O Valor do ser Humano Rubem Alves
Pode-se ser crítico ferrenho e sistemático da má política desde que isso não nos deixe insensíveis ao perfume e à beleza de uma flor. O antídoto contra a amargura é não olhar as coisas sempre pela mesma lente, nem torna-la refratária à multiplicidade das cores. Lembrando Guevara, há que se mostrar duro quando preciso, mas sem nunca abrir mão da ternura.
Muitos de seus desejos podem ser concretizados até no último de seus dias, mas para se mostrarem úteis existe um prazo de validade.
Não te permitas ser derrotado pelos que te julgam de forma indigna. Tu és o que as marcas de teus passos revelam, e não o que os covardes escolhem falar de ti.
Ninguém que se declare defensor das liberdades deveria se rebelar ao ser contrariado, pois que esta é a postura mais típica dos tiranos, não de libertários. No âmbito da Filosofia o pensamento – correto ou não – é livre. Mas isso não é sinônimo de fazer o que se queira, ou de ter um posicionamento avesso a regras. Tal entendimento não é próprio dos que defendem causas nobres como a da liberdade de expressão, mas de quem não percebe a diferença entre libertários e libertinos.
Meu histórico de vida me fez concluir que a maior parte das mazelas humanas pode ser substancialmente reduzida apenas com inteligência e sensatez. Além de atuar como antídoto de incontestável eficácia sobre nossos medos e fragilidades, essa combinação consegue transformar ideias, reaproximar adversários, reverter julgamentos e até trocar preconceito por aceitação apenas pelo emprego correto do conhecimento.
Independente do tipo de realidade que o amedronte descobrir, a ignorância não deveria ser uma opção.
O ser e o ter são inversamente proporcionais entre si, e focar num deles implica em renunciar ao outro, já que caminham em sentidos opostos.
Pobre da mente que precisa de um líder ocupando o espaço que deveria ser da consciência. Pobre do coração que dependa de um salvador para agir como deveria. Pobre do cidadão que precise de vigilância para não fazer aquilo que faz quando não tem ninguém olhando. Pobre do homem cuja lisura dependa de que outros a exaltem.
Nao há nada errado no fato de uma pessoa ser burra. O que irrita são as burras desinformadas que adoram contestar as inteligentes que se informam.
Até mesmo sua ação mais altruista poderá ser vista como mero desejo de agradar. Portanto, troque sua preocupação com a critica alheia pelo melhor que possa dar de si em tudo o que faça, já que pessoas insatisfeitas irão critica-lo até por ser essa a natureza delas.
Calhordas se revelam pelo caráter, não pelos erros que todos cometemos. Daí que ninguém deveria ser tachado de canalha por esta ou aquela ação em particular, mas pelo conjunto da obra.
Uma maldade nunca deixará de ser maldade apenas por estar respaldada na lei. Bom senso e equilíbrio devem prevalecer quando o que se busca é justiça.
O aspecto mais degradante da política nestes novos tempos é que nossos políticos passaram a ser eleitos não por revelar competência para resolver os males que nos afligem, mas pela "coragem" de revelar sua canalhice e exibí-la aberta e despudoradamente aos seus eleitores.
Se ser uma pessoa honesta dependesse de escolha, a honestidade dela não seria autêntica, pois que surge e se desenvolve no indivíduo de forma natural e espontânea, e a isso se dá o nome de índole. A renúncia à desonestidade, porém, pode ser uma escolha a partir de uma tomada de consciência seguida da decisão.
Meu papel não é ser o céu para onde voam os que me buscam: basta saber-me a pista de onde decolam. Tampouco a fonte da água que lhes aplaca a sede, mas apenas o leito do rio que a conduz até eles. Sou antes o farol na borrasca, não o Porto; o cinzel nas mãos do artista, não a Escultura; o milestone que os situa, não a Linha de Chegada.
O ser dito "selvagem" mata apenas para se alimentar ou se defender; o ser dito "civilizado" mata por prazer, o que indica que instinto pode ser menos nocivo que inteligência, dependendo do cérebro em que se instale.
Infeliz o povo que precisa de religião para fazer o que deveria ser um mero exercício de consciência.
A afirmação sobre o que não pode ser provado nos transforma em ovelhas de um rebanho idiotizado e manipulável. Por sua vez, a negação sem evidências nos coloca numa posição de arrogância estúpida para qualquer cérebro minimamente lógico, donde se conclui, portanto, que toda convicção vazia passa atestado de indolência intelectual.
QUANDO SE QUER SER MAIS QUE UMA OVELHA DO REBANHO
Com a internet, atualmente, é possível pesquisar-se rapidamente sobre qualquer tema, incluindo figuras públicas naquilo que afirmam, permitindo que as pessoas verifiquem por si mesmas a veracidade das informações em tempo real. Existem hoje plataformas especialmente dedicadas à verificação de fatos que contribuem para desmascarar fraudes e desinformação, tornando mais difícil o trabalho de charlatões que se dedicam ao desvirtuamento de realidades visando emprestar um clima de credibilidade às suas teses.
Muitos fóruns e redes sociais já permitem que as pessoas compartilhem experiências e possam discutir posicionamentos pouco confiáveis, criando uma rede de apoio que lhes permita tirar conclusões mais realistas. A crescente conscientização sobre a importância da “alfabetização midiática” vem ajudando pessoas a separar informações confiáveis de fontes duvidosas. O aumento do ceticismo e do pensamento crítico nos grandes círculos urbanos faz com que mais pessoas questionem e investiguem alegações, antes de aceitá-las como verdadeiras. Assim, a checagem de informações não apenas esclarece os indivíduos, mas também promove um ambiente onde a verdade e a transparência passam a ser valorizadas, livrando-os de serem transformados em “massa de manobra”, e tornando mais difícil a ação de charlatões que as manipulam em prol de benefícios próprios e objetivos que não possuem vínculo algum com o bem comum.
