Orvalho
"No Universo tudo pulsa, em todo canto tudo é vida; e a vida é gota de luz, orvalho das constelações!"(Victor de Oliveira Antunes Neto)
Escusa
Eurico Alves, poeta baiano,
Salpicado de orvalho, leite cru e tenro cocô de cabrito,
Sinto muito, mas não posso ir a Feira de Sant'Ana.
Sou poeta da cidade.
Meus pulmões viraram máquinas inumanas e aprenderam a respirar O gás carbônico das salas de cinema.
Como o pão que o diabo amassou.
Bebo leite de lata.
Falo com A., que é ladrão.
Aperto a mão de B., que é assassino.
Há anos que não vejo romper o sol, que não lavo os olhos nas cores das madrugadas.
Eurico Alves, poeta baiano,
Não sou mais digno de respirar o ar puro dos currais da roça.
Nas ruas da cidade nua
Sob o frio orvalho da noite,
sombreiam-se os meus cabelos brancos,
cansados da vida severina,
pingada nas ruas da cidade nua...
Vagueiam infinitos fantasmas,
repousam castelos assombrados,
escondem-se os gritos de medo por entre
as ruínas dos sonhos que não brotaram...
Quando o sol chega no horizonte.
É hora de levantar...
Recolher o papelão,
esconder o lençol da miséria
e Zumbitear pela vida.
Orvalho
Há uma calma umidade que se detém,
silenciosa, atrás das cercas — nas tramas do mato,
onde o peso das horas mal se sente.
Não teve o tempo de ser apenas água,
carregou-se de sentido ao escorregar da
folha na sombra fria da noite.
Segue um curso que não escolheu,
um fio d’água, sentimento indefinido
que se perde nas dobras do ser.
Será lágrima do mundo ou suor da terra?
A incerteza do líquido que se dissolve é a mesma
da superfície breve de tudo o que vive.
Do gotejar ao chão, desfaz-se em ser,
água que se entrega ao jardim sem mágoa,
rompe as raízes, dissolve o silêncio,
sempre sendo outra, sempre fugindo de si.
Nas bifurcações da vida, onde tudo se entrelaça,
dilui-se para que a essência se revele,
ciclo de entrega e retorno, onde a fragilidade
se faz força.
Inquilina da própria queda,
desce da folha como do cílio uma lágrima,
com o gosto salgado do mar que nunca viu,
e o peso de todos os sonhos que se
perderam.
Não é a mesma lágrima de outrora,
não é a mesma gota que escorreu um dia,
quando despejada tocou as pedras que
chamei de peito.
O Desabrochar da Flor .
A Beleza que emana de si mesma ,
regada pelo orvalho da madrugada,
E aquecida pelo sol em suas petalas refletida
Promove o desabrochar da flor que de modo encantador atrai o negro beija flor , carrega em seu bico o doce sabor , retirado da mais linda flor , tem agora energia e alegria , para tornar doce o amargo dia.
Trabalho manual
Poderia falar da chuva, do vento, do orvalho, do cheiro, do sol, das estrelas.
Poderia falar do meu corpo, da minha mente que sente.
Ainda assim falaria pouco.
Não sou só o meu corpo.
Assim como não sou só as minhas ideias.
Sou algo mais, como sinto, como sinto as coisas.
Sempre estive aqui, no olhar dos rostos vermelhos e no clarão amarelo dos círculos.
Nas mãos pintadas de um líquido de breu, estas mesmas mãos que fazem algo que é feito
do mesmo material, com as mesmas características, com o mesmo tempo, a mesma
intenção, ainda assim diferente.
Rosa do Deserto, teimosa e forte,
Aguarda o orvalho, com paciência e sorte.
Cresce e floresce, mesmo no solo árduo,
E nos ensina, com sabedoria, a superar o árduo.
Suas flores, um presente para a alma,
Alegria e reflexão, em cada pétala.
Ao observar sua beleza, aumenta a admiração,
E nos faz refletir, sobre a vida e sua missão.
