Paixão
SONETO PLENO
Amando, soando o coração, mão nervosa
Suspira. A emoção sai da poesia, excitada
E toma-lhe, a palpitar, a prosa apaixonada
Em uma inspiração com estrofe carinhosa
Tenta a ideia romântica: verseja com rosa
Inspira. E a rima, assim, do amor é retirada
Com afeto em que o desejo brota do nada
Seduzindo a trova numa louvação gloriosa
Pega o pensamento, doma a ode em cena
De satisfação, liberta as palavras apertadas
Na solidão, e as busca da sensação secreta
E, assim, tão profundo, no delírio do poeta
Em gritos de triunfo, e clausulas douradas
Ao pé do mundo, confessa a sua obra plena...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
15/03/2020, 06’36”- Cerrado goiano
Olavobilaquiando
O AMADOR (soneto)
Ser-se amante é ser-se abundante
(- ou mais do que generoso talvez)
É doar-se em lealdade tão gigante
E pôr-se ao total dispor na validez
É olhar com um afeto importante
Ciente de ser mais que uma vez
Ao qual cada beijo é sussurrante
E o amor, então, cheio de vividez
É saber que o ardor nos consome
A sede, do querer, saciada no bem
Rir, cantar, e ter o escolhido nome
É acertar no que não nos faz refém
Que nos detém! e ter do outro fome
Porque a gente ama, e quer ir além...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/03/2020, 14’01” - Cerrado goiano
SONETO OCULTO
Tua poesia veio a mim. Donde viera?
Que canto? Que harmonia? Encanto
Rima doce: - tão sossegada quimera
De leve compasso verso sacrossanto
Inspiração de furiosa paixão sincera
Magnetizando os meus olhos, tanto
Em cada estrofe, que o ledor espera
A todo a leitura, e a todo o recanto
Ai! eu nunca mais consegui esquecer
A fleuma das trovas que ali exalava
E em cada linha o sentimento eleito
E a emoção subiu ao peito sem conter
Os suspiros, que cada verso provocava
Ah! versar: terno, amoroso e perfeito!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03/04/2020, 22’32” – Cerrado mineiro
FASCÍNIO (soneto)
Beija-me! O teu beijo ardente e brando
Entra-me o sentimento, intenso e forte
De arrepios e de suspiros, vivo, entrando
No afeto, e assim, acontecendo a sorte
Olha-me! O teu olhar, na alma radiando
Felicidade, luz, em um cálido passaporte
De ter-te aqui, e no querer ter-te amando
Onde a poesia e o poeta têm o seu Norte
Fala-me de sonho, de um límpido recanto
Onde o trovar conversa com a lua cheia
E o teu fascínio adentra em meu verso
Beija-me! Olha-me! Fale-me! Ó encanto:
- de amor... de paixão. Prenda-me na teia
Do teu magnético e tão delicioso universo
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07/07/2020, 05’45” – Triângulo Mineiro
Olavobilaquiando
AVERSO
Quem poeta pelo suspiro sofrido
Em lágrima dum trágico flagelo
É quem se deixou estar perdido
Esquecido dum versar mais belo
É quem do emotivo foi redimido
Expurgado do verso mais singelo
Na emoção se encontra indefinido
Na inspiração tristura em paralelo
É quem se norteia com a navalha
Da dor, em trova ensanguentada
Amortalhado em rítmica mortalha
É quem no choro faz de morada
No coração o amor sofre e talha
Mas, a paixão, sempre sonhada!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
2020, 28 de setembro – Triângulo Mineiro
CERTEZA
Este – o soneto da felicidade completa
Em que, poetando as horas de emoção
Sorri nas delineies, desfastio do poeta
Em um coração fiel e cheio de paixão
Este – o conteúdo de sensação, direta
Festeja, alucina, traz ventura na razão
Pondo a alma na completude, quieta
Cheios de harmonia e boa adoração
Este – o soneto da exaltação maior
Em que a frase terá aquele melhor
De tudo, pois é desprovido de dor
Este – poema dos poemas nascente
Que nos faz enamorados realmente
Este – é o verídico soneto de amor!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07 dezembro de 2020 – Triângulo Mineiro
paráfrase a João de Barros
8
ASSIM SEJAMOS! ...
