Ouvido
O bom texto tem textura. Ao ser lido, é de alguma forma tocado, visto, saboreado ou ouvido pelos sentidos. Cheiroso é o texto com textura.
Difícil entenderem o nunca ouvido, visto ou feito, quando necessário aprovação de uma referência anterior que por vezes, para estes nem existem. Ainda assim, falar, mostrar e fazer, mesmo que não entendam, mesmo que só insistência, é um ato de coragem na busca pelo conhecimento, este acolhendo até mesmo quem fala, mostra ou faz.
Eu errei bastante, mas poderia ter errado muito mais, caso tivesse ouvido certos conselhos e não seguisse minhas próprias vontades!
Solidão não faz parte de estar sozinho consigo mesmo... E sim, o silêncio do mundo nos nossos ouvidos.
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
DA PAIXÃO
Da paixão não tive o encanto
O cochicho ao pé do ouvido
Segredando segredos tanto
Tão precisos e tão devido
Minha vida foi de traço só
De uma solidão rodeada
Não posso dizer pra ter dó
Fiz da ventura uma estrada
E neste galgar por galgar
Nunca fingi, nem falsei
Com emoção ensaiei amar
Se não tive sorte, tentei
Sobeja vida, sem desfecho
De pouca oferecida flor
Porém, de sinuoso trecho
E do vário acaso, um editor
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
18/11/2015, 13’13”
Cerrado goiano
NATAL
No ermo cerrado, árido, na noite, toca o sino
De esperança, pressaga enche nosso ouvido
Em uma toada de paz e bem, no céu subido
Anunciado o Natal do Deus Menino, um hino.
O presépio em glória, reza ao Filho Divino
A árvore alindada, ornam o amor instituído
Num armento em esplendor num só alarido
Há elevar do opróbrio ao halo o pequenino
E nesta lembrança onde se vence ao destino
O teto de palha, a estrela, os Reis, os pastores
Dobrarás os eleitos, em um respeito peregrino
Humilde, mãe, Maria, das Graças, das Dores
Traz o rebento de afeto, e um amor cristalino
Seu Filho, na manjedoura, todos os louvores!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, dezembro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Haver
Gestos que a vida fez
o ouvido não quis ouvir
replicou mais de uma vez
e o olhar não pôs a sentir...
Falar, é fácil de dizer
crer, é que é difícil
a palavra tem poder
e entender, ofício...
Não se deixe dissuadir
a quem não diz tudo
mais vale muito sorrir
que um coração mudo...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
Há sempre uma voz que grita ao pé do meu ouvido palavras indecifráveis, sentimentos desconhecidos...há sempre uma voz !
Ouvir teu cheiro, vi tua voz...falou ao pé do meu ouvido. Me ganhou, me cantou...me levou bem mais além, fomos nós !
Se eu pudesse confidenciar os meus segredos ao pé do teu ouvido, garanto que nunca mas deixaria de desejar minha voz.
Teu sotaque é meio diferente, mas falando bem ao pé do meu ouvido, vai vê eu consiga traduzir tua língua, é que é complicado decifrar o silêncio.
Ainda escolho sentar no chão em meio a sapos, lagartos, cobras...isso é ter coragem: é não dá ouvidos a " maldade alheia" a não se preocupar com pequenas coisas. O mar se vê melhor sentindo a areia, a lua tem mais brilho no "chão de estrelas"...te dou a cadeira, conserta. Fico no chão !
Cheiro de rosas
Paixão e flor
Versos pra falar da vida
Rimas
Palavras ao pé dou ouvido
Beijos e abraços
Festa
Caricias no fim da tarde
Pegadas
Cantadas ao som da lua
De mãos dadas
Atravessar a rua
Correr na chuva de madrugada
Cantando e tocando poesias
Sorrindo
Celebrando o amor !
Deixa eu falar no teu ouvido
Deixa eu cantar dos meus dias
Dias sem você
Sem te vê
Deixa eu tocar minha boca...
Deixa
Tocar minha boca na tua boca
Deixa eu falar dos meus segredos
Dividir meus desejos
Deixa
Colar nos teus olhos
E te entregar desejos
Deixa,
Deixa eu devorar tua pele
Arranhar teu corpo
Deixa
Deixa, entender nós !