Pedir para a Pessoa Amada Mudar
Viver por vezes parece ser apenas adiantar o trabalho do dia seguinte. No domingo, já estamos pensando na segunda-feira, na terça-feira, já estamos de olho na quarta-feira, e assim por diante, sempre um passo à frente do dia presente. Com tanta antecipação, acabaremos vivendo um mês a menos.
Nossa mente, assim como a vida, é uma tecelã desatenta que não distingue entre fios de ouro e fios de sombra. Ela não seleciona memórias como boas ou más; simplesmente as deixa dançar ao sabor do vento da lembrança. Daí o perigo de se viver de amanhã.
O tempo, esse trapaceiro imprevisível, teima em desafiar nossas noções de permanência, sempre nos lembrando de sua natureza efêmera. No entanto, no meio desse emaranhado de efemeridades, o amor emerge como um oásis de eternidade. É nele que residem todas as histórias que o tempo já arrastou consigo, como conchas preciosas depositadas na praia do coração.
Sempre que puder desperdice simpatia, pois é o amor que empregamos no cotidiano dos nossos dias que nos fará celebrar não apenas o tempo que já vivemos, mas também o tempo que ainda teremos para tecer novas memórias e se encantar com suas infinitas possibilidades.
Dois de novembro
No silêncio íntimo que invade o Dia de Finados, a saudade se debruça. Ela não tem pressa, é senhora do seu próprio compasso. É o dia em que a ausência brinca de ser presença, quando os que partiram voltam, não em carne, mas em sopro, como se sempre estivessem apenas a um afago de distância.
Os túmulos não mentem. São declarações sem palavras de que o que foi vivido realmente existiu, confessando com a solidez do mármore que a vida é frágil e que o tempo é um rascunho rabiscado à pressa. Cada nome entalhado ascende, não como uma mera inscrição, mas como um feitiço sussurrado entre as frestas do esquecimento.
Nem toda ausência é tratada pelo tempo. O tempo não se compromete com permanências. Passa por nós sem desculpas, sem aviso, sem oferecer alívio. Quando alguém que amamos morre, morre também uma versão nossa. Deixamos de existir daquele jeito. É como ter sua casa assaltada por uma ausência. Por isso, não se deve apressar a dor de ninguém. No luto, não se questiona o amor por quem partiu. No luto, deixamos de nos amar, e voltar ao amor próprio demora. Deixe a pessoa doer.
O luto não passa; somos nós que passamos por ele. É um caminho de fragilidades. Não há como sair de uma dor caminhando. Precisamos engatinhar até voltar a firmar os pés novamente. E demora até que essa dor vire saudade. Demora até que essa saudade vire gratidão. A dor é solitária, e você tem todo o direito ao seu luto, mesmo depois da licença do outro acabar. Cada um tem seu tempo de digestão.
No murmúrio de uma prece, na chama vacilante de uma vela, reside a certeza de que, do outro lado do mistério, alguém sorri — os eternos hóspedes da eternidade. Hoje, flores são depositadas por mãos trêmulas de emoção. Mas não é o frescor das pétalas que importa, e sim o gesto. É flor de ir embora. É uma homenagem ao laço que nem a morte é capaz de desfazer.
14 de Maio
No 14 de maio de 1888, o Brasil amanheceu livre. Ou ao menos, livre o suficiente para se parabenizar diante do espelho.
A escravidão fora abolida na véspera, por um gesto régio, breve e elegante, como convinha à pena de uma princesa. A tinta mal havia secado, e já se cochichavam loas nos salões. O Império, enfim, provara sua humanidade — ainda que com duzentos e tantos anos de atraso. Diziam-se modernos. Civilizados. Cristãos.
Mas, nas ruas, não houve fanfarra. Nem pão. Nem terra. Nem nome.
Os que saíram das senzalas na véspera encontraram, no dia seguinte, o mesmo chão duro, as mesmas mãos vazias, e o mesmo olhar de soslaio da cidade que os libertara com uma assinatura, mas não com dignidade.
Alguns acreditavam que o trabalho viria como recompensa. Outros, que a caridade cristã desceria dos púlpitos e dos palácios como chuva mansa. Mas a chuva não veio. Nem a caridade. Nem o trabalho. A liberdade, como os santos nos altares, era bonita de se ver, mas inerte ao toque.
Os senhores — agora ex-senhores — mostraram-se melancólicos. Alegaram prejuízos, saudades das "boas relações" com seus cativos, e passaram a vestir ares de vítimas. Alguns, mais práticos, converteram antigos escravos em serviçais por salário algum, chamando isso de transição. Outros apenas viraram o rosto, como quem se desobriga de um cão abandonado ao portão.