Mesmo nos momentos mais difíceis,
A vida vale a pena, e isso é o que nos faz seguir.
A Rosa do Deserto, um símbolo de esperança,
Nos lembra que a beleza, pode surgir em qualquer lance.
Se você não pode ser forte como o oceano, seja destemida como uma gotinha de orvalho que se equilibra nas pétalas da rosa, como se dependesse do seu perfume para continuar existindo.
LÁGRIMAS E GOTAS DE ORVALHO
( Autora: Profª Lourdes Duarte)
Lágrimas de saudade rolam em meu rosto
Como gotas de orvalho que salpicam o chão
São lágrimas que extravasam mágoas
Em ver que toda minha vida passou em vão.
Quem dera não fossem lágrimas de tristeza
Mas carinho como gotinhas douradas de estrelas
Que se misturassem com a sensação de bem estar
Salpicando meu coração de pura beleza.
Vejo toda minha vida passar sobre meus olhos
Com o pensamento envolto em meus medos
Observo as gotas de orvalho depois de uma noite fria
Equilibrando-se entra as folhagens de uma roseira.
Como se me mostrassem como sobreviver
Depois da temporada fria
As gotas de orvalho misturam-se as minhas lágrimas
Dando-me exemplo como jamais alguém me deu.
Observando aquelas gotinhas
Com vida que dura até o sol nascer
Descubro que para ser feliz
Devo usar a dor para lapidar o prazer
E compreender que para ser feliz
Não é preciso ter a vida perfeita.
Cemitério.
Madrugada.
O orvalho fede a lembrança e carne velha.
E eu tô ali.
Com flores murchas na mão
e esperança enfaixada em gaze suja.
Sabe o que é amor?
É escavar a terra com as unhas
porque a pá ficou leve demais.
É sentir o cheiro de formol
e ainda assim achar perfume.
É abrir o caixão devagar,
como quem desembrulha um presente proibido.
E lá está ela.
Minha musa cadavérica.
Rainha do silêncio.
Pele cinza como as manhãs que eu perdi.
Lábios rachados,
mas o sorriso?
Mais sincero que o de muita gente viva.
Dizem: “isso é doente.”
Mas eu te pergunto:
e aquele cara que finge amar só pra não dormir sozinho?
Ou aquela que sorri por obrigação no jantar de família?
Quem é mais doente?
Eu amo cada verme que beija tua carne.
Cada lasca do teu osso que brilha na luz da vela.
Eu passo os dedos pelas costelas
como quem dedilha um piano
e ela me canta, em silêncio.
Uma ária morta.
Um sussurro do além.
Te vesti com seda e desespero.
Te deitei no lençol da minha culpa.
E fiz juras que até Deus viraria o rosto.
Mas ela não.
Ela me olha com olhos secos
e ainda assim me vê por inteiro.
E sim, a cama geme.
Não de prazer.
Mas de peso, de passado,
de pactos que não têm volta.
floresta
tal qual um herbívoro
pastaria, lento,
nessa relva úmida —
beberia orvalho
(um doce noturno)
até que a floresta
toda se desmanchasse em chuva.
(e eu, fitófago)
ao morder teu broto
e inundar-me dela,
jamais secarei:
porque após a chuva
fica entre as folhas
o brilho da falta —
água que não evapora.
mas não há fim
para quem bebeu
de tua fonte:
o gosto que
a boca guarda
(não se perde)
— é eterno
como sede.
e teu rio,
que em mim virava mar
brotava até o que não era semente,
na boca de outro herbívoro —
secou.
antes que ele pudesse beber.
(risos)
O Amanhecer do Orvalho
Desperto antes do Sol, quando o mundo ainda respira em segredo. Levanto-me com o silêncio de Oxalá, aquele que traz a paz e a pureza das manhãs. Me alongo como se estendesse meu corpo até os troncos mais altos de Iroko, pedindo força e equilíbrio.
