Poema da Geladeira Elisa Lucinda
SONETO DO APELO PELA AMADA
Ah, minha querida borboleta azul margarida...
Sabes o quanto a amo, magia dos meus sonhos?
De que me valem meus dias, agora sem vida?
Fazendo-te ausente, faze-me árido. Tristonho.
Se não voltares à revoar aos meus jardins de luz
Secarei sob um sol causticante de saudades e dor
És minha bela e fresca formosura de flor de alcaçuz
Resgata-me querida, deste céu de solidão sem cor!
Nunca encontrarás um amante mais devoto e fiel
Por ti buscarei estrelas nas galaxias mais abismais
Volta amor dos meus dias, sejamos tal como antes.
Quando sugávamos da boca um do outro o puro mel
Uma canção perfeita, nossos risos, nunca viram iguais!
Volta querida. Só tu me fazes feliz num instante. !
NO TEU CORPO
No teu corpo
No teu corpo
meu corpo verbaliza...
Fluentemente
eloquentemente.
Alimentada
pelo toque sutil
dos dedos teus.
Me contorço
em desvelos
em múrmurios
canto em fagulhas de versos!
Não somos apenas amantes
Não somos apenas corpos
que se tocam e se blindam.
Somos poesia!
Cosmo e universo.!
Elisa Salles
O BEIJO NA CHUVA
Beija-me querido
Não te atentes para a chuva que cai
Deixe que o céu lave nossas almas
de todo desamor,
de toda apatia...
Vamos nos encharcar de toda ternura
que pudermos conter!
E enquanto a chuva cai, fina sobre nós,
tornemos esse momento nosso
Intocável, memorável...
Celebremos nossa mocidade
Nossa vivacidade
Essa liberdade que temos para nos tocar,
nos deixar sentir em plenitude...
Vivamos o amor, enquanto a chuva
molha nossos rostos...
Solenizemos o hoje!
O amanhã talvez não venha
Ou talvez, esse momento se transforme
em uma lembrança tênue de um dia chuvoso,
embalado por alguns beijos despreocupados.
A lua que brilha no seu céu,
é a mesma que brilha no meu!
Oxalá que o amor que queima
no meu peito, seja o mesmo
que arde no seu!
UM TEMPO...?
Pede-me um tempo,... Um tempo?!
Que momento nosso pede-me?
Acaso poderá levar o momento
Preciso em que "Fomos?" Diga-me!
Tomas de mim as juras de fidelidade?
O segundo preciso em que me amou?
O ciclo indefinível que à ti me fiz verdade
Levarás o que? Algo de nós sobrou...?
O que do nosso enlace foi " Demais"?
Ousas pedir-me um tempo, minha vida?!
Se algo " Não foi"... Então leva o" jamais!"
Nunca te entregarei nossas eternidades.
Se queres ir. Vá!_ Não mencione o tempo.
Do meu amor não fará, nunca, brevidade!
PERDOE-ME
Interessante,
não sou eu.
É meu eu fora do meu eu
que sorri cada vez que um pensamento te traz à mim.
... Então, benzinho
perdoe-me por meu fazer riso o tempo todo.
Não sou eu
É tu,
em mim.!
CAMINHOS ENTRECUSADOS...
Em certa altura da vida,
Em meio à alegria e a dor,
encontrei lírios e rosas.
entre eles o seu amor
Minha amiga e amada
és alma em poesia,
a dor e a alegria,
Euforia e melancolia...
Em expressão de amor.
Juro-te toda a ternura
meu acalanto, meu canto
nos dias, nas noites
e madrugadas escuras!
Refletido em poemas,
louvores e dilemas.
Caminhamos pela
mesma estrada.
Unde nada pode ser tudo
e o tudo, simples nada!
Em certa altura
da estrada sombria,
meio a alegria e a dor,
encontrei lírios e rosas
entre eles o meu amor...!
Ah, meu bem. Meu doce bem...
