Pedaço
Bati a cabeça na quina
E no sangue que escorreu
Sequei.
Perdi memória e cafeína
E o pedaço que caiu
Deixei.
Cansaço de todas as quedas
Venceu o meu mar de cruz.
Desde lá, o meu peito carrega
Receio no que conduz.
De preto e branco – e transparente
Sobrou nem sei o quê.
Só um tom indiferente que nem deu
Pra conhecer…
E aí
Veio sua cor no meio da minha fraqueza
Lembrando que construir muro
Nunca é fortaleza.
Derrubando o meu eu de mentira
Só pra (eu) me encontrar.
E aí
Veio pra me colorir
No meio da pobreza
Lembrando que eu estava tendo
Mais gasto e despesa
Sendo de uma planeta morto
Só por controlar.
Agora
Traz o seu universo e faz de mim
Um coliseu
Deixa eu conhecer a cor
Que não nos pertenceu…
E fazer dela mais bonita
Pra nossa chegar.
Qual é o tom amarelo
Que te escureceu?
Deixa eu conhecer a dor
Que não reconheceu
Que o ouro estava escondido
Onde a gente dançar.
E aí
Eu me encontro por ser sua
E você por ser meu.
Aí cê vira mais de si
E eu cresço no que nos doeu
Lembrando
Por que eu voltei a mim
Pra te somar.
Tira esse casaco, a camisa
Chega e me aflora
Que só quem sente frio é quem
Pode escolher
Como fazer conforto e juiz.
Abre a tampa do buraco
E não nos deixa fora
Que só quem cai no fundo
É quem pode enterrar morto
E fazer raiz.
E eu colo as nossas bochechas
No meio dos invernos
Enquanto acham, eles
Que o (só)l é perspicaz.
Qual a cor das suas queixas
E do que lhe é eterno?
Eu quero lápis nos pedaços
Do que nos ré, faz.
Se os mais fortes
São os que sentem muito
Como eu diria há um tempo atrás…
Que cor é que o seu planeta
Pode ser e traz?
Tô te pedindo um passaporte
E ele não é gratuito
Qual o preço do planeta
Onde o pouco
Não é muito?
Vem
Ser o troco
Do que a vida nos deve
Vamos como em um filme
Com coragem de olhar.
Vem ser tudo de uma vez
Que é o suficiente
Pega essa lanterna
Para (só) assim,
Nos assombrar.
E aqui
Bato a cabeça na quina
Espero que limpe o sangue
E que compartilhe o seu.
Vou abraçar sua cicatriz
Se formos tipo gangue
Dentro de um museu.
Que eu quero você completo
E sem nada para esconder
Qual é a cor do seu planeta
Onde o meu pode caber?
Quero que tudo de antes
Seja pra explicar a força
Do que vem agora
E que essa não seja
Mais uma pandora.
Eu vou abrir a caixa
Porque, aí, me achei
Se ser leve é levar
Pra que descartar
O que nem poderei?
Porque já nos bordei
No que lembrei de mim
E no que eles perdem
Por demorar no sim.
Será
Que a vida veio nos pagar?
Será
Que a poupança nos
Poupará?
Será
Que a pergunta pode
Não
Nos machucar?
Será que podemos ser
Com ponto
No será?
Eu sei
Que mesmo se não ficar
Deverei dever um tanto
Por cê ter feito
O me encontrar.
E eu só espero
Que tenhamos a inteligência
De nunca mais tanto voltar
Ao que seria nossa ausência
E fraqueza por não chorar.
Então,
Qual a cor, me diz
Pra desvendar seu planeta
E não morar de aluguel?
Eu quero te colorir
Passeando em um cometa
Onde bater a cabeça
Não seja algo cruel.
Cê promete me sarar
E nunca fazer buracos
De balas
Para depois dar band-aid?
Quero sentar na sua mala
Fazer dela a nossa sala
E nos fazer viver
De sede.
Tem dias que você é tão eu,
Extensão do meu coração,
Um pedaço de mim,
Da minha história,
Minhas linhas,
Suas palavras,
Nossas memórias.
Seu rosto tem cara de lar,
Calmaria, eu no seu olhar.
Saudade
A verdade é que a saudade
não mata, fere.
Ela consome pedaço por
pedaço e tortura cada vez mais.
A distancia de dois corpos
situa-se entre a saudade e a
solidão.
