Os Velhos Carlos Drummond de Andrade

Cerca de 137146 frases e pensamentos: Os Velhos Carlos Drummond de Andrade

Somente serei feliz com a felicidade dos outros.

Inserida por crsabbi

A sabedoria enoblece o homem,o conhecimento leva-o a perfeição! o objetivo foi alcançado, todavia o ideal persiste na busca de novos pensamentos...

Inserida por josekrlosmoreira

Uma cantiga pra ela.
Um rio, uma dor, uma pedra o nome dela, a ávore o rio a cor dos olhos dela.
Saudade tamanha da moça e do rio da pedra e da moça e do rio da pedra e da flor da janela do amor.
Quem vai se lembrar daquela casinha na beira da estrada? Quem vai perguntatar que sonhos, que amores viveram por lá? Quem vai saber da morena cabrocha que um dia deixei por lá? Quem vai querer saber dela? Quem?!!!

Inserida por josekrlosmoreira

Gritos em minh’alma,meu coração suspira pela sua companhia.
Suporto com paciência a distância que já não mais existe.

Inserida por Baena

Nunca destile um veneno que não conheças completamente o antídoto. Poderás engoli-lo sem aperceber-se.

Inserida por jeansestrem

Quer saber quanto vale para alguém? Morra. Se ainda assim não tiveres coragem ou oportunidade, afaste-se como tal seria o triste e derradeiro fim. Se tardio vier o teu preço, por mais gigantesco que seja, os juros terão consumido sua alma, e na prateleira, sem retorno, estará teu vasilhame. E o displicente avaliador que chore os prejuízos.

Inserida por jeansestrem

A gratidão de um, faria-me igualmente feliz que a de todos, pois potencializarei o bem que um me fez na proporção exata que o mal queira me atingir.

Inserida por jeansestrem

Choros e velas são como as celas, bendita seja a seca dos olhos, o apagar das velas e a abertura das celas.

Inserida por jeansestrem

LEITE COM FARINHA

“Bom não é ser importante. O importante é ser bom”

Lembro-me dele como uma presença eucarística. Olhar manso, sempre bem humorado, palavras polidas e politizadas. Era sempre assim... Depois dos cultos dominicais, quando distribuía o pão e o vinho, a gente ia até sua casa onde ele nos servia sorridentemente, leite com farinha.

Isso mesmo, LEITE COM FARINHA...! Um verdadeiro sacramento! Ritual sempre acompanhado de um bom papo, contos, causos e músicas-das-boas! Celebração sincera de quem sempre soube que somos irmãos, não por causa das doutrinas que professamos, mas pelos gestos que fazemos para tornar o mundo mais alegre.
Sacramento é isto. Algo visível que esconde coisas invisíveis...Sacramentos são todas as belas cenas que vivenciamos para saudar um mundo mais belo.
Cenas que ficam na saudade... “ Fazei isto em memória de mim...”

Lembro-me dele como aquele homem de bem que, em nome de uma amizade sincera, ao servir aquele sacramento, também servia-se a si mesmo.Sua história , por ser rica até os extremos da generosidade, não cabe nessas linhas. E, por ser demasiadamente discreto, o bem que fez a tanta gente, ele não me deixaria publicar.

Mas, todos aqueles que respiram o ar de Assis já foram inspirados pela presença benfazeja deste homem, ícone da sabedoria e da bondade.
Para este companheiro que escreve e que não o vê há tanto tempo, restam a saudade de um copo de leite com farinha e a certeza de que " quem é bom, é feliz". Igual ao seu Feliciano, que dia 26 de outubro último, completou 91 anos de felicidade!

