Os Velhos Carlos Drummond de Andrade
A moral se edifica com o bom semplo, não com palavras.
É sabendo - e não crendo - que o homem sonsegue ser verdadeiramente consciente.
Nunca, como nos tempos atuais, foi tão necessário, útil e instrutivo o conhecimento das defesas mentais.
As susências, quando são promessas de novos encontros, servem para fortalecer os laços do mútuo afeto.
O inefável prazer de viver não se experimenta, enquanto não começamos a encarar nossa vida como o principal dos trabalhos que devemos empreender.
A alegria é vida, mas não a alegria externa, senão a que nasce do interno, ou seja, a alegria que surge da consciência.
O homem reflexivo rara vez se deixa levar por seus pensamentos, e até nos momentos mais críticos costuma amparar-se na serenidade.
A vida é atividade constante: a própria Natureza nos demonstra isso.
Todo ensinamento moral não avalizado pelo exemplo de quem o dita, atua em sentido contrário na alma de quem o recebe.
É costume, no sentir comum das pessoas, pensar no que fariam com aquilo que lhes falta, deixando de fazer muitas coisas com o que realmente têm.
O simples fato de evitar o cometimento de uma falta constitui o primeiro passo para a remissão das culpas, porque não cometê-las é um princípio da redenção própria inquestionável. O homem terá reparado o mal em si mesmo, eliminando-o antes que se materializasse, e isso terá sido feito por um ato livre da vontade, sem necessidade de nenhuma intervenção alheia. Eis aí o belo; eis aí o grande e o sublime.
Conhecer as leis universais e cuidar de não infringi-las é a forma mais evidente e verdadeira de acatar a vontade Toda-poderosa de Deus.
Saibam os homens que enquanto estiverem alheios ao conhecimento das leis cósmicas viverão numa eterna inquietude e num amargo cativeiro.
Para expressar as ideias não é necessário ferir a quem não comungue come las.
Para defender-se basta e sobra assinalar aos que atacam, pondo a descoberto suas armas e intenções.
SOBRE O RIO PARANAPANEMA
Nasci não-muito-longe das barrancas do Paranapanema. Rio que passa na minha aldeia, que não é o Tejo e nem o Nilo, mas que também é cheio de contos, causos e cantos.
Místico que sou, sempre acreditei que os rios têm alma. Choram, guardam segredos, sangram e sorriem. Também pensava assim Tales de Mileto, segundo o qual a água é o elemento primeiro do universo.
Meu rio, que hoje recebe o status de “rio mais limpo do Estado de São Paulo”, vira e mexe é alvo de interesses escusos. Sempre travestido de um pseudo-progresso-autossustentável:
"Meia dúzia de carrascos movidos pela ambição
Tentaram matar o rio com indústrias na região
O povo da redondeza fez das tripas coração
A empresa criminosa bateu com a cara no chão"
Sempre que ouço novas investidas contra o “Panema” tenho vontade de armar uma esquadra de barcos-cheios-de-carrancas para espantar esses maus-espíritos-que-andam na região.
Mas aí há amigos que me garantem que a poesia e o canto dos violeiros são a melhor cruzada para mobilizar o povo e proteger o rio. De fato, a voz e a viola de Tião Carrero e Pardinho sempre se ouve em suas águas abençoadas:
"O rio Paranapanema é obra do Criador
É espelho das estrelas o mundo do pescador
No livro da natureza vai entrar mais um poema
Vamos cantar a beleza do rio Paranapanema
O rio Paranapanema deságua no Paraná
Mas toda a sua beleza deságua no meu cantar "
SOBRE UM ONZE DE SETEMBRO
Era um onze de setembro
Nem mesmo Dante teria pintado inferno tão horrendo
Primeiro, os aviões do apocalipse
Depois , as explosões da morte
O fogaréu-do-juízo-final que se seguiu
Cessou a voz do cantor
Em seu lugar se ouviu o som e o lamento da profecia:
“Era Raquel chorando por seus filhos;
não querendo ser consolada,
pois eles já não existem mais."
Mataram os poetas e os profeta
Mataram o Salvador
Milhares seriam mortos depois...
Os anjos-da-morte haviam triunfado
Os "yankees" haviam hasteado suas bandeiras
Assim se desabou a arquitetura da liberdade...
Era o dia onze de setembro de 1973,
o Chile-país-irmão, chorava e enterrava seus filhos...