Dourado sentimento, num querer constante
Em um querer as sensações tão carinhosas
Povoados de sede de emoções fantasiosas
Como uma comichão de apetite, doidejante
E nesta nau do destino eu vou tripulante
Num lago manso e feroz tal espinho e rosas
Ou no dorso das mais quimeras preciosas
Garimpando o reluzente notável diamante
Ao alçar os sonhos mais raros, vai correndo
A imaginação donde jamais imaginamos
Criando algo sedutor e, no peito gemendo
O amor, esse sentimentalismo que amamos
Onde é bom estar, e a ilusão vai movendo
Cada paixão cálida. Então, assim sejamos! ...
12/01/2021, 19’24” – Triângulo Mineiro
AMÁSIO...
Amásio! Sonho maior e tão cândido
Que nos seduz e embala a emoção
Precioso, terna sensação no sentido
Dum amor apetecido, cheio de ilusão
Bendito e desejado, pleno, querido
Duro, às vezes, mas tino ao coração
Um bem inocente que nasce podido
Na soma, de uma razão da paixão
Aí, genuína e bem, sempre é hora
Nos faz multiplicar pela vida a fora
Cantante na alma, rica e feliz união
Uma ternura indo pelos caminhos
Frágil e forte, a disfarçar espinhos
Arando devoção e tenção pelo chão!...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06/02/2021, 07’43” – Triângulo Mineiro
Nós não podemos nos perder ...
O destino fugiu de ter lavras
Nos rabiscos de nosso amar
O que ficou em meias palavras
Podemos escolher o recomeçar
Quero ainda de te saber
Tenho fome desta vontade
Satisfação de poder te ter
Por total, não só metade
Se último for este passo
Levando-me ao início do fim
Saudosar-me-ei do teu abraço
Mas antes, brandarei pra valer
Na voz do poetar, a ti saber:
- nós não podemos nos perder!
(é amor! e amor tem que viver!)....
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02 de maio de 2010, 10’00” - Rio de janeiro, RJ
AMANDO ...
Amo estar gostando, espírito ferino
De tanta sensação de lirismo alado
Um bem estar tão poético e divino
Tanto afeto, tanto prazer sagrado
Nele, sublime, de gosto cristalino
Ativando o coração apaixonado
Suspirando tal um ritmado hino
E, então, constante enamorado
Teve, nele, o olhar do paraíso
Ai sim, pode-se dizer há magia
Onde se acha o bem e o riso
Deixa gemer na piegas poesia
Cada verso, o poetar é preciso
Assim, amando, dar cor ao dia! ....
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10/01/2021, 18’15” – Triângulo Mineiro
UM NOME ...
Ao sentimento mais sublime e profundo
chega numa sensação de doce melodia
em que a emoção, arde, no tocar fundo
do coração, onde o prazer n’alma alumia
pois eu, na trama de um afeto oriundo
que inundava a minha vida de fantasia
me abraçou a cada segundo com alegria
e ia até os alvores infindos do mundo!
meus Deus, acaso nesta roda do destino
eu ingrato for, perdão, por sua fidelidade
e meu orgulho haver este egoísmo ferino...
se merecedor desta paixão que consome
Senhor, minha gratidão e minha lealdade
e, assim, deixar de chamar por um nome! ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/03/2021, 14’27” – Araguari, MG
BENDITA SEJA!
Uma agitada inquietude, um misterioso
sentimento, como um prazeroso paladar
um íntimo e perturbador próprio lugar
bem que faz bem, e distinguir não ouso
Uma voragem, de um estoiro poderoso
que nos torna sujeito, anexo ao olhar
ao pensamento, onde só se quer estar
cheio de ardor, de afago, júbilo e gozo
Uma contradição, sensação de loucura
aperto e agrado, e na emoção ventura
que faz alucinar no tempo, doce peleja
Qualquer que seja, é toda de alegria
aos poetas sustento, poética poesia
se assim for a paixão... Bendita seja!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
10/08/2021, 14’18” – Araguari, MG
BEM SEI
Bem sei, o meu poetar não é preciso
Versos estes mascado na imperfeição
Contudo, inspirados, neste improviso
Que eu posso condimentar a emoção
Quisera eu aquele verso tão conciso
Falando de um desejo com sensação
Sem presunção ou narciso, com juízo
E razão, para um alguém do coração
E assim, pois, o terei, se assim tiver
A poética sem ser um verso qualquer
Devoto ao sentimento que o escreve...