(Para Dona Fany, Marisa, Humberto, Fernando e Paulo, com saudades)

Inserida por CARLOSALVES17

O CAFÉ SABOROSO DO ZITO


De uns tempos pra cá adquiri o prazer de um bom cafezinho. E não foi depois de ter ouvido que café faz bem para o coração. Para preservar a saúde tenho outros meios melhores.
Estou tomando o meu cafezinho diário. E não é aquele do trabalho, politicamente correto, mas sem poesia.
Meu café é um café transcendental, razão pela qual, quando posso, vou até os “cafés” tradicionais da cidade para saborear um bom expresso.
Ao contrário do cafezinho do trabalho, sempre funcional, este outro tem uma evocação especial: as lembranças de meu pai.
Como o pai gostava de um saboroso café!!! Ele mesmo comprava a sua marca predileta. Ele mesmo o preparava do seu jeito e o saboreava na sua caneca favorita.
Tenho bebido um bom cafezinho todos os dias. E com o café, as memórias de meu bom pai e suas histórias saborosas.


Carlos Alberto Rodrigues Alves

Inserida por CARLOSALVES17

SUELY DO ZITO

“Morrer, que me importa? (…) O diabo é deixar de viver.” M. Quintana
Meu pai:
Como o Senhor sabe, a Suely foi embora também. Pouco depois do pai. Ela não agüentou a “maldita”.
Tentamos de todas as maneiras deixá-la em pé. Valeu a presença dos médicos, dos pastores, das famílias…Mas não deu! O pai tinha razão, ela estava com os dias contados.
Uma vez eu disse pra Suely: “ O pai vai partir antes da mãe”. Acertei! Mas errei ao ignorar que ela iria, de imediato, acompanhar o pai.
Há um ano dei-lhe de presente um belo chapéu francês. A idéia era encobrir as marcas anti-estéticas do seu tratamento. Quando mais jovem ela era tão vaidosa!
Deixo gravadas as imagens de nós três: o apelido carinhoso de “Chó” que o pai lhe deu quando criança, as músicas que a gente tocava para ela e a “visita saideira” em sua casa, quando, sabiamente o senhor lhe disse “ Adeus”.
A exemplo do que fiz em relação ao pai, agradeço a Deus sua partida. Difícil estava sendo vê-la sofrer. A Suely em seu estágio final era o retrato da tristeza.
Agora, livre da dor, ela mora em nossa saudade, com as imagens mais bonitas da vida.
Nadir, Felipe, Taís e Aline, vamos inventar juntos, esperanças pra viver!…


Carlos Alberto Rodrigues Alves

Inserida por CARLOSALVES17

JONAS DE ARAGUARI

Poetas, seresteiros, namorados...
Todos vós que assentais junto ao rio Jordão...
Vós todos que salmodiai na embaixada dos papagaios...

Peço-vos licença para algumas coisas:

Primeiramente, para pontear na viola um canto de paz pela vida. Acontece senhores, que nesse primeiro-de-ano que se aproxima, como ocorre há 75 janeiros, um homem-de- bem e que traz em seu nome o sentido da paz, verá mais uma vez seu povo congregado para celebrindar a vida-que-lhe-renasce-todos-os-dias. Por isso peço-vos que anuncieis nos sinos das catedrais que vai rolar a festa na casa da dona Waldete.

“O povo do gueto mandou avisar
Pode vir, pode chegar
Misturando o mundo inteiro
Vamos ver no que é que dá
Tem gente de toda cor
Tem raça de toda fé”


Peço-vos licença também , para registrar no cyberespaço que ele é meu amigo. E isto não por causa da cor da pele, não por causa do tempo que passamos jogando conversa fora e nem tampouco pelas nossas afinidades futebolísticas. Nossa amizade é coisa gratuita, coisa além do tempo e do espaço... A ele lhe cai bem o poema de Oscar Wilde:

“Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto
e velhos, para que nunca tenham pressa”.

Finalmente, peço-vos licença para agradecer a esse devoto-do-divino, os belos retratos de sua sagrada família, fotografados pelas suas lentes-do-amor na página do Orkut e sintetizadas na auto apresentação desse poeta-profeta:

“Jonas Alves da Silva, brasileiro, casado, advogado.
Tenho dois filhos casados, dois netos, uma neta e um bisneto.
Minha esposa há 50 anos e para sempre,
Waldete Tilmann Ribeiro da Silva
(Bodas de Ouro - 2 de maio)”

Isso é uma declaração de amor! E como diz seu conterrâneo Drumond, nas suas maravilhosas sem-razões do amor:

“Amor é dado de graça
com amor não se paga
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse...”