(PARA QUE NÃO NOS ESQUEÇAMOS DE NENHUM DOS HOLOCAUSTOS)
Em todos os momentos de sua vida, por amargos que sejam, confies firme e decidamente em Deus.
A formação consciente da individualidade responde, inexoravelmente, aos altos fins da evolução do homem.
Como as montanhas o homem guarda dentro de si riquezas ignoradas.
O propósito humano não deve tender a buscar a igualdade pela violência ou por meio arbitrário, pois, consegui-lo traria uma igualdade injusta - ou, ainda, uma simulação de igualdade.
A vida não deve ser colocada dentro dos problemas, mas os problemas dentro da vida
Toda palavra dirigida intencionalmente contra alguém com o único propósito de ofendê-lo, haverá de ferir tarde ou cedo o mesmo que a proferiu.
Para expressar as ideias não é necessário ferir a quem não comungue com elas.
Para defender-se basta e sobra em assinalaar aos que atacam, pondo a descoberto suas armas e intenções.
Quando o homem carece de razão para sustentar seus pontos de vista, é melhor que dirija sua vista a outros pontos para obtê-las.
A obediência se fundamenta na disciplina e também no princípio de acatamento inteligente do inferior ao superior; o contrário seria subordinição forçada.
Os loucos, os cínicos e os hipócritas são os únicos que não advertem seu triste papel e o ridículo que rodeia suas desviadas atitudes.
Quando conheças o valor das palavras, compreenderás o que significa prometer e não cumprir
JESUS E A VIOLA
Jesus quando andava pela Galileia
sempre carregando São Pedro na boleia
passava certa feita, por uma das pairagens da Palestina
e em uma bela capela, foi convidado
pra ver ali rezando, um povo ensimesmado
Pararam os dois na porta! Só um pouquinho...
Depois seguiram em frente, os dois pelo caminho.
Lá adiante-e-pelas-tantas, espiaram um casebre alegre
onde se ouvia uma viola roceira-bem-brejeira.
Estava nas mãos de um violeiro que tirava versos em fé
em forma de toada, de pagode, e chamamé:
Se um dia eu chegar no céu
Viola entra primeiro
Viola cheia de fitas,
ta dengosa, ta bonita
A festa estava uma alegria que até o mestre seduzia
visto que Ele , pegando a viola, entrou também na cantoria
deslizou nas cordas seus dedos com maestria
e ao som de divinas canções
harpejou a viola em vinte-e-uma-afinações
indo embora só quando já raiava o dia
e quando então abençoava os foliões
Diz a lenda que São Pedro com ar indignado
perguntou ao Bom Mestre: Por que Senhor?
Lá atrás os fiéis estavam a rezar e não quiseste aquele santo-chão pisar?
E mais adiante , numa festa-de-farra-não-modesta,
não só quiseste entrar, mas também dela fizeste “questã” de participar!!!?
O Senhor, em tom sereno, então lhe respondeu:
É verdade compadre!
Lá atrás estavam rezando...
Porém vi muita gente a maldade ruminando.
Aqui não! Todos estão felizes e cantando!
E os males-do-coisa-ruim estão exorcizando!
Aprenda essa verdade se é que tu me prezas:
Uma boa fé cantada, vale mais que cinco rezas!...
SOBRE DEUS E O DIABO NUM REPIQUE DA VIOLA
Foi Guimarães Rosa quem melhor descreveu... Foi Glauber Rocha quem melhor encenou... Mas foi a dupla Edu Lobo e Capinam quem melhor cantou a trama acima.
Tudo está codificado em poucas palavras na canção “Viola fora de moda”, um mantra bem aos moldes-mágicos da literatura surrealista. Nela, o “Tinhoso”, debochado, apresenta-se para tentar fazer um pacto com um violeiro infeliz. Esse violeiro é uma metáfora de nós mesmos na dança da vida.
Veja a releitura que, tirando as alparcas dos pés, arrisco a fazer:
“Moda de viola”
Moda de viola é o espaço artístico/religioso onde sempre há pelejas místicas entre Deus e o “Cão”. Disso sabem muito bem os violeiros que , no sertão do Urucuia, entre um benzimento e outro, vivem proclamando nas noites de lua cheia: “Bom violeiro ou vem de Deus ou vem do “Demo”.
