Padre Fabio de Melo Cultivo
Não seria propriamente um efeito da arte, concordo, e sim da natureza; mas que é a natureza senão uma arte anterior?
E amai, amigos meus! Amai em tempo integral, nunca sacrificando ao exercício de outros deveres, este, sagrado do amor.
E é então que esqueço de tudo e vou olhar nos olhos de minha bem-amada como se nunca tivesse visto antes. É ela, Deus do céu, é ela! Como a encontrei, não sei. Como chegou até aqui, não vi. Mas é ela, eu sei que é ela porque há um rastro de luz quando ela passa; e quando ela me abre os braços eu me crucifico neles banhado em lágrimas de ternura; e sei que mataria friamente quem quer que lhe causasse dano; e gostaria que morrêssemos juntos e fôssemos enterrados de mãos dadas, e nossos olhos indecomponíveis ficassem para sempre abertos mirando muito além das estrelas.
Voltou-se e mirou-a como se fosse pela última vez, como quem repete um gesto imemorialmente irremediável. No íntimo, preferia não tê-lo feito; mas ao chegar à porta sentiu que nada poderia evitar a reincidência daquela cena tantas vezes contada na história do amor, que é história do mundo. Ela o olhava com um olhar intenso, onde existia uma incompreensão e um anelo, como a pedir-lhe, ao mesmo tempo, que não fosse e que não deixasse de ir, por isso que era tudo impossível entre eles.
Viu-a assim por um lapso, em sua beleza morena, real mas já se distanciando na penumbra ambiente que era para ele como a luz da memória. Quis emprestar tom natural ao olhar que lhe dava, mas em vão, pois sentia todo o seu ser evaporar-se em direção a ela. Mais tarde lembrar-se-ia não recordar nenhuma cor naquele instante de separação, apesar da lâmpada rosa que sabia estar acesa. Lembrar-se-ia haver-se dito que a ausência de cores é completa em todos os instantes de separação.
Seus olhares fulguraram por um instante um contra o outro, depois se acariciaram ternamente e, finalmente, se disseram que não havia nada a fazer. Disse-lhe adeus com doçura, virou-se e cerrou, de golpe, a porta sobre si mesmo numa tentativa de seccionar aqueles dois mundos que eram ele e ela. Mas o brusco movimento de fechar prendera-lhe entre as folhas de madeira o espesso tecido da vida, e ele ficou retido, sem se poder mover do lugar, sentindo o pranto formar-se muito longe em seu íntimo e subir em busca de espaço, como um rio que nasce.
Fechou os olhos, tentando adiantar-se à agonia do momento, mas o fato de sabê-la ali ao lado, e dele separada por imperativos categóricos de suas vidas, não lhe dava forças para desprender-se dela. Sabia que era aquela a sua amada, por quem esperara desde sempre e que por muitos anos buscara em cada mulher, na mais terrível e dolorosa busca. Sabia, também, que o primeiro passo que desse colocaria em movimento sua máquina de viver e ele teria, mesmo como um autômato, de sair, andar, fazer coisas, distanciar-se dela cada vez mais, cada vez mais. E no entanto ali estava, a poucos passos, sua forma feminina que não era nenhuma outra forma feminina, mas a dela, a mulher amada, aquela que ele abençoara com os seus beijos e agasalhara nos instantes do amor de seus corpos. Tentou imaginá-la em sua dolorosa mudez, já envolta em seu espaço próprio, perdida em suas cogitações próprias - um ser desligado dele pelo limite existente entre todas as coisas criadas.
De súbito, sentindo que ia explodir em lágrimas, correu para a rua e pôs-se a andar sem saber para onde...
Tudo é expressão.
Neste momento, não importa o que eu te diga
Voa de mim como uma incontenção de alma ou como um afago.
Minhas tristezas, minhas alegrias
Meus desejos são teus, toma, leva-os contigo!
És branca, muito branca
E eu sou quase eterno para o teu carinho.
Não quero dizer nem que te adoro
Nem que tanto me esqueço de ti
Quero dizer-te em outras palavras todos os votos de amor jamais sonhados
Alóvena, ebaente
Puríssima, feita para morrer...
CÂNTICO
Não, tu não és um sonho, és a existência
Tens carne, tens fadiga e tens pudor
No calmo peito teu. Tu és a estrela
Sem nome, és a morada, és a cantiga
Do amor, és luz, és lírio, namorada!
Tu és todo o esplendor, o último claustro
Da elegia sem fim, anjo! mendiga
Do triste verso meu. Ah, fosses nunca
Minha, fosses a idéia, o sentimento
Em mim, fosses a aurora, o céu da aurora
Ausente, amiga, eu não te perderia!
Amada! onde te deixas, onde vagas
Entre as vagas flores? e por que dormes
Entre os vagos rumores do mar? Tu
Primeira, última, trágica, esquecida
De mim! És linda, és alta! és sorridente
És como o verde do trigal maduro
Teus olhos têm a cor do firmamento
Céu castanho da tarde - são teus olhos!
Teu passo arrasta a doce poesia
Do amor! prende o poema em forma e cor
No espaço; para o astro do poente
És o levante, és o Sol! eu sou o gira
O gira, o girassol. És a soberba
Também, a jovem rosa purpurina
És rápida também, como a andorinha!
Doçura! lisa e murmurante... a água
Que corre no chão morno da montanha
És tu; tens muitas emoções; o pássaro
Do trópico inventou teu meigo nome
Duas vezes, de súbito encantado!
Dona do meu amor! sede constante
Do meu corpo de homem! melodia
Da minha poesia extraordinária!
Por que me arrastas? Por que me fascinas?
