Padre Fabio de Melo Cultivo
Preciso viver um desses amores doídos, doidos, perigosos, contidos, rasgados, que dominam, corroem, devoram e enlouquecem logo por completo.
Acabei me entristecendo aos poucos. Não aguento todo esse peso do mundo, entende? E, de tão vago, não sei sequer dizer do que se trata, o que ou quem foi o culpado por tudo isso. Penso que eu também não sou a vítima. Mas queria deixar claro que isso é o que menos importa. Sei que vou sofrer por um bom tempo, talvez não tenha cura.
E justamente quando eu consigo me afastar, quando eu consigo tirar da cabeça, e chego a pensar que me desapaixonei, você volta, me envolve e me faz voltar.
Você não sabe da metade. Aliás, você não sabe de nada. Muito menos que eu passo a maioria das noites preocupado com você.
Há um tempo eu venho pensando em desistir, sair dessa loucura, mas só hoje eu tomei coragem. Não vale a pena continuar.
De uns tempos pra cá, fui percebendo uma frieza que não existia. Não digo pelo clima — Salvador faz um calor danado —, mas por tudo o que anda acontecendo comigo.
E lá vou eu, mais uma vez, mudar minhas roupas, meu cabelo, renovar gostos e conceitos. Acreditando que, algum dia, as outras coisas possam também mudar.
Passei também a não atender celular. Com o tempo, já não marquei mais nada e fui cortando papo. Não queria mostrar que estava tudo bem, porque não estava.
Lamentei porque não chegou a acontecer nada. Porque se ao menos tivesse acontecido, isso o que eu sinto faria mais sentido.
Cheguei ao ponto de viver só daquilo. Me alimentava da doçura dos dias e, na maioria das vezes, da amargura e angústia da ânsia. Quando dei por mim, eu já havia emagrecido muito, não me equilibrava mais.
A verdade é que sou intenso demais e não há quem dê jeito nisso. Vou colecionando amores que não dão certo, vou inventando maneiras pra remendar a felicidade, vou segurando lágrimas nos olhos. Sofro dores que não são minhas, me enraivo por besteira. Vibro com alegrias que não me pertencem, torço pro outro ser feliz, e eu me viro depois. O bom de tudo é que, toda noite antes de dormir, eu rezo, peço a Deus baixinho que um dia tudo dê certo. Vai dar, eu sei.
No meu caso, ainda que eu pense que tudo possa dar errado, que tudo sempre vai dar errado na minha vida, e que eu tenho medo de dar errado, dessa vez vou prometer que vou deixar tudo acontecer como tem que ser. De que é amor até deixar de ser.
E então você me olha com aquela cara, como se quisesse dizer que eu sou o único amigo que ouve sobre seus casos, seus medos, suas dores. Me olha, desabafa e desaba. Mal sabe que, na verdade, quem desaba por você, por dentro, sou eu, todos os dias, todas as noites.
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