Que corrói, machuca e dilacera
o coração.
A saudade é assim:
Uma hora mata e despreza.
Outr'ora abraça e aquece.
Que queres a torturar-me
tanto assim?
Não é melhor me deixar,
de vez, ir?
Agora vou, sem mais, nem porque.
sou uma ferpa enfiada em seus olhos
te arranco a visão
te faço perder sangue
te rasgo em pedaço
te dilacero o corpo
te causo furor
te culpo por tudo
te odeio um segundo
te causo pavor
tiro sua sensibilidade
e também o seu senso de humor
te ignoro e desfaço
te preocupo e te ataco
te causo espanto e horror
te denigro sem dó
te sinto pena
te sinto raiva
te sinto a pior pessoa
que inventa e mente
desrespeita por pura conveniência
então convenhamos
voce não é digno do meu amor!!!
minha vida sem flores
falta um pedaço de mim
minha vida sem cores
falta um instante de mim
minha vida sem perfume
falta um sentido em mim
minha vida sem amor
falta tudo em mim
minha vida sem livros
falta cultura em mim
minha vida sem fé
falta o divino em mim
minha vida sem paz
falta algo em mim
minha vida sem Deus
falta o espírito em mim
minha vida sem propósito
falta eu dentro de mim
minha vida sem dedicação
falta a felicidade em mim
minha vida sem paixão
falta o essencial em mim
minha vida sem alegria
falta o bom humor em mim
eu sem minha vida
sou apenas um corpo sem mim
e as flores são para abrandar
todo sofrimento que há enfim!!!
Hoje estou lacônica!
Se me perguntarem se quero sair direi: sim.
Se me pedirem um pedaço do bombom direi: não.
Se me ligarem direi: alô.
Se forem embora direi: falou.
Se me criticarem por algo direi: ok.
Se me mandarem pastar eu mando também.
Se me mostrarem um doce direi: quero.
Se quiserem brigar comigo direi: sério?!
Se me oferecerem espaço direi: traz aí.
Se me falarem que estou chata direi: e daí?!
Aprendi a agradecer a Deus por cada pedaço do caminho por onde passo, pelas dificuldades que me engrandecem e até pelas pessoas que me enfurecem, descobri que na dor o aprendizado parece ter maior resultado, que sofrer dá equilíbrio e uma espécie de gratidão quando conquistamos o que antes parecia ser impossível de realizar e, que muito do que somos na atualidade vem dos obstáculos que ultrapassamos, mas o maior ato de interiorização vem do amor-próprio, dessa vontade exata de ser vencedor, de passar por cima das próprias fragilidades e arcar com cada escolha, porque somos resultados de tudo que fomos um dia e o que foi quebrado, de alguma forma será reconstruído e não seremos mais como nos tempos de fracasso e dúvidas, mas portadores dos sorrisos mais sinceros que vem cheios de agradecimento, e, com a face repleta de luz e calmaria, contemplateremos a obra-prima em que nos tornaremos.
( Vitor Ávila) #VitorÁvila
Quem somos nós?
Uma imagem refletida pelo espelho.
O que é um espelho?
Um pedaço de vidro embaçado
Por metais pesado,
Que depois de polido,
Reflete do obscuro para a luz do mundo,
A alma do inesperado.
O Parto do Poema
Me aproximo da janela de casa
Olho para este pedaço de mundo
O ar que vem de fora é combustível para minha inspiração
Meus olhos captam várias perspectivas
Já está dado o pontapé inicial.
Começo com uma idéia mas muitas das vezes termino com outra
Perco o domínio das palavras
É como se elas me usassem a sua vontade
Fazendo com que eu as conduza ao ato criativo
Para que se tornem vida, em vez de meras palavras.
na estrada de terra
da cidade vazia
a criança preta empunha um pedaço de pau.
ela está nua e vê-se um corpo tão prematuro
quanto ruínas.
a boca intumescida da criança preta gutura
morte ao rei!
e na aridez inalcançável dos pés descalços
resiste
a criança tão criança e velha,
sozinha e livre –
o sino da igreja abandonada toca todo dia na hora errada.
Dê aos outros o pedaço doce que ainda resta em você. Guarde para si todo o resto. Resolva intimamente seus problemas e, aos poucos, você voltará a ser um todo melhor.
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