Por que me ensinas a morrer? teu sonho
Me leva o verso à sombra e à claridade.
Sou teu irmão, és minha irmã; padeço
De ti, sou teu cantor humilde e terno
Teu silêncio, teu trêmulo sossego
Triste, onde se arrastam nostalgias
Melancólicas, ah, tão melancólicas...
Amiga, entra de súbito, pergunta
Por mim, se eu continuo a amar-te; ri
Esse riso que é tosse de ternura
Carrega-me em teu seio, louca! sinto
A infância em teu amor! cresçamos juntos
Como se fora agora, e sempre; demos
Nomes graves às coisas impossíveis
Recriemos a mágica do sonho
Lânguida! ah, que o destino nada pode
Contra esse teu langor; és o penúltimo
Lirismo! encosta a tua face fresca
Sobre o meu peito nu, ouves? é cedo
Quanto mais tarde for, mais cedo! a calma
É o último suspiro da poesia
O mar é nosso, a rosa tem seu nome
E recende mais pura ao seu chamado.
Julieta! Carlota! Beatriz!
Oh, deixa-me brincar, que te amo tanto
Que se não brinco, choro, e desse pranto
Desse pranto sem dor, que é o único amigo
Das horas más em que não estás comigo.
Um dia, chegou a Senez, antiga cidade episcopal, montado num jumento. Suas posses, muito minguadas então, não lhe permitiram melhor meio de transporte. O Maire da cidade foi recebê-lo a entrada do bispado e o viu, muito escandalizado, apear-se do jumento. Algumas pessoas riam-se da cena.
-Sr. Maire - disse o bispo -, senhores: compreendo bem o que os escandaliza; acham que é muita soberba para um pobre Padre vir a cavalo num animal de que Jesus Cristo se servia. Eu lhes asseguro, porém, que não o fiz por vaidade, mas por necessidade.
"Aquela era a noite. Era uma noite diferente. Nela ia acontecer, tinha que acontecer. Exatamente como ia acontecer de novo e de novo. E dessa vez seria o padre."
"- Você agora é meu_ Eu disse, e ele ficou paralisado com precisão e perfeição, como se tivesse ensaiado, quase como se tivesse ouvido a outra voz, o observador risonho dentro de mim."
#FAROL
Todo mundo diz crer e adorar em um deus único...
Desde que ele lhe seja particular...
Será que somente a sua crença é a verdadeira?
A que vai lhe salvar?
A do seu irmão está errada?
Nem vale a pena respeitar?
Desde que o mundo é mundo...
Começaram a criar...
Várias divindades para adorar...
Respeito todo mundo quer...
Mas poucos querem respeitar...
Eu respeito você...
Você me respeita...
Sendo assim...
Tudo se ajeita...
Creia em Buda...
Maomé, Alá...
Shiva, Obatalá...
Jesus ou Jeová...
Todos os nomes glorificados...
São pérolas do cordão do Onipotente...
Amar ao próximo é o certo...
Nos faz mais gente...
Quem diz o que é certo?
O padre, pastor, monge, babalaô?
Sei apenas de uma coisa...
Que eu acho muito correto...
Tenho a minha convicção...
De ter a paz presente...
Em meu coração...
Ter fé é a certeza...
De sempre caminhar...
Sem precisar...
Dos outros machucar...
Sigo então meu destino...
De bem comigo...
Quando aqui cheguei...
Tudo já pronto me esperava...
Só quero um pouco mais de luz...
Para a minha alma...
Quem sabe assim então...
Sem me enaltecer...
Poderei ser...
Um farol na escuridão.
Se um povo entendesse a eficácia de alguns sentimentos, semeariam mais amor do que ódio, mas as pessoas só pode plantar as sementes que possuem.
As pessoas ficam muito na dependência de líderes espirituais para aprenderem. Pastores, padres, mentores, seja lá quem for... falam o que querem (e fazem o que querem) e as pessoas não sabem nem questionar, são fantoches nas mãos de líderes manipuladores. As pessoas precisam fazer perguntas e aprender a buscar as respostas por conta própria, sem aceitar de imediato as filosofias e doutrinas que homens querem pregar. Deus nos deixou a bíblia para isso!
Líder que não aceita ser questionado não serve para liderança. Jesus era questionado e provado a todo tempo! E ele jamais se esquivou de responder a um questionamento.
Infelizmente são poucos (bem poucos) os líderes espirituais que nos incentiva a pensar, a questionar, a ser independentes e livres no sentido de aprendizado. O medo de perder dizimistas é maior do que o medo de perder sua alma. Por isso a grande maioria dos líderes religiosos se "confundem" entre "ganhar almas para Cristo" e "ganhar fiéis para o dízimo". E nessa o ensinamento não é passado a diante, não é feito com verdade e amor, com a gratuidade que Jesus ensinou aos apóstolos.
O que era pra ser Graça, ainda é Lei. O que era pra ser Jesus, ainda é Moisés (e em muitos casos é mamon). O que era pra ser socorro e refúgio ainda é business, clube, teatro, coisas do tipo.
E por isso o mundo está como está... A humanidade não entendeu nada!
Eu não entendo muito e nunca vou entender tudo, mas uma coisa eu já entendi: não preciso de ninguém e de lugar nenhum para entender! Se eu tenho uma bíblia, tenho a teoria. Se tenho oportunidades para amar, tenho a prática. Tendo Jesus, tenho tudo!
Perguntei ao Pai Oceano
o que era o silêncio
e Ele me respondeu com o rumor das ondas...
Perguntei a Mãe Selva
o que era o silêncio
e Ela me respondeu com o farfalhar das plantas...
Você já teve aquela sensação de “era isso que eu precisava ouvir hoje”?
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