Orgulho de Pai

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Como eu não possuo

Olho em volta de mim. Todos possuem ---
Um afecto, um sorriso ou um abraço.
Só para mim as ânsias se diluem
E não possuo mesmo quando enlaço.

Roça por mim, em longe, a teoria
Dos espasmos golfados ruivamente;
São êxtases da cor que eu fremiria,
Mas a minhalma pára e não os sente!

Quero sentir. Não sei... perco-me todo...
Não posso afeiçoar-me nem ser eu:
Falta-me egoísmo para ascender ao céu,
Falta-me unção pra me afundar no lodo.

Não sou amigo de ninguém. Pra o ser
Forçoso me era antes possuir
Quem eu estimasse --- ou homem ou mulher,
E eu não logro nunca possuir!...

Castrado de alma e sem saber fixar-me,
Tarde a tarde na minha dor me afundo...
Serei um emigrado doutro mundo
Que nem na minha dor posso encontrar-me?...

Como eu desejo a que ali vai na rua,
Tão ágil, tão agreste, tão de amor...
Como eu quisera emaranhá-la nua,
Bebê-la em espasmos de harmonia e cor!...

Desejo errado... Se a tivera um dia,
Toda sem véus, a carne estilizada
Sob o meu corpo arfando transbordada,
Nem mesmo assim --- ó ânsia! --- eu a teria...

Eu vibraria só agonizante
Sobre o seu corpo de êxtases doirados,
Se fosse aqueles seios transtornados,
Se fosse aquele sexo aglutinante...

De embate ao meu amor todo me ruo,
E vejo-me em destroço até vencendo:
É que eu teria só, sentindo e sendo
Aquilo que estrebucho e não possuo.

Ninguém te sacudiu pelos ombros quando ainda era tempo. Agora, a argila de que és feitos já secou e endureceu e nada mais poderá despertar em ti o místico adormecido ou o poeta ou o astrônomo que talvez te habitassem.

Por que as pessoas param de brincar?

O tempo não apaga nada.
A cabeça é que pede ao coração
que se iluda que esqueceu...

Ah! vem, alma sombria que pranteias.
Por quem choras? Por mim?
Em vez de prantos
Deixa-me suspirar a teus joelhos.
Tu sim és pura. Os anjos da inocência
Poderiam amar sobre teu seio.
Aperta minha mão! Senta-te um pouco
Bem unida a minha alma em meus joelhos,
Assim parece que um abraço aperta
Nossas almas que sofrem. Revivamos!
O passado é um sonh, o mundo é largo,
Fugiremos à pátria. Iremos longe
Habitar num deserto. No meu peito
Eu tenho amores para encher de encantos
Uma alma de mulher
Por que sorriste?
Sou um louco. Maldita a folha negra
Em que Deus escreveu a minha sina
Maldita minha mãe, que entre os joelhos
Não soubeste apertar, quando eu nascia,
O meu corpo infantil! Maldita!

As alegrias costuma ser preparadas no silêncio das duras esperas.

Nosso maior prazer neste mundo são os pensamentos agradáveis e a grande arte da vida consiste em tê-los no maior número possível.

Mas descobri que não é verdade o que dizem a respeito do passado, essa história de que podemos enterrá-lo. Porque, de um jeito ou de outro, ele consegue escapar.

TRIDADE

A vida é uma planta misteriosa
Cheia d’espinhos, negra de amarguras,
Onde só abrem duas flores puras
Poesia e amor...

E a mulher... é a nota suspirosa
Que treme d’alma a corda estremecida,
É fada que nos leva além da vida
Pálidos de langor!

A poesia é a luz da mocidade,
O amor é o poema dos sentidos,
A febre dos momentos não dormidos
E o sonhar da ventura...
Voltai, sonhos de amor e de saudade!
Quero ainda sentir arder-me o sangue,
Os olhos turvos, o meu peito langue...
E morrer de ternura!

