Pedro Bandeira - Identidade
identidade
foi uma mulher negra e escritora
de pele e alma como a minha
que me ensinou
sobre os vulcões e as rédeas e os freios
sobre os tumultos dentro do peito
e sobre a importância de ser protagonista
nunca segundo plano
se você encostar a mão entre os seios
vai sentir os rastros de nossas ancestrais
somos continuidade
das que vieram antes de nós
Meditação é a jornada do som para o silêncio, do
movimento para a calmaria, de uma identidade
limitada para um espaço sem limites.
Identidade. Autenticidade. Particularidade. Exclusividade. Quem não tem essas coisas, escorre pelos ralos e bueiros dessa vida.
A atenção é a substância da identidade humana. Dominá-la segundo uma ordem de prioridades é dominar o destino até o extremo limite das nossas forças. A principal função da mídia é impedir que isso aconteça.
Identidade Contemporânea
Sou,
ser incompetente
crítico absoluto
e cínico
Também sou
improvável, egoísta,
insuficiente,
e transparente
Aprendi ser
medroso, inseguro,
e infeliz
dentre,
insatisfeito, indiferente,
os desatinos da sociedade
concluiu-me sonhador.
No fundo eu sou de mentira, assim como você. E não é uma identidade que nos tornará real. Falta em você algum brilho, alguma individualidade, algo que te faça especial. Em mim esse brilho sobra e eu saio por aí espalhando, como se fosse bonito se perder em todo mundo só porque meu corpo não é suficiente pra me abrigar. E nós seguimos sendo nada, sendo só rosto marcante e nome fictício, enquanto você não descobre que eu leio sua insegurança e me disponho a curá-la e eu tenho preguiça de dizer.
A prisão não rouba apenas sua liberdade, ela tenta privá-lo de sua identidade. Todos vestem o mesmo uniforme, comem a mesma comida, seguem o mesmo emprego do tempo.
Ela arriscou tudo revelando a verdadeira identidade. É mais corajosa do que qualquer homem aqui. E é o melhor guerreiro entre nós.
Dupla identidade
“Você não consegue se achar na pessoa que você é, pois está preso entre quem querem que você seja e quem você quer ser, sua vida passa a não ter mais sentido, já que a incompreensão não deixa espaço para que você decida o que quer ser.”
Uma identidade nacional é a memória viva dos grandes feitos realizados por um povo. O nacionalismo brasileiro nem liga para isso. Só pensa nos valores materiais e na 'cobiça internacional'.
A cultura é fundamental para a identidade de um povo, mas, se ela nos impede de nos colocar no lugar outro e pensar antes de reagir, torna-se escravizante.
Autêntico é quem reconhece sua identidade e não tem a necessidade de justificar-se. Leva consigo as experiências boas e ruins, e é destemido de qualquer desigualdade.
Uma identidade comum abranda a divergência. É o que torna possível o antagonismo e, consequentemente, a discussão racional.
Ter identidade é manter na diversidade a originalidade é se manter com dignidade, respeitando e valorizando todo legado da ancestralidade é ser representatividade, num universo desigualdade é ser resistência para conquista da tão necessária liberdade.
"Nós nascemos originais e morremos cópias".
É assim que perdemos nossa identidade e nos tornamos iguais a tantos outros.