O Estado, por sua vez, considerou missão cumprida. E foi descansar.
No dia 14 de maio, portanto, nasceu no Brasil uma nova classe: a dos livres-sem-lugar. Cidadãos sem cidadania. Homens, mulheres e crianças com a dignidade estampada na Constituição e negada na calçada.
Seguimos livres no papel, presos na realidade. As correntes caíram, é verdade — mas com elas não caiu o silêncio, nem a desigualdade. Só mudou a forma da prisão.
Ser
Não quero ser importante para todo mundo.
Quero ser pedaço de manhã nos olhos de alguém.
Ser uma palavra descalça
que germina no quintal da alma alheia.
Tenho gosto de ir buscar o irmão
nas margens onde Deus esqueceu de fazer asfalto.
Levo uma enxada de escuta
e um naco de luz escondido no bolso da camisa.
Quando eu cair,
que seja pra virar raiz.
Pra florir em silêncio.
Ser espantalho.
Pra espantar a tristeza dos passarinhos,
me travestindo de abraço.
Devolver todo conhecimento emprestado.
Não quero ser grande.
Quero ser coisa pequena,
mas que saiba iluminar.
Porque vale a pena ser
quando a gente descobre
que Deus também gosta
de brincar de ser simples.
Asas
Me ensinaram a ser chão,
a ser reto, a ser horário.
E eu fui —
fui sem vírgulas, sem desvios, sem fé,
sem delírios.
Nem andor passava por mim.
Desaprendi de voar
quando adulteci
e virei funcionário da rotina.
Guardei minhas asas na gaveta do
esquecimento,
junto de papéis amassados e promessas
vencidas.
Me acinzentei — mas os olhos, não.
Eles cansaram de ver histórias de aluguel.
Anseio por uma história que ainda não construí.
Meu conto.
Meu próprio folclore.
Quero subir novamente,
nem que seja feito um passarinho de metal,
avião de lata.
Cair para cima.
Acredito que ainda tenho tempo.
Sonhar é verbo com hélice.
Ontem, me lembrei que nasci para o alto.
Reabri a gaveta com dedos de menino.
Achei minhas asas caladas, mas inteiras.
Borrifei esperança nas penas,
reacendi o desejo pelo voo na pele.
E fui.
Voar é desobedecer o peso.
Mesmo que o vento se esqueça.
Mesmo que as asas tremam.
Alcançar os ares é importante —
reaprender a sonhar,
mesmo que o mundo diga: não.
Estrelas que me lembram
Trago no sangue o ferro
que já foi coração de planeta.
E há, na minha espinha,
o cansaço milenar das galáxias.
Não nasci hoje.
Nasci quando Deus ainda aprendia
a escrever luz nos espaços.
Sou poeira antiga,
com nome recente.
Memória estelar em movimento —
não de um astro,
mas do instante em que o amor
acendeu o primeiro fogo.
O imediato me fere,
como quem tenta cortar o infinito
com o fio cego da pressa.
Há milênios dentro de mim.
Olho o eterno
porque só ele me reconhece.
Idade Mídia
Vivemos a era da conexão plena e da desconexão absoluta. Nunca estivemos tão juntos em redes e tão apartados em ideias. Nunca se falou tanto e se pensou tão pouco. A esse fenômeno contemporâneo, poderíamos chamar de “Idade Mídia” — um tempo em que a opinião ganhou status de argumento, e a ignorância, muitas curtidas.
A figura do homo idiota — não no sentido ofensivo, mas etimológico, grego, do sujeito que se abstinha da vida pública e refugiava-se no particular — retorna com força. No período helenístico, esse era o cidadão que ignorava o debate político e voltava-se apenas à sua esfera privada. Mas havia, ao menos, o silêncio. Hoje, o homo idiota não apenas opina: ele grita, compartilha, cancela, vocifera. Tem o direito à fala, mesmo sem o menor interesse pela escuta.
Não se trata de um ataque à democracia — longe disso. A liberdade de expressão é o alicerce de uma sociedade plural. O problema não está na liberdade, mas no esvaziamento do conteúdo. Falamos muito, mas dizemos pouco. Informados por manchetes, formamos certezas antes mesmo de compreender as perguntas.
Seguimos, então, a passos de moonwalker — deslizando de costas, imitando movimento para frente, mas indo para trás. Temos tecnologia avançada, filtros estéticos, inteligência artificial, mas carecemos de diálogo honesto, empatia e pensamento crítico. Avançamos nas ferramentas e regredimos nos fundamentos.
