Pe Fabio de Melo os que te Amam

Nasci para administrar o à-toa, o em vão, o inútil. Pertenço de fazer imagens. Opero por semelhanças.
Retiro semelhanças de pessoas com árvores, de pessoas com rãs, de pessoas com pedras, etc.
Retiro semelhanças de árvores comigo.
Não tenho habilidade pra clarezas. Preciso de obter sabedoria vegetal.(Sabedoria vegetal é receber com naturalidade uma rã no talo.)
E quando esteja apropriado para pedra, terei também sabedoria mineral.

Quando acende o lampião, é como se fizesse nascer mais uma estrela, mais uma flor. Quando o apaga, porém, é estrela ou flor que adormecem. É uma ocupação bonita. E é útil, porque é bonita.

Há em cada adolescente um mundo encoberto, um almirante e um sol de outubro.

Elimine a causa que o efeito cessa.

Um dos defeitos mais gerais, entre nós, é achar sério o que é ridículo, e ridículo o que é sério, pois o tato para acertar nestas coisas é também uma virtude do povo.

Pergunte pro seu Orixá, amor só é bom se doer.

Se o ciúme é sinal de amor, como querem alguns, é o mesmo que a febre no enfermo. Ela é sinal de que ele vive, porém uma vida enfermiça, maldisposta.

Tinha-a eu amado para ter o direito de odiá-la.

O dia estava lindíssimo. Não era só um domingo cristão; era um imenso domingo universal.

Senhores vivos, não há nada tão incomensurável como o desdém dos finados.

São demais os perigos desta vida. Para quem tem paixão, principalmente.

Nem a ciência, nem as artes, nem mesmo o dinheiro, nem o amor, poderiam ja dar um gosto interno e real as nossas almas saciadas. Todo o prazer que extraía de criar, estava esgotado. Só restava, agora, o divino prazer de destruir.

De tudo ao meu amor serei atento.

Em si mesma, a loucura é já uma rebelião. O juízo é a ordem, é a Constituição, a justiça e as leis.

Depois, cantou “se mil vezes você me deixar e voltar, eu aceito”.

Olhavam-se numa espécie de jogo do siso, com certo ar de majestades rivais e tranquilas, sem arrogância, nem baixeza, como se o mendigo dissesse ao céu:
– Afinal, não me hás de cair em cima.
E o céu:
– Nem tu me hás de escalar.

Sou fuga para flauta de pedra doce.
A poesia me desbrava.
Com águas me alinhavo

A vida é uma calamidade a prestações.

O sonho é uma fresta do espírito.

Podemos ser instruídos com o conhecimento de outro, mas não podemos ser sábios com a sabedoria de outro.