É o modo de romancear uma poesia
Ao olhar da minh’alma que se atreve
Querer paixão na prosa com parceria
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
03/01/2022, 12’00” – Araguri, MG
'A RUA'
Rua,
pintada em grafos.
Afasto-me,
irascível.
Rua imperceptível,
serás sempre imortal?
Tu,
que tanto acolhe.
Coração de mãe,
elo sem fim.
E os botequins,
funeral?
Verdade,
flameja condolência.
Asilo, refúgio,
há vida, valor.
Cheiras rancor,
Porque não bestial?
Quebradiça,
a rua espera lá fora.
E aqui dentro,
ausência.
Dor violenta,
explosão de cristais.
Sempre tive sonhos. Repetitivos. De sonhar com os mesmos lugares. Os mesmos tons. As mesmas pessoas. Os mesmos fantasmas.
PARTIDA
A partida sem o adeus,
sem o abraço, insólito.
Uma parte se foi e a tarde nublada,
marcou um rastro desalento.
Olhares que disseram tudo
quando a admiração ausentou-se.
As bocas que não se abriram,
e o silêncio que tanto falou.
As escassas palavras em turbilhões,
flutuando com a brisa rara.
A esperança arrumou as malas,
pediu refúgio. Asilo.
A nostalgia permaneceu,
as lágrimas pediram ausência.
Já sem discurso, o tempo fugaz,
transcorreu dolorosamente.
A pulsação da música,
extinguiu-se, retórica.
A dor, que tanto sufocou,
esquivou-se da alma.
Os redemoinhos, sem forças para reerguer-se,
não mais existirá, se auto aniquilará.
Restará apenas, uma breve saudade,
da lembrança, de uma breve partida.
'TEMPO...'
No alto, casa de taipa, coberta de palha e uma paisagem deslumbrante à frente. O rio era enorme e provocava admiração. As casas eram próximas uma das outras. O acesso dava-se por uma trilha, onde, na escuridão, dificilmente se saía dele. Nas noites de lua cheia, sempre nos reuníamos, sentados à frente da casa para ovacionar àquele retrato real. Sentados em 'banquinhos', ficávamos a cantar em coro com a ajuda de um velho violão empoeirado. Nas tardes frias e cinzentas, gostávamos do frescor dos ventos. Eles falavam uma língua que só agora, depois de muitos anos, entendemos.
A vida simples do interior, marcaram nossas vidas. Muitos tiveram sua primeira paixão. O primeiro beijo no escuro. A primeira namoradinha. Eu sempre ficara vislumbrado quando via a mulher dos meus sonhos passando. Divina como sempre, esbanjava sensualidade no andar e sorriso. O amor sempre chega prematuro. Eu a amava. Era a dona das minhas direções e dos meus sonhos. Sempre escrevera poemas líricos em pedaços de papéis e imaginava filhos, muitos filhos.
Por essas e outras muitas razões, sempre digo que sou inimigo do tempo. Ele enterra tantas lembranças. Ora por vezes atormenta. Cura uma ferida e deixa tantas abertas. A vida se vai com ele e quando percebemos, ele nos diz que já estamos caído, trancafiados. Ele escreve ferozmente sua própria linha. E nos leva, não importa para onde, seja para as mais altas nuvens ou para a lama que atormenta. Quem somos? Para onde vamos? O tempo, rodeado de desamparo, nos falará ao ouvido.
O pouco que tenho é maior que o mundo. É maior que os campos em redemoinhos. É maior que a calmaria. É maior que a brisa suave.
'TARDE CALMA!'
Tarde calma, exceto pelos ventos abrasivos,
abrasivo meu coração, uniforme!
O bafo instiga o fogo,
deixa um rastro vivo: incandescência!
Fito-o por alguns segundos,
brasas recantos viajam, indefinidos!
Partículas se vão, casual,
sob o vento céu: desastroso!
Partes vão se apagando,
galhos verdes, supérfluos!
Gravetos perdem vida,
algum tempo: chama perfeita!
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