Poema Concreto sobre Rios e Mares

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TÉDIO

Sobre o meu poetar, como uma sina
Tal ave de rapina, pesa a monotonia
Despovoando os versos, na surdina
Ilustrando a poesia de turva predaria

Oh! Escrever no silêncio, e inquilina
A solidão, sem sonho e sem alegria
Sem uma idéia e sensação cristalina
Faz o tédio ao poeta sua companhia

Ah! Deixar de fantasiar este ensejo
O pensamento no vão, a alma fria
Se a luz está escura e assim velada

Como posso avivar o meu desejo?
Se dorme numa catedral tão vazia
E lá fora a vida está abandonada!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
30 de setembro, 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

REGRESSO

Irei! Que importe o engano? Desate deste nó
Sobre o dúbio está o ousado ensaio. Então!
Arda em chamas o medo, evole deste chão
Os teus segredos, uive as feras, sem ter dó

Vamos! Ignoto, um botão entreaberto, e só!
Regue este deserto com outra tua emoção
Leve tudo: felicidade, amor; infortúnio não!
Pois, o que for perdido, no tempo, vira pó...

Depois que o pecado ao mudo é revelado
Nada importa, todo regresso tem direção
Ah! E tu, má sorte, aí, fique do outro lado!

E se, a vida com seu crime não for ilusão
Redimido e sublime, não fique ultrajado
Errar, é falta, e não a perene contrição!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

EM UMA TARDE DE INVERNO

Inverno, em frente ao cerrado, frio singelo
Sobre a secura calada, e o céu, absorto.
Inverno... de esplendoroso ipê amarelo
Pintalgando, o cinza do árido vivo horto

Escancaro a janela, um devaneio, tão belo
Desta visão, de ilusão dum campo morto
Abre o vento, sopra, no horizonte paralelo
Num rodopio feiticeiro de um som corto

As folhas dos buritis em canto, um tranco
Nos flancos das queimadas, e floco branco
Dançando pelo ar o amarelado da fumaça

Olho à frente, e vejo o cerrado, que insiste
E contemplo o sertão ressequido e tão triste
Banhado de teimosia e cheio de airosa graça...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2019, setembro, 03
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

CERRADO ERUDITO

Andei sobre o cerrado
Como os bandeirantes
Tão triste desmatado
Fui as lágrimas soluçantes
Fui por ele calado
Um dia cerrado, gigantes
No seu torto encantado
Só para me recordar
E não pude fascinar

Fiz uma poesia
Como poeta do cerrado
Soltei brados de fantasia
Pra tê-lo do meu lado
Mas a lembrança esvaia
Pelo axioma empoeirado
Neste preço tão alto
Do belo desnudado

E então, como Cora Coralina
Eu cantei versos ao luar
Neste chão, e céu anilina
Pra a sedução fascinar
Aí, me curvei
Chorei... Ante a força do sertão
Até quando este estado?
Surrado. Resiste a civilização

Ainda andei sobre o cerrado (...)

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
01 de abril de 2018
Domingo de Páscoa
Paráfrase Paulo Vanzolini

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DO PLANALTO CENTRAL

Ressequido, a luz do sol alumiado
Sobre o sulcado e arbusto sinuoso
Reclina o planalto central grandioso
Entre as nuvens do céu do cerrado

É percurso do diverso e encantado
Pela maré poeirada, o audacioso
Sertão, de flores e ramo veludoso
Que banha o entardecer encarnado

De grossa casca e, fruto gomoso...
Forma bizarra no leito cascalhado...
Flora ipês, pequi e o buriti viçoso...

Não te rias do planalto, és enganado
Nele, o amanhecer é mágico e vistoso
Nele, o anoitecer é místico e imaculado

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
janeiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Mutante

As chuvas que vem e vão
sobre a sequidão do cerrado

Dos ipês, atapetando o chão
enfeitando o pasmo encantado

No horizonte o céu encarnado
flor de pequi e buritis na enseada

Trafegam entre o pó ensebado
dos galhos, folhas e cor desbotada

Na vastidão as luas de prata
das noites cheia de tudo e de nada

E nesta estrada tão pacata
mutante o vem e vai da esplanada

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, outubro
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Cerrado Erudito II

Andei sobre o cerrado
Como os bandeirantes
Pelo vale cascalhado
Tortos galhos, gigantes
De pôr do sol encarnado

Imaginei uma poesia
Como poeta do cerrado
Devaneei na tua magia
E o teu cheiro foi inalado...
Saudades, choro e alegria
Pelo memorial empoeirado

Então, como Cora Coralina
Eu cantei versos ao luar
Neste chão, e céu anilina
Pra a sedução fascinar
Aí, me curvei
Relembrei... na recordação
Da infância que aqui me criei
Espalhadas por este sertão.

