mas contenho-me em amar-te em silêncio.
Elisa Salles
( Direitos autorais reservados)
A paz
Paz em minha casa
Paz entre meus filhos
Paz em.meus pensamentos
Paz nas situações diárias
Nas relações sociais
Paz para aceitar as pessoas como elas são
Paz com meu passado
É sobretudo paz para ter paz.
HÁ POESIA
No começo era o silêncio
Imenso
Denso
Espectral e abismal
Tão tocante, o grande Deus
Sozinho
estéril , ainda , dos filhos seus.
E então uma voz soou do profundo de tudo
Insondável, assombrosa no cume do mundo:
_Haja Luz!
Houve dia...
Então fez-se o verbo
da boca do Poeta soberbo.
Há poesia!!!