Se soubesse o quanto desejo o seu colo
O quanto espero colar minha pele à sua
Ouvir sussurrar meu nome nesta voz rouca
Que me deixa louca!
Anseio com desespero pelo gosto da sua saliva
Pelo calor do seu abraço que poe luz na minha vida
... Se soubesse,
chegaria cedo,
me traria um buquê de margaridas
só para me encantar...
Mas não sabe não é?
Mas não é por não saber
ou por fingir não ver, que o amarei menos.
Te amo pelo bem que me faz ama-lo
... Desejo-o pelo simples prazer
de amar você.
E o tempo passou
e você se esqueceu que sem querer,
me ofereceu colo, carinho e abrigo.
Eu fui.
Me aconcheguei em teus braços
E fiz poesia na alegria de me sentir desejada(o).
Como nos tornamos tolos diante do amor!
Você estava brincando
e eu levei tão à sério esse negócio de brincar de amar
que continuo te amando.
À MERCÊ DA VIDA...
Ando tão perdida pela vida...
Não sinto vontades de ir
Muito menos de ficar!
Estou estagnada no tempo
Nem mesmo me move o vento
Desalento
Melancolia
Nem agonia!
Uma indiferença passiva
Um cansar na alma
Calma sem paz
Ausência de risos
Choro , ou histeria!
Como se o mundo tivesse parado
para embalar a minha nostalgia...
Uma folha seca voa pela rua,
esboço um pequeno pensamento
preguiçoso;
Quisera ser como ela
Velejar à mercê da brisa
Sem dor
Sem impulso
Sem sentimentos...
MEUS FILHOS, OS POEMAS...
Deus, quantos filhos já gerei!
Os gero o tempo todo!
Nas nuvens que passam
Na chuva que cai
No sol que queima a pele
No enlaçar das mãos
Na dor de um sonho morto
No barranco à beira da estrada...
Gero versos do nada!
Da essência de tudo!
Da tristeza velada, delatada no olhar,
ou no sorriso dúbio, sem fé no amanhã...
Gero palavras as vezes sem sentido...
E que sentido devem ter as palavras
antes de serem interpretadas por alguma
alma sedenta de beleza?
Gero. Procrio noite e dia!
E ai de mim, se me tornar infértil,
e me negar à trazer à luz a poesia!!
Agora...
Amanhã?
O que farei amanhã?
Ora, que pergunta!
Não existe o " Amanhã" !
O amanhã ainda é sonho
Fruto ainda em flor
Flor por desabrochar
Fotografia não revelada
Carta fora do baralho
Mistério...
Sim!
Amanhã é apenas um conto.
Ainda...
Não me perguntes sobre o amanhã.
Me pergunte do agora!
Agora sou contemplação
Sou pensamento
Sou a loucura abstrata,
na tentativa de extrair do ontem
vivido, os versos insípidos
de um poema.
DEVANEIOS
Sou a poetisa triste e sombria
A vida imensa de loucura me fez assim
Mas os sonhos que tenho são cores ao vento
fantasias cheias de uma felicidade sem fim!
Sou aquela que sonha com amores queridos
Beijos cheios de paixão e ternuras em flores
Dá-me Deus, peço, um pouco de acalento
Permita-me versos de docilidade e amores!
Porque estou condenada aos versos malditos?
E esta dor que dilacera meu peito em agonia?
Não sou tal qual as demais filhas da mundo?
E teimo em sonhar além da minha realidade!
Céus azuis e sóis reluzentes sobre minha amargura!
Minha poesia é nua!__ Mas meus devaneios são profundos!
NOSSO RISO LOUCO...
Celebremos o riso.
O riso puro e gentil
O riso que lava a alma
Que proclama a vida
em versos
música
e poesia!
Que o riso se sobressaia em meio à dor
Que abuse da mediocridade, gentilmente,
sem escárnio e sem maldade...