Andei sobre o cerrado (...)

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
Abril, 2018

Inserida por LucianoSpagnol

TÉDIO (soneto)

Sobre minh’alma, no cerrado ao relento
Cai tal folhas ao vento, dum dia outonal
Um silêncio mortal, dum vil argumento
Tão brutal, o aborrecimento, tão fatal!

Oh solidão! Tu que poeta no momento
Abandono, no mundo, a mim desigual
Me dando ao pensamento o lamento
Num letargo sentimento descomunal.

Só, sem sonho, sem um simples olhar
Deixar de sonhar, como então fazê-lo?
Se é um aniquilamento assim estar...

Deixar o enfado num desejo em tê-lo
O que não vejo! Porém, estou a ficar.
Ah! Dá-me a aura da ventura em zelo.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Agosto, 23 de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

TRAIÇÃO (soneto)

Sobre o meu ser, como sobre o poetar
Tirano fado, cai o senhor brutal engano
Como numa tarde de outono a desfolhar
Tomba a decepção num recital ao piano

Oh! dor do falto no silêncio a embalar
Solitário, tão sem sonho, no abandono
Minha trova, no pesar põe-se a chorar
A perfídia, acordando o inquieto sono

Oh! lastimar aqui neste meu ensejo
Que me vejo, nesta madrugada fria
Ter a alma como uma fé sem oração

Deixando a paixão sem amor e desejo
Tristonha, cabisbaixa, desiludida, vazia
Aos desmandos da desatinada traição...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22 de janeiro de 2020, 04’55”
Cerrado goiano - Olavobilaquiando
- quem nunca!

Inserida por LucianoSpagnol

EM TARDE CHUVOSA (soneto)

Março. Em frente ao cerrado. Chove demais
Sobre meu sentimento calado, aborrecimento
Gotejado do fado.... Rodopiando nos temporais
Enxurrando desconforto, angústia e sofrimento

Verão. E meu coração sentado na beira do cais
Da solidão. Do mar agitado e cheio de lamento
Por que, ó dor, no meu peito assim empurrais
Essa tempestade e tão lotada de detrimento?

A água canta, lá fora, e cá dentro o olho chora
Implora. Para essa tempestade então ir embora
Que chegaste com o arrebol e na tarde ainda cai

E eu olha pela janela deserta, e vejo o céu triste
E, ao vir do vento, a melancolia na alma insiste
Sem que das nuvens carregadas a ventura apeai

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/03/2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

⁠NUMA MANHÃ DE INVERNO (soneto)

Inverno. Defronte a inspiração. Cato por quimera
Sobre os sentimentos calados, e a agasta solidão.
Devaneios, perturbação. E a sensação na espera
No frio... tudo solitário, e desgarrado da emoção

A vidraça da janela, embaçada, úmida atmosfera
Tal uma tela em branco, aguardando uma demão
De imaginação, e perfume da delicada primavera
Aí, assim, adornar a epopeia devotada ao coração

E logo, ao vir do vento, gelado, ao abrir a janela
Invade a alma a sensação dum vazio subalterno
No horizonte cinza e tão sem uma luzida estrela

E eu olho o céu deserto, e vejo com o olhar terno
Absorto, com uma oca ideia de uma cor amarela
Que priva o estro poético, numa manhã de inverno

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03 julho de 2020 – Triângulo Mineiro
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

⁠⁠A TARDE

O clarão se esvai, a sombra declina
por sobre o sertão sem um alinho
e o sertanejo vindo pelo caminho
se desata no horizonte, sua rotina

A boiada no curral, mugi, rumina
a lobeira com flor e com espinho
o vento plana em um remoinho
no breu que cai atrás da colina

Flutuam estrelas no amplo céu
O galo canta, triste, no cercado
E a luz da escuridão se faz réu

E passam, as saudades, ao lado
fantasmas de recordação ao léu
na languidez da tarde no cerrado

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06/01/2021, 18”14” - Rio de Janeiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SONETO VIVO SOBRE A MORTE ...

Se casualmente aqui deparar, ledor
Com soneto vivo na morte acabado
Leia piedoso este versar imaculado
Pois, fui caminhante e um trovador

Já cadáver feito, aspeito o pecador
Em cada estrofe uma prece ao lado
Cravado no amor, o poeta lacerado
Choro e saudade, assim, espero for

Já sem norte, leia-me com voz forte
Pra ser escutado donde eu estiver
E a alma no descanso seja na sorte

E, então, o sentido o aplauso quiser
Que escolho vivo, do que na morte
Pois, lá logo se há de me esquecer! ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/03/2021, 10’46” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ETERNAMENTE

Sobre o sonho escrevi teu nome um dia
Mas a ilusão a levou tal escrita na areia
Onde o mar apaga, insisto, mas todavia
A onda varre, antes que o destino a leia

E o fado repete. Tudo passa, tudo é vão
O que é mortal tem seu tempo. O final
E nós passaremos, e os sonhos ficarão
Afinal, o que importa é a ventura total

E, assim, me parece que só o vil perece
Não! O amor, o afeto, nem tudo some
O coração consome, a alma engrandece
Nos meus versos, eterno é o seu nome!

