Ocupado
Heterodoxo, todavia austero; visionário, porém realista; ocupado, contudo sempre disponível para os verdadeiros amigos.
Quando não houver nada mais importante a fazer, você vai discar o meu número. Ele estará ocupado, ou talvez nem seja mais o mesmo. Você vai bater à minha porta e alguém vai te avisar que eu não moro mais ali. Vai se dar conta então de quanto tempo já se passou. O inesperado vai apertar a sua garganta e fazer as tuas mãos suarem quando eu passar ao seu lado e não mais notar a tua presença. Vai tentar me chamar, mas a sua voz vai ecoar e se esvair sem que me alcance. Do outro lado da rua vai ter alguém me esperando se braços abertos e pela primeira vez você vai ver esse meu seu ex-sorriso pra outro alguém.
Toda a sua segurança vai cair por terra e esse gosto amargo que vai sentir na boca juntamente com essa dificuldade de engolir a saliva chama-se insegurança. Tarde demais, eu me fui. Me libertei. Você se perguntará o 'porque?', mas vai fugir antes mesmo de querer saber a resposta. Então quando os dias passarem e eu não retornar suas ligações ou responder as tuas mensagens não ache que ao nos encontrarmos você se aconchegará nos meus olhos encantadores como se costume, eles se mostrarão indiferentes, se ao máximo te olharem será de canto, como olham aquela vitrine velha de roupas no fim do seu modismo. Entenda bem, não os julgue por tal, eles só reagem ao que provocam ao coração.
Cheguei ao ponto de não saber o que é pior. Ter um coração ocupado, por alguém que não sabe valorizá-lo, ou um coração vazio, coberto de saudade.
ME OLHAS, ME JULGAS E ME ACUSAS
Me olhas e me acusas
De ter te roubado a paz,
De ter ocupado teus pensamentos e teus sonhos,
De ter te feito refém do próprio coração.
Me olhas e me julgas
Como causador de tua insônia,
Como uma droga que te causa dependência,
Como o motivo da tua distância do presente.
Me olhas, me acusas e me julgas
Sem me dar a chance da defesa;
Me acusas sem saber que quero ser tua paz,
Me acusas sem saber que tu és meus sonhos,
Me acusas sem saber que sou refém do teu coração.
Me olhas, me acusas e me julgas
Sem me dar a chance da defesa;
Me julgas sem saber que és todas as minhas noites,
Me julgas sem saber que sou dependente de ti,
Me julgas sem saber que quero ser teu presente.
Somos julgados por nos amarmos silenciosamente.
Quando você resolver me ligar eu já terei mudado o meu número, ou vou estar tão ocupado que será impossível te atender. Quando você decidir vir na minha casa já terei mudado de endereço, ou até mesmo de cidade, e vai ser impossível me encontrar. Quando você encontrar tempo pra mim, eu já não terei tempo pra você. Quando você perceber que errou, eu já terei feito a escolha certa pra viver.
Perderá seu tempo se tentar competir comigo, estou ocupado demais competindo comigo mesmo; Perderá seu tempo mais ainda tentando fazer eu odiar você, estou ocupado amando pessoas queridas e próximas a mim.
O pobre só não é completamente feliz, por estar ocupado demais lutando para manter a própria sobrevivência. Em muitos casos, sub-existência.
É como se tudo o que vivemos tivesse ocupado todas minhas malas e me acompanhado pra um trecho de desencontros do qual não consigo carregar.
A real face da cidadania aparece quando; um movimento negro adentra um espaço ocupado por brancos...
Peguei o telefone
e liguei pro meu coração,
mas ele não atendeu.
Ele anda ocupado demais,
brigando demais
com a minha razão.
"-Tem tempos que você não volta aqui.Esteve ocupado?" "- Sim, fiquei te observando do outro lado da rua, arrumando uma desculpa para vir."