Por isso mesmo Marcão!... No descortinar da próxima quinta-feira, deixe um pouco de lado seu Vademecum! Marcinha!... Manda preparar os pãezinhos de queijo! Pedroca!... Aperte o agogô e afrouxe o afoxé! Você Guilherme!... Libere seus colares coloridos! Enfim... Poetas, seresteiros, namorados de Araguari:

“Esquentai vossos pandeiros
Iluminai os terreiros
que nós queremos sambar”

É chegada a hora de escrever e celebrar o ano novo que “cochila e espera sempre” no coração menino-e-valente do mestre Jonas.
Parabéns mano velho! Para você a benção dos celtas:

"Que a sorte das colinas te abrace.
Que teus bolsos estejam pesados e teu coração leve.
Que a boa sorte te persiga,
e a cada dia e cada noite tenhas muros contra o vento,
um teto para a chuva, bebidas junto ao fogo,
risadas que consolem aqueles a quem amas,
e que teu coração se preencha com tudo o que desejas".



(Homenagem da família ao amigo nascido no mesmo ano em que nasceram Rubem Alves, Eva Wilma, Lourenço Diaféria e Garrincha)

Inserida por CARLOSALVES17

SOBRE O ANO NOVO

Ano velho vai, ano novo vem... O eterno ciclo da natureza, fiel ao seu moto contínuo, mais uma vez deixa nos calendários a marca dos dias que já não existem mais.

E mais uma vez estamos a rodopiar, como um Bolero de Ravel, fazendo variações sobre o mesmo tema que nos é dado todo dia, a toda hora, a todo instante...

Por um instante sou tentado a pensar no tempo como uma cravejante navalha que sulcra e espalha, impiedosamente, marcas desalmadas pelo meu corpo. Mas depois, sou consolado de modo benfazejo, por um dos meus poetas favoritos:

“ Nossos dias são preciosos,
e com alegria os vemos passando
se no seu lugar encontramos
uma coisa mais preciosa crescendo:
uma planta rara e exótica,
deleite de um coração jardineiro,
uma criança que estamos ensinando
um livrinho que estamos escrevendo... ”

Depois me convenço que um ano novo só é novo se o dia que se chama HOJE for novo também. Arrisco, então, umas notas no meu pinho e peço ao Senhor do Tempo que todos possamos ter um feliz ano novo para veranear os invernos dos nossos outonos.

Inserida por CARLOSALVES17

BOM PRINCÍPIO

Passei o “ bom princípio” no meio do mato, com o cheiro do capim-limão, nas barrancas do Paranapanema. Sem foguetórios, sem TV, sem comilança!
Era-me necessário fazer, sem nenhuma bravata, um poético e silencioso protesto contra o inferno-nosso-de-cada-dia;

Passei o “ bom princípio”, no meio dos sapos, dos martins-pescadores e dos pirilampos. Sem músicas breganejas, sem novelas e sem arruaças!
Era-me necessário fazer, sem nenhuma piequice, uma saudação à família, à natureza e à minha viola;

Passei o “ bom princípio” no meio do vale, com o sussurro das águas, envolto aos devaneios dos sacis-pererês. Sem relatórios piedosos, sem sacerdotes por perto, sem salamaleques!
Era-me necessário fazer, sem nenhuma igrejice, uma confissão-de-fé-diferente para o ano novo.

