Os Velhos Carlos Drummond de Andrade
“Senhor… Dai-me um coração mais puro a cada amanhecer, e que no decorrer do dia ele assim permaneça, para que na soma dos anos da minha vida as pedras que eu encontrar no meu caminho endureçam apenas os meus pés para um caminhar cada vez mais firme na tua vontade e que as minhas mãos embora mais fracas estejam sempre estendidas e docemente dispostas a ajudar.
Senhor... Que no apagar definitivo da luz dos meus olhos eu encontre a verdadeira luz do teu perdão.”
Oração da maturidade.
O brilho dos meus olhos refletem a verdade, sou as águias morrem e desaparecem e ninguém vê os restos mortais ,vivo pelo suor sem sentir o cansaço.
A lembrança é um sentimento de recordação que conjuga o verbo viver no presente preservando o futuro, o símbolo do conjuntivo o medo do já vivido.
A escuridão reflete o pecado, o incúrio da salvação, mas para mim reflete o futuro algo que não posso viver no momento, por isso faço do presente como a minha arte verdadeira.
Justifico os meus erros pelos meus actos e sentimentos no prolepse, como um fumador que justifica o sigarro.
O clima preserva o que a vida me deu , meus sonhos meus pensamentos São como as minhas roupas que uso todos os dias .
JANELA
Os pedaços de minha janela
são os mesmos que choram
as minhas verdades,
enquanto o azul de minha praia
são meus olhos azuis,
que choram vendo o brilho da tarde.
Minha janela é minha vida,
uma vida azul e pensante,
talvez seja uma janela
sem parede ou teto,
mas com o pensamento enorme,
que voa junto com o pássaro azul
no peitoral da janela.
Assim, meu vôo é sem limites,
é o ser ou não ser...,
é a vida de uma garça,
que voa sem graça sobre o azul do mar.
Eu não tenho mar,
mas tenho janela,
de onde tiro e onde coloco o que quiser:
mar, montanha, árvore, geleira
e uma besteira qualquer.
Minhas vontades estão no ar,
não há como fugir;
basta abrir a janela e por ela olhar;
se estou triste, dá para um abismo;
se não, dá para o mar.
Triste do homem que não cria,
pois este não tem janela para olhar.
UM RIO QUALQUER
Um rio sempre forma cidades
e vida ao seu redor...
O furacão humano chega,
domina seu leito,
abanca-se da margem,
crianças banham-se
e as lavadeiras, em seu encantar,
cantam velhas canções humanas...
Até que o homem esquece o canto,
a sujeira expulsa as lavadeiras,
as crianças crescem
e pavimentam o rio...
MANAUS DOS MANAUENSES
Assim que pude ver o sol
saindo do rio Negro,
é que vi o teu segredo
de loucura e de beleza,
o porquê de te amar,
de gostar de ti,
Manaus...
O amor por ti
não é só por nascimento,
era um pouco namorico,
que cresceu durante o tempo.
Hoje já não é só diversão,
é um forte casamento
de amor aos teus encantos.
Teus segredos causam espanto
ao mundo do egoísmo,
que não tem canto tão verde
e por isso te inveja,
te persegue,
por não ter um rio
que, de tão grande,
guarda o sol...
PAI
Eu não escondo o orgulho
de saber que minha vida
foi concebida por um mestre
de vida,
um ser que ajudou a nascer
milhares de crianças.
Meu pai é obstetra,
mas não é desses comuns,
sem emoção.
Meu pai é um poeta,
um sonhador,
um semeador de esperança.
É um médico e não um comerciante
de vida;
é um batalhador num país sem saúde,
que se comove,
chora e ama seus pacientes
com o mesmo fervor de um iniciante.
Pai, que orgulho
por saber que você sabe ser pai
de tantos,
que não perdeu o encanto
de um homem que viveu para ser pai.
Não esqueço o dia em que vi nascer
um menino por tuas mãos,
a emoção, a tensão, e a alegria
de quem sofreu e acompanhou
por nove meses uma família
e com ar de felicidade
anunciava: é menino!
Pai,
sei que poderia falar só de meu pai,
o que me ensinou a amar poesia,
que me recitava Olavo Bilac,
Casimiro de Abreu,
Thiago de Mello,
que me falou sobre Pablo Neruda,
que me citava de cor o primeiro
parágrafo de Iracema:
“Verdes mares bravios de minha terra natal... “
e logo dizia: José de Alencar!
Poderia até falar de quem me contava
aquela história da formiguinha e o bloco de neve,
ou quem, quando o jogador estava impedido, dizia:
‘OFF SIDE!, tá na banheira...!”
Quem, quando eu tinha uns três anos, me dizia,
não sei por quê: “- raio laser, Carlos, raio laser”,
e eu ficava convencido de que era o Ury Gueler...,
contudo,
não seria justo com você falar só do homem pai
e não do médico,
pois os dois se confundem.
E o médico sempre foi pai de todos,
que pediam não só consulta,
mas carinho e alento.
Pai, você não é só meu pai,
é pai de todos,
pois como diz um provérbio judeu:
“Quem salva uma vida, salva o mundo inteiro”.
MÃE
Vejo-me dentro da tua pele,
no teu sangue
e nos teus olhos,
que estão sempre por dentro dos meus.
Tudo porque só tu me conheces,
ao ponto de surpreender-me:
tu nem sempre dizes o que eu quero ouvir,
nem sempre sentes o mesmo que eu,
mas só tu tens o poder
de fazer-me sorrir,
quando eu quero chorar.
POESIA, TERNURA VERDE
Agora a ternura vive entre minhas palavras
feito as aves dos grandes rios
que voam sobre as verdes florestas,
assim, a ternura voa sobre as poesias
e suas palavras carregam o alimento da alma,
para reescrever um longo caminho
feito o rio amazônico que de tão gigantesco
engole seu caminho.
Assim a ternura me engoliu,
derrubou a resistência de minhas margens,
arrastou feito pororoca os barrancos,
devorando o que restou de mim.
Fico agora divagando entre as palavras novas
e o feito antigo da poesia, a ternura...
E no meu peito - arde uma floresta verde.
AINDA, O AMOR...
O amor que hoje sinto
cabe no mundo inteiro e sobra,
cabe na minha sombra e na sua luz,
cabe num pequeno papelzinho
e em grandes bibliotecas.
O amor que hoje sinto
cabe nos nossos gestos e olhares
de uma vida,
em nossas almas já sofridas,
a esperar, uma pela outra.
O amor que hoje sinto
cabe numa gota,
ou numa tempestade,
cabe na palavra e na verdade
e no sonho de minha existência.
O amor que hoje sinto
cabe numa única pessoa,
Você.
Hoje sinto esse amor em tudo:
no dia e na noite,
na voz e no silêncio,
nos meus instantes parado
e nos movimentos.
O amor que hoje sinto
está em tudo, em todos os momentos,
pois esse amor – é minha vida.
Quando se tem a certeza de ter encontrado o amor, a esperança se renova e mantém acesa a chama da vida.
Ao fazermos silêncio, criamos possibilidades que nos permite avaliar nosso eu interior e assim, perceber no nosso semelhante o seu devido valor.
A magia das palavras nos leva a criar expectativas, as quais nos colocam diante uns dos outros com nossas fragilidades, sonhos e desejos, pois somos seres inacabados em busca de evolução.
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