Respiro fundo. O ar da madrugada ainda carrega o hálito de Nanã — o mistério antigo das águas paradas, do tempo que não corre, mas mergulha. Ouço músicas como se fossem orikis, louvores antigos aos que me guardam. E quando entro no ônibus, sei: não é apenas um transporte. É um navio de tempo, conduzido por Ogum, senhor dos caminhos e das encruzilhadas.
As montanhas de Minas me acolhem com braços de Xangô — firmes, justos, cheios de presença. O Sol começa a romper o céu como a machadinha que corta o véu entre mundos. A garoa se dissolve nas folhas, e cada gota do orvalho é um axé que Exu espalha pelo chão: movimento, transformação, recado.
O céu avermelhado anuncia Iansã, que dança com o vento e sacode as nuvens com sua energia tempestuosa. Ela não pede licença: ela liberta. Sinto sua força nos fios do cabelo, no arrepio da pele, na velocidade do mundo que desperta.
As folhas pingam em silêncio, e Oxóssi, o caçador que conhece os segredos da floresta, caminha ao meu lado. Ensina-me a observar. A natureza me fala em símbolos, em aromas, em pequenos gestos. O cheiro da terra molhada é saudação a Omolu, senhor da cura e da renovação.
Na luz que esquenta devagar, vejo o sorriso de Obá, guerreira discreta, força que é ternura. E quando o calor toca a pele, é Xangô de novo, com sua justiça luminosa dizendo: “É hora de viver com coragem.”
Estou dentro do ônibus, sentado, vendo tudo passar depressa, mas dentro de mim tudo é lento, ancestral. O tempo gira em círculos, como os giros de Oxum nas águas doces, como os passos de Iemanjá nas espumas do mar. Tudo passa, mas tudo permanece.
Sou parte do mundo. Sou feito de terra, de água, de fogo, de ar. Sou filho do tempo, guardado pelos Orixás. O amanhecer não é só um momento do dia. É um rito. Um reencontro com aquilo que nunca dorme: a força sagrada da vida.
Toda existência humana, é uma experiência prazerosa e transitória... como o orvalho de cada manhã . Os ciclos da natureza, que são observaveis, como: o nascimento e a morte, nos possibilita vê a sincronicidade dos movimentos da natureza.
Uma vida é como o brilho de um relâmpago nos céus. Refletindo nos olhos espantado da humanidade.
BRISA DA PRIMAVERA
Vem com esse cheirinho agradável
Sacode gotas de orvalho
Balança flores- espalha perfume
Desperta o sabiá no galho.
A brisa passa sorrindo
Assanha as borboletinhas
Varre o chão leva folhas
Desnuda as formiguinhas.
É a brisa da primavera
A natureza enobrece
A rosa feliz agradece.
Cores pra todo lado
O jardim em transformação
Aplaudindo a nova estação.
Autoria- Irá Rodrigues
Feche os olhos, sinta a noite se aproximando, sinta a paz que chega com ela, o frescor do orvalho, sinta a brisa que sopra mansa, nessa noite abençoada.
Bom Dia
O sol sonolento se espreguiça gracioso, espalhando o orvalho da noite pelas campinas floridas. Taciturno veste a pele do dia, enche o ar com cheiro de terra molhada, com o refrescante perfume de flores orvalhadas. Perante esse espetáculo extraordinário tudo que tem vida floresce e, converte em poesia a intimidade vibrante dessa carícia da vida.
Um bom dia não cai do céu como o orvalho da manhã. Ele é construído no decorrer do dia com fé, esperança e gratidão.
As horas são como gotas translúcidas de orvalho escorrendo na pétala do dia. Risonhas seguem seu caminho e silenciosas caem uma a uma na fenda poética do tempo.
Bom Dia
Não é por acaso que ao amanhecer, tudo
está coberto por orvalho.
Ele serve pra apagar as marcas de ontem, e
sobre uma folha nova começarmos tudo de novo.
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