A Idade Mídia é o tempo em que se troca sabedoria por performance, reflexão por lacração, silêncio por barulho. E, assim, com a ilusão de progresso, dançamos rumo à mais elegante das involuções.
O Primeiro Ritmo
O coração é o primeiro.
Não a pele que nos defende,
não o rosto que nos denuncia,
não a ideia que nos inventa.
Antes de tudo, um músculo.
Trêmulo.
Errado de tão certo.
Bate.
Sem saber se há alguém ouvindo.
Lá no escuro,
onde o mundo ainda é silêncio,
ele se apressa em existir.
Compasso clandestino,
riscando o nada com vontade.
O coração começa sem ter endereço.
Sem saber se será aceito,
se haverá colo,
ou ao menos tempo.
Ele bate.
No vazio.
Como quem chama por um nome
que ainda não foi escolhido.
Descobri isso tarde.
Como se costuma descobrir o amor.
Antes do pensamento,
há o susto.
Há o sentimento nu,
sem dicionário,
sem licença.
Descartes quis começar pela razão.
Mas a razão já é medo.
Já é contenção.
Já é tarde demais.
Antes de sermos gente,
somos urgência.
Ritmo.
Vergonha de termos vindo sem convite.
A gente precisa pouco
De dinheiro pra gastar
Porque o que passa disto
É somente pra esnobar.
Santo Antônio do Salto da Onça RN
Terra dos Cordelistas
30/10/2024
Quanto mais alto eu falo
A voz tende a sucumbir
Acho que desce no ralo
E eu não consigo me ouvir.
Santo Antônio do Salto da Onça RN
Terra dos Cordelistas
30/10/2024
Você me é preciosa
Nem diamante é assim
Vejo quanto és valiosa
Quando estás perto de mim.
Santo Antônio do Salto da Onça RN
Terra dos Cordelistas
30/10/2024
Simples assim
O amor é humilde
O amor é um rio manso
O amor faz do fraco o mais forte
Ele revive o homem
O amor acalenta a alma
O amor acalenta e perdoa
O amor para aqueles que sabe sonhar
O amor sabe calar
Ele é fiel e absoluto
Ele não mata
Sepulta o coração em vida
Simples assim
Alterações
Como explicar e definir uma pergunta
Como falar de uma vida latente no ventre, dois corações no mesmo ritmo
Como explicar decisões bem resolvidas e não planejadas
Como explicar a água que é a potência da vida e não tem cheiro, cor e sabor
E cada pergunta uma resposta e cada resposta vários significados
As vezes me falta a precisão, e meu olhar se torna frio e minha voz cala
Esvazia os sentimentos foge a razão
E mesmo vasculhando todas as explicações eu pego uma carona no sensato
E como lapidar uma pedra bruta e encontrar respostas nas lascas de um diamante
E cada fragmento tem sua grandeza, sua beleza e sua preciosidade
É permitir expectativa do sol brilhar do outra lado da terra
Amanha ele estará do lado de cá
É ficar em duvidas sobre o livre arbítrio
Chorar e rir junto, como se o tempo fosse curto demais para ter um momento de cada vez
Ser absolvida e abrir porta para a liberdade
E sentir-se livre das algemas e regras
É compreender que você não é um acaso
Que já veio pronta e teu conteúdo é Deus
Então eu quero persistir ser exclusiva e única no meu instinto do bem
Deixar a incoerência e o mistério acontecer
Porque explicar uma essência é complexo demais
Dizer o que é fácil ou difícil, o errado e o certo
A realidade dos fatos não altera tua resposta
Mas poderá alterar teus passos quebrar tuas asas para o voo de tuas vitorias
Decididamente que eu fique com apenas aquela que poderá mudar todo meu percurso
E que me leve ao final feliz!!!!!!
Amor
Eu posso amar como irmão
E amar como amigo
Amar como amante
E também como marido...
Amor é Amor,
não se desfoque...
ainda espero que um dia,
o meu amor te toque
O tempo
Somos tão complexos
E pertencemos ao grupo dos complicados
E o que não conseguimos agarrar, deixamos
este porcentual de culpa ao merito do tempo
E estaremos acordados quando percebemos
que a metade do tempo se foi
E as vezes não suporta a carga de sermos tão desatentos....