“De um cego infeliz podre na raiz, ah, ah”
A canção é um lamento “de profundis” que brota de uma alma que se sente relegada ao Hades-da-condição-humana. O violeiro é cego, infeliz e podre na raiz. Mas, apesar do inferno da inutilidade, ele ainda canta, nem que para isso precise ouvir um eco de sarcasmo-sepulcral: “ah, ah”! Violeiro não vive só de amor e comédia. Ele tira versos da tragédia que o amarga nos dramas históricos. Faz coro com Nietzsche: ”Amo aqueles que não sabem viver a não ser como os que sucumbem..."
“Vivo sem futuro, num lugar escuro, e o diabo diz, ah, ah”
Nos porões da existência, esse assum-preto-sub-homem, escancara a sua falta de perspectiva. Mais..., tem que ver cara-a-cara o responsável direto pela situação: o “Bode-preto”, que, não bastasse ser o causador da infelicidade, deixa a dor ainda mais cruel por continuar a soltar sua ironia-de-penumbra-dantesca ao final da frase melódica: “ah, ah”!...
No livro sagrado de Jó, o “Cujo” aparece como um ministro do primeiro escalão de Deus, responsável pelo “controle de qualidade do criador”. Parece que aqui o caso é semelhante.
“Disso eu me encarrego, moda de viola não dá luz a cego, ah, ah!”
No auge da moda aparece o nó da trama bem à moda roseana: a possibilidade de um pacto com o “Gramulhão”. A frase “disso eu me encarrego” é um eco das palavras apresentadas a Jesus: “Tudo isso te darei se prostrado me adorares”. Aqui o “Coisa-ruim” subestima o instrumento sagrado do moribundo dizendo que ela não dá luz a cego. Era como se dissesse, “jogue fora tua viola e vem comigo” . E ainda continua impingindo-lhe a gargalhada-da-desgraça: “ah, ah”...!
Seguem acordes sem palavras...
Conclusões inconclusas:
Amigo violeiro: Não acredite no “Tristonho”. Ele é o pai da mentira! São Gonçalo o espantou. Para isso não usou a cortante espada de São Jorge, mas o poder exorcizante de seus acordes-rio-acima-e-celestiais. Uma viola bem tocada vale por duas rezas!
Agüenta aí cantador! Está escrito nas veredas do Grande Sertão: “Deus é paciência; o contrário é o diabo”. Lembre de outro musicante que, fazendo caminho , cantarolava: “Faz escuro, mas eu canto porque amanhã vai ser bom”.
Saiba que nos ponteios da vida, o "Todo Poderoso" não tem concorrente. Portanto faça o “Oculto” picar a mula repicando a viola, mesmo que ela seja como a minha, assim, fora de moda!
O RIO PARANAPANEMA
Nasci não-muito-longe das barrancas do Paranapanema.
Esse rio que passa na minha aldeia, não é o Tejo e nem o Nilo, mas também é cheio de contos, causos e cantos.
Místico que sou, sempre acreditei que os rios têm alma. Choram, guardam segredos, sangram e sorriam. Também pensava assim Tales de Mileto, filósofo grego, segundo o qual a água é o elemento primeiro do universo.
Meu rio, que hoje recebe o status de “rio mais limpo do Estado de São Paulo”, vira e mexe é alvo de interesses escusos. Estes, aliás, sempre travestidos de um pseudo-progresso-autossustentável como canta a canção de uma viola engajada:
" Meia dúzia de carrascos movidos pela ambição
Tentaram matar o rio com indústrias na região
O povo da redondeza fez das tripas coração
A empresa criminosa bateu com a cara no chão"
Sempre que sei de novas investidas contra o “Panema” tenho vontade de armar uma esquadra de barcos-cheios-de-carrancas, iguais aquelas do Rio São Francisco, para espantar esses maus-espíritos-que--se-entocaiam na região.
Mas aí, há amigos que me convencem que a poesia e o canto dos violeiros locais, são a melhor cruzada para mobilizar o povo e proteger o rio. De fato, a voz e a viola de Tião Carrero e Pardinho sempre se ouve em suas águas abençoadas:
"O rio Paranapanema é obra do Criador
É espelho das estrelas o mundo do pescador
No livro da natureza vai entrar mais um poema
Vamos cantar a beleza do rio Paranapanema
O rio Paranapanema deságua no Paraná
Mas toda a sua beleza deságua no meu cantar"
( Para meu pai que me levava pescar no Panema)
A ARTE DE ENVELHECER
Manchete que estava estampada no jornal do bairro:
"Velho de 51 anos morre atropelado no dia mundial sem carro".