Por isso cantarolei, sob os acordes da viola caipira e com a alegria luxuosa dos compadres que conheci, meu salmo-caboclo, em altíssimo astral:

SARMO VINTE E TREIS

O sinhô é meu pastô e nada há de me fartá
Ele me faiz caminhá pelos verde capinzá
Ele tamém me leva pros córgos de águas carmas
Inda que eu tenha que andá
nos buraco assombrado
lá pelas encruzinhadas do capeta
não careço tê medo de nada
a-modo-de-quê Ele é mais forte que o “coisa-ruim”
Ele sempre nos aprepara uma boa bóia
na frente de tudo quanto é maracutaia
E é assim que um dia
quando a gente tivé mais-prá-lá-do-que-prá-cá
nóis vai morá no rancho do sinhô
pra inté nunca mais se acabá...

Êêêêêêtttttta sarmo bão sô!!!

Vi então que o sertão compreendeu e o ano novo amanheceu em paz...

Inserida por CARLOSALVES17

SOBRE O ANJO DA MORTE QUE ME RONDOU

O filósofo-educador Edgar Morin, autor de "O homem e a morte", lembra que a ciência que pesou o sol, continuou como que intimidada e trêmula diante do outro sol, a morte.

Não é o meu caso! Tenho uma hiper-consciência de minha finitude. Por isso não tenho medo da morte! Aprendi isso com meu pai que, antes de morrer me pediu , enfaticamente: “ Meu filho, coloque no meu túmulo esta frase ‘ aqui jaz alguém muito a contra gosto’”.

Digo isso como prelúdio a uma informação a meus amigos. Fui visitado esta semana pelo anjo da morte. Não morri como prova esta página que estou escrevendo!
Mas estive quatro dias nos porões do Hades, na UTI. Suspeita de enfarto, angina, veia entupida, seja lá o que for, problema cardíaco enfim!

Que cenário dantesco vivenciei! De um lado um irmão canceroso, de outro lado um irmão aidético. Ambos terminais! Eu no meio, como Jesus na cruz.
Com uma diferença: O da minha esquerda e o da minha direita já estão no paraíso!
Depois de minha infernal-purgação no hospital, com aparelhos-de-alta-técnica-e-alta-violação-a-este-vil-pecador, com mapeamentos-invasores-de-todas-minhas-intimidades, com exercícios-hercúleos-a-moda-do-Sísifo, o referido anjo resolveu me poupar. E me passou algumas lições:

Primeira delas:
- Amor e humor acima de tudo!
Obrigado meu alegre anjo, mas você sabe que isso faço com sucesso. Que o digam minha família, meus amigos de fé, meus camaradas!
Até aí estou aprovado! Conforme orientação de meus médicos este foi um dos segredos deste brasileiro-estatura-mediana-rubro-negro-de-coração, ainda estar vivo e ativo no planeta terra!

Segunda lição:
- Já que a vida é curta, curta cada momento da vida!
Sabedoria de Hipócrates: “Breve é a vida, longa a arte! Fugidio é o momento, difícil a decisão, sábia a escolha”!
Também sei disso meu sábio anjo! Vivo isso como filosofia de vida. Até aqui tenho nota dez!

Terceira lição:
- Trabalhe menos! Você não vai ficar rico! Faça só o que você gosta!
Esta lição ainda não aprendi meu prudente anjo! Estou reprovado!
Há muito tempo que não quero ficar rico, mas preciso pagar o de ontem! Que fazer?
Devo evocar Vinícius de Moraes?

“Depois faço a loteca com a patroa
Quem sabe o nosso dia vai chegar
E rio porque rico ri à toa
Também não custa nada imaginar”

Ou devo procurar ajuda de meus irmãos-de-fé-camaradas-de-vida-boa-sem-stress-sem-conta-pra-pagar???
Oh! Meus-gnomos-meus-elfos-meus-emos-meus-alquimistas-devotos-de-Onã-o-bárbaro:
Marcão, Reginaldo, Edmar, Alessandro, Jaime, Dr. Luiz Antonio, Mânfio, queiram me dar a fórmula...

Acho que nem vocês vão me ajudar!
O jeito é continuar driblando a morte!
Por enquanto, estou tendo sucesso!
Enquanto ela não me encontra, vou zombando dela.
Quando ela chegar, com suas carrancas, lembrarei do Tagore:

"No dia em que a morte bater a tua porta que lhe oferecerás?
Porei diante de minha hóspede
o vaso cheio de minha vida.
Não a deixarei ir de mãos vazias...'”