Que nos leve aos nossos infinitos
Que sustente nossa eternidade
em meio às nossas limitações,
à nossa frágil humanidade...
Que nosso riso seja nossa canção.
A nossa verdade
Que contrarie toda a noção de pranto
Que sorrindo sejamos tidos como loucos
diante da louca sanidade deste mundo torto!
E de riso em riso
vamos levando a vida,
que mesmo sofrida
a cada amanhecer suscita em nós
um sabor de " Querer Mais"...!
O CANTO DE DEUS
Borboletas são a voz de Deus...
Imaginem Deus cantando
Anjos silenciosos
em perfeita reverência
para ouvir o criador
em sua mais íntima expressão!
Alegria e amor
Num momento como este
surgiram as borboletas
Deus, cheio de inspiração,
explodindo de vida eterna o coração,
bradou: Haja Beleza!
E assim, maviosas mariposas
em todas as formas, cores
tamanhos...Brilho sem igual
saíram a revoar__Dança magistral...!
E enquanto Deus cantava,
o céu silenciava,
borboletas bailavam
colorindo a natureza,
enfeitando os quintais,concedendo
cor à vida.
Expressão terna do amor de Deus
Presente imerecido aos filhos seus...
Amo o revoar das borboletas
Adoro o canto de Deus...!
Menina Primavera
Eis que surge a primavera!
Vem vestida de linho puro, belo e
adornado de todas as flores que há...
Ela vem com os pés descalços...
Sob eles o revoar de borboletas mil
levemente a arrastam, brisa e cor,
Não pisa o chão!
Seus olhos são carícias de ternura!
Sua voz tilintar de amor e carinho
Traz nas mãos esperanças de jasmim
De sua boca, mel e versos.
És menina que brinca de florir
Balançar nas gérberas dos jardins
És o primor das estações
O acalentar da poesia
És sonho para mim...!
Tarde fria
...E tu eras apenas uma lembrança.
Uma velha carta desbotada
Mas tão pouco era tanto,
que eu parava todo o desencanto das saudades tuas...
Detinha o tempo só para vislumbrar tua letra no velho papel amarelado.
Estranho, eu poderia jurar que sentira o toque dos teus dedos
A força que usara para escrever as palavras
A pausa entre uma frase e outra
Tua cabeça pendendo para o lado,
á espera de um novo pensamento...
A tarde está fria
Mas a carta queima em minhas mãos
...Minha solidão se torna menos vívida
Esboço um sorriso.
Guardo o velho papel no seio.
Verso e Poesia
Cobriu-me com teu corpo
Fizeste de tua pele minhas vestes
Aceitei teu acalanto
Teu calor
Teu doce manto...
Me deixei ficar
Como uma parasita
Bebendo da tua seiva
Respirando do teu ar
Em total dependência
Quase uma não existência...
Uma doença
Uma dormência
Um alheamento de mim.
... Quando despertei do torpor
percebi que o que eu sentia já
não era amor.
Era analgesia
Que piedade!
...Era tão tarde.
Eu já não era eu
Tu eras
em mim
verso e poesia.
POESIA NÃO ESCRITA
Hoje, num momento louco ou mágico
me senti viva.
A chuva despencou sobre meus cabelos
encharcou meu vestido, colando na pele,
criando uma segunda derme composta
de exaltação
euforia,
sensualidade,
leveza
e um êxtase calmo.
Brando, sem urgência...
Uma vontade imensa de voar
O cheiro de alfazema
Ausência de dor
De medo
Sentimento de eternidade
Desejos de beijos
De braços envolventes
De pertencer à alguém
Quem?
Não sei
Só uma vontade...
Uma loucura deliciosa
Uma satisfação gloriosa
Plenitude de consciência de ser
Ser gente
Ser mulher!
E a chuva desce__Águas doces
Lavam toda a tristeza
Toda a incerteza.
Só restando Vida.
Momento de poesia não escrita.