È prazeroso ou perigoso isso não sabemos, são bobagens
acreditarmos nesta solução
O que importa é aprendermos e caminharmos
com a mesma velocidade do tempo
Que seja absolutamente compreensivel, precisamos
esquecermos das complicações e não esperarmos algo
que não sabemos exatamente qual sua ultilidade!
Não iremos decifrar o inexplicável
E descobrimos que nada é definitivamente concreto
Precisamos estarmos certos de que o Hoje é o Agora!
E ontem é nunca mais!!!!!Assim nossas decisões não
terão ponto final
Caminharemos na mesma sintonia do tempo
E tudo terá uma sequência totalmente definidas,
acertadas e exclusivas no tempo certo
Luzia A.A.Oliveira
16/02/2016
O resgate de mim
Em que lugar eu fui ficar?
Qual esquina da vida eu me larguei
Porque me perdi de mim.
E onde me deixei?
Sei apenas que preciso me encontrar...
Cheguei ao oficio maior da solidão
Experimentei o sabor da dor
Engoli calada o meu vinho amargo da vida
E voltar pelo mesmo caminho
Não é regredir, mas procurar as opções que tive
Recolher os cacos quebrados que ficaram espalhados
não para reconstruir e sim reparar.....
Porque eu irei voltar e quero encontrar tudo limpo
para não ferir meus pés.
Eu me recolhi, sequestrei a mim e deixei em um canto qualquer
Quero resgatar o melhor que ficou lá e vou sem medo
Porque quero me arrancar do lugar que dexei
A vida
A vida segue seu percurso
A doce ilusão.....
A fantasia
O brilho do olhar
Um coração louco disparado
A voz que te chama
È o tempo que não te espera
O mundo que gira
Os anos, os meses..
Os dias e horas
Não vale desistir de ti
Nunca é tarde em acreditar
Porque temos a chance todos os dias
Ficar não é opção certa
Viver não é esperar
Viver é mais que acordar pela manhã
É nascer junto com o sol e não temer
cada passo!!!!
Partida
O silêncio que invade minha alma
O grito que não saiu
A dor que não tem cura
A lagrima que não caiu
Desespero e loucura
Tudo tão insípido
Tudo sem cor
Apenas no espaço
O perfume de uma flor
Um olhar sem direção
Um carro na contra mão
E o vento que passou
O tempo que não esperou
A saudade no peito
Uma pergunta sem jeito
Porquê??
A vida sem você
é uma angustia sem fim
Eu sem você
E você mim....
Orgulho
Mas o que é o orgulho se não apenas o mais violento ato , porque é usar a maneira destrutiva possível de ser diferente e humilde.....
É um ato de egoísmo , vaidade e não faz bem para a alma.
É como veneno para o coração, o orgulho não deixa espaço para portas abertas, diferentemente de ser orgulhoso de algo........
O Orgulho nasce de uma arrogância e a pessoa perde a grandeza da alma e manifesta o gosto mais profundo e amaro dos sentidos e conhecimento.
Quando ouço alguém dizer que é muito orgulhoso eu o vejo como uma espiga de milho que cresçe empinada ao céu , enquanto a outro cheia de grão abaixa para a mãe terra.
É um preconceito ainda não vencido na vida
É um ser humano despido e sem ingrediente no seu próprio vazio..
Não posso imaginar que amo alguém que me diz ser ou sentir orgulho
próprio.
Penso as vezes que a alma dele ainda esta presa , ele vive sempre um amor desamparado e, é verdade constantemente se irrita. Porqiue dificilmente irá aceitar a nós próprios.
Fico triste porque o orgulho combate qualquer argumento e hulmildade.
Logo mais perde a leveza do da alegria e torna-se típico antipático
Perde ao longo do tempo o temperamento das coisas boas e simples e defende apenas a ele próprio...E sem esquecer que nada somos sozinhos.
Temos que retribuir o amor ainda que inflexível.
As vezes não consegue romper as barreiras que ele construiu em torno de si
O desprezo é a arma dele, e ele nem se importa com a dor alheia,se feriu alguém ou não.....Ou melhor mesmo a chance ele dará..... Espera do orgulho uma a ele, Ou do próprio Deus? a Misericórdia se não as dá em a ele? Mas somente o coração da pessoa sabe dize.........Dizia (Marquez .Maricá) Algumas vezes nobres e respeitáveis, mas é sempre vulgar e desprezível, mas prefiro finalizar coma a frase do Rafael Russon que diz;
Liderar com eficiência é saber deixar o orgulho de lado. Talvez esta não seja uma boa dica, para sua carreira, mas sim para sua vida!!!!
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