Pedro Pondé

As metas, os montes, os mitos
Os dados, os dedos, os doidos
As dúvidas, as dívidas, as dádivas
Os sonhos, os dentes, o MURO.

Eu não quero mais saber do que passou
O que acontece tudo sempre é normal
O tempo passa e as coisas não se encaixam
são tantos os golpes tanto roubo no poder

Pra se conter com tanta falta de justiça
O fala-fala, mas ninguém explica
E na TV miséria e futebol (gol)
E o povo sofre sem saber o que fazer

Promessas já não são demonstração de amor
e sim, suborno à Deus, à Deus
E adeus ao pensamento próprio
o olhar do religioso
Ficou igual ao de quem usa ópio

E o povo vai seguindo o povo não se dá conta
aumenta o pavio e o tamanho da bomba
o povo vai seguindo o povo não se dá conta
aumenta o pavio e o tamanho da bomba

Os piores pecadores compram o seu lugar no céu
Achando que a paz infinita é trocada por papel
E os pastores aumentando seu poder na terra
Iludindo o povo que ganha pouco a custo de falsas
promessas

E o povo vai seguindo o povo não se dá conta,
aumenta o pavio e o tamanho da bomba
o povo vai seguindo o povo não se dá conta
aumenta o pavio e o tamanho da bomba

NUM BALÃO DE PENSAMENTOS
Num ponto distante da civilização, não tão distante a ponto de perdê-la de vista: um balão, um ser, algo leve e infantil flutuando, observando e tentando decifrar os ventos que influenciam comportamentos, compartimentos e movimentos.

Tem tantas mulheres dentro dela que eu me sinto um cafajeste.

Educar um filho é uma satisfação e uma dor.
Dizer a verdade nem sempre é agradável.. ainda que necessário.
É como dar um remédio amargo, uma vacina.
A gente sabe que é por bem, mas na hora.. tem que ver o choro, e suportar a raiva de quem a gente mais ama.

Tem gente que rega a planta morta e deixa a planta nova morrer de sede.

Acontece que eu sempre andava assim.
Meio tonto, distraído, cheio de zumbidos.
Nuvens de perguntas pairavam sobre a minha cabeça como hordas de mosquitos inquietos e inconvenientes.
Perguntas, perguntas, perguntas e mais perguntas.
Perguntas de todos os tipos, a maioria sem resposta.
Tropeçava em mim mesmo, não percebia a paisagem, nem o vento, nem o cheiro das rosas que se insinuavam com suas promessas de espinhos.
Eu andava cego do mundo, olhando pra dentro.
Até que um dia, num momento de distração, prestei atenção à um silêncio de batida de cabeça, e no mesmo momento tive a certeza de saber todas as coisas.
Me levantei, tirei a poeira do rosto, dos olhos.. e respirei a verdade pela primeira vez.
Então já não havia mais perturbação de mosquitos, tontura, palpitação.
Eu via tudo com a luz que faiscava no meu coração.
Virei o vento, o canto dos pássaros, a luz do sol, me vi amor.
Virei resposta.

O tempo vai tirando o som do filme, ficam só as ações, falando alto e em bom tom.

Eu gosto é quando a vida me desafia.
Me peita, me pega, me olha de frente.
Quando o medo e a coragem duelam ferozmente.
E uma neblina espessa toma de assalto a paisagem.
Ah.. o mistério novamente entoa seu canto silencioso.
O peso parece leve, o longe parece perto, e o agora parece eterno.

Foi brincando de ser palhaço que eu aprendi a rir dos meus tropeços bobos.

A única coisa que eu peço.
Ao dormir.
Ao acordar.
Que eu seja cada vez mais grato pelo que eu tenho.
Eu sou amor, eu tenho amor.
Gratidão.

Os que sonham acordados são os escultores da realidade.
São loucos, não reconhecem limites.
São tolos, não temem o erro.
Gênios... fazem o parto do impossível.

ACREDITE.