Anjo da morte!
Fique tranquilo, ainda não é chegada a minha hora!
Quero viver mais 200 anos...

(Aos amigos que torceram para que eu ficasse por aqui mesmo)

Inserida por CARLOSALVES17

SOBRE TEOLOGIA

“Teologia é o caminho mais longo para se chegar a Deus”. Mario Quintana

Sou visionário de um tempo em que as palavras sobre o indizível deixarão de se transformar em mortalhas para embalsamar Aquele cujo nome é impronunciável.

Até lá procuro tecer com outros irmãos, também exilados, uma rede de balanço onde as palavras se espalhem musicalmente pelo vento e anunciem aos quatro cantos da terra que o mundo ainda tem jeito apesar do que os donos da religião têm feito.

Sonho com um novo tempo em que a beleza, em suas multiculturais cores, substituirá as doutrinas-fossilizadas, os musicultos bregas e as pregações-burocráticas cada vez mais caducas de nossas comunidades.

Irei cantar e fazer parte do cordão do irmão-poeta-profeta Rubem Alves:

"Hoje faria tudo diferente.
Começaria por informar meus leitores de que teologia é uma brincadeira,
parecida com o jogo encantado das contas de vidro que Hermann Hesse descreveu,
algo que se faz por puro prazer,
sabendo que Deus está muito além de nossas tramas verbais.
Teologia não é rede que se teça para apanhar Deus em suas malhas,
porque Deus não é peixe, mas Vento que não se pode segurar...
Teologia é rede que tecemos para nós mesmos,
para nela deitar nosso corpo.
Ela não vale pela verdade que possa dizer sobre Deus
(seria necessário que fôssemos deuses para verificar tal verdade);
ela vale pelo bem que faz à nossa carne".

Quando estiver próximo este tempo se cumprirá a profecia do Apocalipse:

"E não vi ali templo, porque o seu templo é o Senhor Deus Todo-Poderoso".

Inserida por CARLOSALVES17

A PORTEIRA DO SÍTIO DO ANGELIM

“ O real da vida se dá, nem no princípio e nem no final. Ele se dispõe para a gente é no meio da travessia” . Guimarães Rosa
Prezado compadre Angelim:

Quem chegar ao teu sítio verá, deslumbrado, que ali existe uma porteira que esconde segredos aos olhos normais. Impossível tentar comprendê-la apenas pelas leis da física.

O poeta que a fotografou , emoldurou-a numa pintura em-preto-e-branco! Posso entender suas razões! Uma foto colorida é muito explícita , não dá a quem olha a possibilidade de fazer voar o pensamento. Já um retrato preto e branco sugere coisas, estimula a criatividade e dá asas à imaginação. É mais que uma cópia do original.

“ O essencial é invisível aos olhos”, dizia “ 'Zé Perri'”! Somente quem possui a arte de ver com a alma é que pode usufruir da magia de ver além-das-coisas. Para Drumond, uma pedra no caminho é mais que uma pedra. Para Neruda, uma cebola é uma catedral.

Assim também quem tiver olhos-além-das-leis-físicas, verá que a porteira que dá identidade ao teu recanto sagrado , tem uma mística, um ar transcendental, um feitiço que somente poetas-cantadores-do-sertão poderão entender. Parece tão fechada que por ela é impossível passar os burocratas, os teóricos racionalistas, os religiosos fundamentalistas. Parece tão mansa que é um convite escancarado para quem quiser adentrar a um universo habitado por coisas-de-outro-mundo.