Tem males que vêm para o bem e coisas que pensamos que é bem, porém é mau.
Nem tudo que reluz é ouro dizia minha avó.
Se hoje lágrimas estão a derramar é porque é fase e elas irão te ajudar...
Ajudar-te transformando em um alguém melhor, forte capaz de aconselhar a quem está na pior.

A vida não é fácil, e quem diria que seria?
Deus não prometeu lágrimas sem dor, nem ao menos dias sem sofrimento.

Aprendizagem agente encontra em todo lugar, tanto na rua, como dentro de casa...
Aprendizagem pode-se encontrar também na vida de outras vidas.

Sonhos apenas são sonhos, mas cada um pode transformar o sonho em realidade...
Só basta querer, só basta correr atrás, só basta acreditar que és capaz de chegar ao céu!

... a única emoção, verdadeiramente fina, seria aniquilar a civilização.

Soneto Sentimental à Cidade de São Paulo

Ó cidade tão lírica e tão fria!
Mercenária, que importa - basta! - importa
Que à noite, quando te repousas morta
Lenta e cruel te envolve uma agonia

Não te amo à luz plácida do dia
Amo-te quando a neblina te transporta
Nesse momento, amante, abres-me a porta
E eu te possuo nua e frígida.

Sinto como a tua íris fosforeja
Entre um poema, um riso e uma cerveja
E que mal há se o lar onde se espera

Traz saudade de alguma Baviera
Se a poesia é tua, e em cada mesa
Há um pecador morrendo de beleza?

O destino nos dá os irmãos, mas o coração escolhe os amigos.

As flores nascem e depois murcham… as estrelas brilham, mas alguns dias se extinguem… Comparado com isso, a vida do homem não é nada mais do que um simples piscar de olhos, um breve momento.

Meu sonho partiu, foi embora
sem me avisar, sem me comunicar,
só deixou para trás a saudade
que a todo instante vem me abraçar.

O amor é a poesia dos sentidos

Honoré de Balzac
Fisiologia do casamento (1829).

DEFINE A SUA CIDADE

De dous ff se compõe
esta cidade a meu ver,
um furtar, outro foder.
Recopilou-se o direito,
e quem o recopilou com dous ff o explicou
por estar feito e bem feito:
por bem digesto e colheito,
só com dous ff o expõe,
e assim quem os olhos põe
no trato, que aqui se encerra,
há de dizer que esta terra
De dous ff se compõe.
Se de dous ff composta
está a nossa Bahia,
errada a ortografia
a grande dano está posta:
eu quero fazer aposta,
e quero um tostão perder,
que isso a há de perverter,
se o furtar e o foder bem
não são os ff que tem
Esta cidade a meu ver.
Provo a conjetura já
prontamente com um brinco:
Bahia tem letras cinco
que são BAHIA,
logo ninguém me dirá
que dous ff chega a ter
pois nenhum contém sequer,
salvo se em boa verdade
são os ff da cidade
um furtar, outro foder.

Se noutro corpo tua alma se traspassa,
não, como quis Pitágoras, na morte
mas como manda Amor na vida escassa;

Luís de Camões
Canções e elegias.

Entre pernas, passos e tropeços a gente vai deixando algumas coisas pelo caminho e encontrando outras... O que não pode é se subtrair. O processo tem que ser de acréscimo, sempre. Nada é tão definitivo assim e a gente nunca É, a gente ESTÁ...
Sempre digo que quem se aprofunda nas coisas, quem mergulha, sabe exatamente o gosto que tem o alimento cru porque não se contenta com o que está pronto, posto sobre a mesa. A gente vai experimentando aqui e acolá, vai sentindo o ritmo, o tempo, tendo cuidado com algumas coisas e desrespeitando as placas de aviso de perigo de outras. A gente cai, levanta, chora, celebra. A gente vive. A gente se conhece através das reações dos outros a nós mesmos. A gente se trabalha ou estagna, regride ou evolui. A escolha é sempre nossa. Tal como as consequências. A gente resolve se entregar quando é tarde pra descobrir que pra respeitar o nosso próprio tempo, é preciso lembrar e ter o mesmo respeito pelo tempo do outro. E que muitas vezes, pra ser honesto, é preciso se correr um risco o qual não queremos. Mas a gente corre. A gente aprende que...