E, na poética, o viver, felicidade incontida
Pois, viverá o amor enquanto haver vida!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07 de maio, 2021, 15’42” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

MAR SOFREDOR



⁠Sobre mim navegam os maiores paquetes
Sobre mim nadam incansavelmente
É de mim que extraem os melhores alimentos
De mim sai o sal que está na sua mesa
E porque não cuidam de mim?
Por que vocês humanos tentam me poluir?
O que eu fiz de tão ruim que vocês querem me destruir
Por que persistir em jogar lixo em mim, sabendo que os alimentos que eu vos forneço vão se contaminar?
Por que macular a mim que só quero te ajudar?
Quando me enfureço, quando acontece algum desastre, vocês me culpam, mas não entendem que se vocês cuidassem de mim eu não faria tanto estrago assim
Tenham em mente que tudo o que vocês plantam vocês irão colher
Sou cheio, repleto
Sou largo, generoso
Sou grande, suficiente
Sou rico, inigualável
Sou pleno, inesgotável
Sou vida, eu sou o mar

Inserida por UalissonPaixao

⁠SOBRE A VIDA

Abri o meu sonho ao raiar do alvor
E ideei, veio a sorte, então, segui-a
Na ilusão, maciça de colorido vigor
E tão mais venturosa e, com poesia
Fui criando momentos e alquimia
Aos pés da emoção, no tom maior
Assim, no jogo do fado, robusto ia
No sentimento, caminho, no louvor

A gente é realidade, fantasia: lança
Avança, recua e vai na imensidade
Dentro da incerteza e da confiança
No viver tem uma vasta diversidade
Larga vitalidade, tão cheia de dança
Já o passado, uma estreita saudade...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
01/09/2024, 14’27” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Julgam, comentam sobre as vidas dos outros como se a verdade a eles pertencesse, invejam e por fim - condenam!
Além da postura perversa sobre o companheiro de jornada, indecentemente, não fazem nada para libertar o condenado.


Rodrigo Gael - Portugal

Inserida por RodrigoGael

⁠Vivemos tempos de modernidade sombria. O
espectro do fundamentalismopaira sobre a liberdade. Pensar sóse for de acordo com os cânones religiosos ou politicamente corretos dos néscios irresolutos.
Decoram-se meia-dúzia de certezas e saem
os espadachins da obtusidade insana a nos pregar
a única liberdade que conhecem: a do não pensar.
"Sois livres desde que siga-nos sem questionar", propagam os ditadores da liberdade. Quero-vos longe.
Sou livre para escolher meu insensato devir. Vade retro.

Inserida por zatonio

⁠Me ensinaram,
Diversas coisas sobre a vida, outras tive que aprender sozinho.
Vivemos sobre a primícia de que um instante pode mudar uma vida e diversos instantes compõe uma história.

Me ensinaram,
Tantas coisas sobre a vida, mas nada sobre o amor.
E por mais incrível que pareça, eu não aprendi nada sozinho (rsrsr), e tem mais...

Me ensinaram,
Que existem pessoas más e boas, que não podemos confiar demais, entretanto não devemos desconfiar de todos, ainda sim, não me ensinaram nada sobre o amor.

Eu aprendi,
Que na vida tudo é passageiro, que quase tudo e todos têm um preço, que pouquíssimas pessoas tem valor. Mas o que é o amor?

Eu aprendi,
Que irei me alegrar às vezes e em outros momentos ficarei triste...
Que minhas lágrimas são os melhores curativos para minhas feridas.
Sorrir sozinho faz tão bem quanto chorar só.

Não me ensinaram,
Que o amor em muitas vezes é egoísta.
Que por melhor que seja o amor, ele vai doer.
Que saudade machuca em lugares que não sabemos que existem.
E finalmente que por mais que você ame alguém, a vida é feita de instantes que podem mudar tudo.

Inserida por claudio_alves_6

⁠Liderar deixou de ser apenas sobre saber fazer. É sobre compreender, conectar, servir e transformar. E CHARA traduz essa jornada com alma.
- Conhecimento
- Habilidade
- Atitude
- Resultado
- Amor

Inserida por ronaldo_jose_damaceno

Você já teve aquela sensação de “era isso que eu precisava ouvir hoje”?

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