Dizem que a gente vê o que a gente é. Talvez isso explique o porquê deste singelo-aprendiz-de-violeiro ter sido seduzido pela magia que adorna a paisagem bela e bucólica do teu sítio. Eu pelo menos, toda vez que fico visualizando a onírica porteira , vejo nela satíricos sacis fazendo algazarras, fantasmagóricas almas-penadas fazendo ranger suas enferrujadas dobradiças, além de amantes-de-veredas-tortuosas vindo ali em noites-de-lua para reafirmar seus votos ou chorar suas despedidas. Tudo isso ao som de violeiros ponteando variações sobre a vida-e-a-morte. Fantástico retrato pintado com o tom dos personagens místicos do Guimarães Rosa, sempre inspirados por “um vaga-lume lanterneiro que riscou um psiu de luz”!

A quem estiver lendo minha carta endereçada ao compadre Angelim, e quiser certificar se tudo o que estou dizendo é verdade, basta apear no endereço http://www.angelim.mus.br/. Fique olhando a porteira! Quem conseguir ver outros mil personagens dali saindo, não pense que está ficando doido. É apenas um sinal de que está adquirindo olhos de um poeta-violeiro.

Agora, quem adentrar propriamente no sítio do meu compadre, com certeza , não vai querer mais voltar para o lado de cá. Mas isso já é outra história...
Viva Miguelim!

Abraço do compadre

Carlos Alberto

Inserida por CARLOSALVES17

OCHELCIS AGUIAR LAUREANO


Foi na nossa igrejinha de tantas histórias...Meados dos anos 80.

Lembro-me que era uma noite bem curitibana. Quarta-feira , chuva fina e fria. Pouquíssimas pessoas a ouvir minha mensagem pastoral.

Ao final do culto, quando os abraços da despedida sacramentavam a beleza da amizade, pedi ao único visitante para ficar em pé e se apresentar.

Um senhor de cabelos prateados, extremamente simpático, levanta-se do último banco, caminha até o pequeno púlpito, me abraça e diz:

- “Seu pastor, que bom ouvir o senhor! A gente quanto mais velho mais vai aprendendo coisas”.

Os fiéis, atentos àquele irmão estradeiro, passa então a ouvir algumas saudações carinhosas que culminam com sua auto apresentação em tom de "barítono-alegro-com-brio":

- “Sou um estudioso do folclore brasileiro. Digamos...um poeta sertanejo! Fui aluno e amigo de Villa-Lobos. Mas o que eu gosto mesmo é de gente alegre!”

E continuou serenamente:

- “Talvez pelo meu nome os senhores não me conheçam. Mas tenho certeza que já cantaram minha música! É uma das canções mais conhecidas no Brasil! Posso dizer que abaixo de nosso Senhor, que me deu inspiração, vivo dela! Eu sou Ochelcis Aguiar”!

Nossos fiéis ficaram na mesma! Ouvi o forte silêncio do suspense que só foi quebrado depois que ele completou !

- "Sou Ochelcis Aguiar, mais conhecido como Laureano, e mais conhecido ainda, como o autor da música “Marvada Pinga”.

Depois dos risos e muitas palmas , eu e meus fiéis, até então preparados para ir embora, pegamos pelo braço esse gigante da nossa cultura e o levamos para o salão social da Igreja.

Ninguém quis lhe dar sermão pela controvertida e imortalizada letra. Ao contrário! Uma improvisada noite lítero-musical foi até mais tarde, com os fiéis sobriamente-embriagados.

E assim saudamos a cultura do nosso chão preto, chão menino, chão do coração...E assim saudamos o compadre Laureano.

Quem quiser saber mais sobre o saudoso Laureano, há muita coisa por aí...

Sobre essa história que vivenciei... só aqui!

A ele, portanto, um brinde com sabor de sassafraz...!

Carlos Alberto

Inserida por CARLOSALVES17

Será que a vida é tão longa para fazermos tudo o que queremos,ou a vida é curta e passa voando e não da tempo de fazer oque podemos. A coisa mais difícil na vida e viver do jeito que queremos

Inserida por Luizcarlostadeu

O justo, em sua caminhada, encontrará sempre uma moringa de água depois da curva, nunca alguém a espreita.

Inserida por jeansestrem

✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.

Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.

Entrar no canal do Whatsapp