A vida real, muitas vezes, nos é apresentada pulsante, em carne viva, sem maquiagem. Com as veias todas à mostra. O que pode ser desagradável de se ver ou emocionante como um parto...

O que posso dizer é que existem na vida pessoas sedutoras e seduzíveis por quem nos apaixonaremos "definitivamente" todos os dias e que amaremos "para sempre" hoje!
Sei que os grandes relacionamentos que tive foram os que me renderam as melhores metáforas. Que me despertaram uma vontade constante de ser uma pessoa cada vez melhor e mais inteira. Que me deram colo e não conselho e beijo na boca quando o silêncio ainda era a melhor resposta. Algumas dessas pessoas se foram antes que eu pudesse lhes contar uma história bonita e eu chorei feito menina. Outras ficaram até descobrir que uma caixa de Kiwis era o melhor presente que eu poderia ganhar no meio de uma tarde triste... Outras, ainda, me cobraram respostas demais e eu só sabia que nunca aprendi a andar de perna de pau porque tenho medo de altura (o que por um lado pode ser também resposta para várias outras coisas). Mas todas essas pessoas me desenvolveram e isso ficou comigo; são minhas porque faziam parte do meu potencial amoroso e elas vieram só pra me conduzir ao melhoramento do meu amor. Hoje o meu grau de exigência aumentou muito porque aprendi que dar amor não é a mesma coisa que dar carência. Por isso fico sozinha pelo tempo que for necessário para ter novamente essa sensação de "encontro". Abandonei um monte de certezas, recuso sem pudor algumas regras e desrespeito várias vezes as placas de aviso de perigo. Me divirto muito ou sofro, mas tenho cada vez mais faisquinhas nos olhos por viver as coisas em sua totalidade, sem recusar experiências e aproveitando diversas possibilidades.

Agora, tem um lado muito romântico meu que diz que a "tal pessoa" virá e enroscará uma margaridinha nos meus cabelos... Fazendo pousar no meu rosto o sorriso de um beija-flor e plagiará Neruda sussurrando ao pé do ouvido: "Quero fazer com você, o que a Primavera fez com as cerejeiras..."

É isso. Pule no tal abismo quando seu coração bater tão forte que só te restará pular. Vc só vai saber se fez a coisa certa, fazendo-a. Só se pode falar do que se conhece e não há como conhecer pela superfície, é preciso tocar verdadeiramente nas coisas e então, se deixar ser tocado por elas. O importante é lembrar que a escolha é sempre nossa e que no momento em que tudo nos foge ao controle é porque chegamos na parte mais importante do aprendizado.

Que o medo não tenha tanto poder sobre nós... E que não fiquemos condicionados por experiências anteriores - há sempre uma oportunidade de surpresa, mas teremos que estar abertos a isso. Nada é tão definitivo.

Felizmente já faz tempo. Pensei que ia contar com raiva no reviver das coisas, mas errei. Doer se gasta. E raiva também, e até ódio. Aliás também se gasta a alegria, eu já não disse?
[...], nada volta mais, nem sequer as ondas do mar voltam; a água é outra em cada onda, a água da maré alta se embebe na areia onde se filtra, e a outra onda que vem é água nova, caída das nuvens da chuva. E as folhas do ano passado amarelaram, se esfarinharam, viraram terra, e estas folhas de hoje também são novas, feitas de uma seiva nova, chupada do chão molhado por chuvas novas. E os passarinhos são outros também, filhos e netos daqueles que faziam ninho e cantavam no ano passado, e assim também os peixes e os ratos da dispensa, e os pintos... tudo. Sem falar nas moscas, grilos e mosquitos. Tudo.

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