O Viajante e sua Sombra

Um homem sábio viverá tanto nos limites da sua presença de espírito quanto nos dos seus próprios rendimentos.

Quando uma obra parece avançada para a sua época, é simplesmente porque a sua época está atrasada em relação a ela.

As grandes nações escrevem a sua autobiografia em três manuscritos: o livro dos seus feitos, o livro das suas palavras e o livro da sua arte.

Todas as pessoas fascinantes têm algo a esconder: geralmente a sua total dependência da apreciação dos outros.

Cada qual dá segundo a sua fé ou segundo o seu prazer.

Para os doentes, o mundo começa na cabeceira e acaba no pé da sua cama.

Quem não ama o seu semelhante vive uma vida estéril e prepara um túmulo triste para a sua velhice.

O amor, no seu estado social, talvez não tenha nada razoável senão a sua loucura.

Se cada um varresse a calçada da sua casa, no fim do dia a rua toda estaria limpa.

O homem vale na medida da sua capacidade de admirar.

Que cada um desempenhe a sua parte em tudo que encontre para fazer, porém sem escravizar a alma.

O escritor quer escrever a sua mentira e escreve a sua verdade.

Deus estava satisfeito com a sua obra, e isso é um erro fatal.

Pois o homem é feito de banalidade,
e nomeia o hábito a sua ama.

Para não corar diante da sua vítima, o homem, que começou por feri-la, mata-a.

A verdade é tão simples que não deleita: são os erros e ficções que pela sua variedade nos encantam.

O modo mais seguro de prevenir as revoltas... é eliminar a sua matéria.

Com a sua intuição a juventude sabe que o mundo está cheio de forças; mas não chega a entender qual o papel que a fraqueza, nas suas diversas formas, desempenha no mundo.

Não há quem apresse mais os outros do que os preguiçosos depois de haverem satisfeito a sua preguiça, a fim de parecerem diligentes.

Ninguém aqui morre só a sua morte; / é um pouco de nós todos que se vai / e naquele que nasce há um pouco de todos nós / que se torna outro.