Pessoa Educada
Quem escreve para obter o supérfluo como se escrevesse para obter o necessário, escreve ainda pior do que se para obter apenas o necessário escrevesse.
Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto. Faço férias das sensações. Compreendo bem as bordadoras por mágoa e as que fazem meia porque há vida.
Ah, sua boba. Eu sei que você está cansada de tudo, perdida nesse turbilhão de sentimentos que te paralisam. Ah, ninguém te entende, eu sei! Não queira tudo agora, queira apenas voar por cima dos seus próprios destroços e ver que, apesar de tudo, ninguém pode calar teus pensamentos, teus diálogos internos, tua recomposição!
Obrigado a todos os que, para se sentirem melhor, precisavam pisar em cima de mim.
Pois me ensinaram a nunca querer ser os "tais". Obrigado a todas aquelas garotas que pegaram na minha mão e me ensinaram a me divertir, a olhar para o lado bom das coisas, a sorrir. Obrigado aquelas pessoas que me aceitam como eu sou, que fizeram uma bagunça na minha vida, que ensinaram o que o amor. Hoje eu sou grato por tudo, pois tudo o que aconteceu comigo me tornou a pessoa que sou hoje. Nada é em vão, tudo tem um motivo, tudo tem uma linha de conexão.
Há dias de tanta angústia
Que não sei do que ela é.
Não sei se me sobra o sonho.
Não sei se me falta a Fé.
É uma angústia que nasce,
Como de um solo, de mim,
Que parece ser eu todo
Com razão de ser assim.
E esmaga-me toda a alma,
Confunde todo o meu ser
E tudo gira em meu torno
Sem eu o compreender.
Mágoa como um portão velho,
Ferrugem da quinta em fim,
É uma angústia que cai,
Como num solo, por mim…
Eu já peguei trem errado
E fiz uma descoberta
Quando achei tá enganado
Cheguei na estação certa.
Gélson Pessoa
Santo Antônio do Salto da Onça RN
Os paquetes que entram de manhã na barra
Trazem aos meus olhos consigo
O mistério alegre e triste de quem chega e parte.
Recordemo-nos sempre de que sonhar é procurarmo-nos.
Pensar incomoda como andar à chuva.
Nota: Trecho do poema O guardador de rebanhos, de Fernando Pessoa.
...MaisTem muita gente que almeja
Um dia poder voar,
Mas por temer ficar tonto
Desiste de decolar.
Santo Antônio do Salto da Onça RN
Velhice é como uma conta
Bancária só de lembrança
Que a gente depositou
Alegria e confiança,
Pra quando idoso estiver
Sacar tudo o que puder
Pro saldo da esperança.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.