Quase morri também! 51 anos...velho??? Eu tenho 52 !
Em compensação, no mesmo dia, recebi de um amigo, um artigo em que a jornalista Regina Brett, de Cleaveland, celebrava sua chegada aos 90 anos no apogeu de seu trabalho criativo e cheia de energia. Alguns dos seus segredos:
* Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem ideia do que se trata a jornada deles.
* Tudo pode mudar num piscar de olhos; mas não se preocupe, Deus nunca pisca.
* Respire bem fundo. Isso acalma a mente.
* Ninguém é responsável pela sua felicidade, além de você.
* Perdoe tudo de todos.
* O que outras pessoas pensam de você não é da sua conta.
* Deus te ama por causa de quem Ele é, não pelo que você fez ou deixou de fazer.
* Seus filhos só têm uma infância.
* Tudo o que realmente importa, no final, é que você amou.
* A vida não vem embrulhada em um laço, mas ainda é um presente
Quando disse para o meu amigo Mário que também pretendo chegar “lá-pela-casa-dos-noventa-cem", ele reagiu dizendo: " Não vamos limitar a graça de Deus"!
MERCEDES: GRACIAS A LA VIDA!
Morreu Mercedes Sosa, a voz das veias abertas da América morena.
Cantora que fez os corpos de tantos amedrontados se mobilizarem para resistência.
Nos pesados anos de chumbo, os que optaram pela força do fuzil entenderam, e com razão, que suas músicas lhes eram mais perigosas que a luta armada. Por isso, trataram de prendê-la , e deportá-la.
Erraram ao perceber que ela se tornaria ícone de “una Hermana mas hermosa que se chama liberdade”
Erraram também ao não imaginarem que quanto mais as botas pesadas lhe espezinhasse, tanto mais forte ela deixava sair de sua voz e de seu bumbo-engajado, os versos e a alma do poeta :
“Os poderosos podem matar uma, duas ou três flores, mas não podem impedir a chega da primavera”.
Assisti “ la Negra” no teatro Guaíra, quando ela voltava de seu exílio em Paris e Madri. Período de redemocratização do Brasil. Período que estavam voltando as flores. O teatro veio abaixo quando ela cantou
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
En el valle en la montaña
En la pampa y en el mar
Cada cual con sus trabajos
Con sus sueños cada cual
Con la esperanza delante
Con los recuerdos detrás
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
Morreu Mercedes Sosa nessa primavera. Sua voz está mais florida que nunca!
Algumas de suas utopias se concretizaram. Outras ainda nascerão de suas canções pois estas não podem morrer jamais.
Eu que um dia a vi esta guerreira ao vivo, continuo ouvindo-a quando empunho meu violão para cantar a canção que traduz o nome de Mercedes: “Gracias a la vida que me há dado tanto...”!
PEQUENAS OUSADIAS HUMANAS
Mergulhar de cabeça no fundo da alma, tomar sol de canudo e a lua à conta-gotas.
Sentir raiva da mãe, prazer de está sozinho, gosto pelo amargo, sonhar de olhos abertos e criticar a si mesmo.
Falar com as estrelas, esquecer o futuro, debochar do passado, relevar o presente, sorver a vida entre os lábios.
Embriagar-se de amor, torturar sempre o coração, lamentar o que não fez, curtir o mundo aos pedaços, explodir de emoções.
Evocar os deuses do universo, conseguir o impossível, beijar a face oculta, escutar o silencio, incomodar o sossego.
Suicidar-se de paixão.
Poxa como é dificil falar com vc!
Ontem a noite perguntei por vc as estrelas e
elas me disseram que não tinham te visto, fiquei triste...
Mas hoje pela manhã não desisti e perguntei ao sol por vc
e disse a ele que as estrelas ja haviam me dito que vc não
tinha passado por ali..
Ai o Sol me explicou que as estrelas mentem quando
existe alguém que brilhe mais do que elas..
As pessoas não sofrem as consequências por desobedecerem aos Mandamentos do Eterno Criador porque o Eterno Criador não repreende quem não é seu filho.
Sem alarmismo, sem preconceitos, sem idealismos, com serenidade e lucidez, alguém acredita que salvaremos o planeta?
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