Mas o que se percebe, no entanto, é que essa lógica só não tem se mostrado tão eficaz na política e entre grupos organizados especificamente para dar apoio a causas que não passam pelo pensamento crítico. Muitas, em sendo analisadas, não encontrariam respaldo no pensamento mais simplório por infringir regras elementares da lógica e da sensatez. Entre as razões mais comuns para que isso aconteça estas se destacam:
1. O distanciamento gradual de referências de vida por parte de indivíduos que, com a idade, vão perdendo amigos e se tornando cada vez mais isolados pela própria família devido a dificuldades econômicas ou de mobilidade, impedindo-as de acompanhar seus círculos de contato num mesmo nível de interação.
2. Uma crescente polarização política fazendo com que as pessoas se identifiquem fortemente com suas crenças e ideologias como forma de não se verem alijadas do convívio social. Isso pode leva-las aceitar informações e discursos que não passariam por qualquer análise mais cuidadosa e responsável, ainda que se mostrem suspeitas ou claramente falsas.
3. As redes sociais tendem a criar "bolhas" onde seus usuários são expostos principalmente a opiniões que já compartilham entre si, levando-as a reforçar suas próprias crenças equivocadas e criar barreiras a informações verdadeiras apenas por contrariar aquelas a que já se converteram.
4. A fragilidade crescente de alguns segmentos humanos – como o de idosos ou pessoas em vulnerabilidade social – desenvolve nelas uma busca ansiosa por ambientes em que possam se sentir mais seguras e protegidas, com é comum de se encontrar em espaços religiosos e/ou ideológicos. Sentir-se acolhido, nesse estado de coisas, assume um caráter de alta prioridade sobre todos os demais valores, inclusive os de natureza moral, legal, e até a lógica que dá sustentação ao ordenamento social. Essas pessoas não integram grupos de objetivos escusos porque buscam intencionalmente levar prejuízo à sociedade, mas porque aquele seu momento de vida é visto como irreversível, e seu único foco agora é sobreviver a tudo o que as está assustando, o que é legítimo enquanto indivíduos em grau elevado de vulnerabilidade, mesmo não o sendo pela ótica da sociedade que têm como hostil e permanente ameaça por abandoná-las à sua própria sorte. Raciocinam como moscas se debatendo num pote de mel até que o último fôlego se esgote.
5. Um sentimento de desesperança e sofrimento incuráveis envolvendo pessoas ávidas por algo que as anestesie – como revolta pelo passado ou medo do futuro – se sobrepondo ao “mero” aspecto da confiabilidade. Narrativas criadas para provocar esse tipo de emoção encontram clima ideal para serem compartilhadas sem resistência. Fake news, como sabemos, são projetadas para ser sensacionalistas e alarmantes, cobrando uma ação imediata que não espere por análises. Integrantes desses grupos identificados com movimentos populistas, portanto, são estimulados a desconfiar da mídia tradicional e das instituições, tidas como suspeitas e não confiáveis, o que os leva a buscar informações em suas fontes internas, que muitas vezes não são minimamente informadas ou confiáveis.
6. Notícias falsas são criadas e disseminadas intencionalmente para manipular a opinião pública, influenciar eleições ou desacreditar adversários. Isso é frequentemente conduzido por grupos organizados ou indivíduos com objetivos próprios e sem vínculo com qualquer princípio que norteiam a sociedade. Isso explicaria a frequência de lideranças que se apresentam como “outsiders” (contra o sistema), e a instigação destes para a política do “nós contra eles”.
7. O acesso fácil à informação pela mídia eletronica, ao contrário do que seria o esperado, não proporciona a educação midiática e o pensamento crítico justamente pela predominância de conteúdos rasos ou até fraudulentos, transformando essas duas habilidades em privilégio que poucos possuam dominio. Isso dificulta a capacidade das pessoas de avaliar criticamente as informações que consomem mas, principalmente, que disseminam, contribuindo fortemente para que mais e mais pessoas acabem imersas num oceano de versões fantasiosas que não se sustentam, direcionadas unicamente por um instinto irracional de sobrevivência, por mais absurdas que se mostrem.
A disseminação de fake news na política, portanto, pode levar a consequências muito sérias por parte dos grupos sociais atingidos, tais como:
• Fragilização gradual da confiança nas instituições democráticas e na mídia, o que acabará por afetar a todos, incluindo seus promotores.
• Intensificação da polarização, levando os conflitos a extremos que fujam ao controle estendendo-se a toda a sociedade.
• A prática das fake news definindo a forma como as pessoas exercem o voto, abrindo um espaço cada vez maior a gestores despreparados ou mal intencionados.
Por conseguinte, a luta contra a desinformação se apresenta como um desafio permanente, porquanto mais polarizado se mostre o ambiente político, quando então a busca por fontes confiáveis e o incentivo ao pensamento crítico se fazem fundamentais para que a informação se apresente minimamente plausível e merecedora de crédito.
ARTE
arte me consuma
destrua e reconstrua
forme meu ser
me molde
me arraste
me compare
me subestime e superestime
me mate
me enforque
me deixe feliz
me deixe ser julgado
me expresse
limpe toda minha mente
acaba comigo
e me reviva
limpe minha alma
me faz ser diferente
me deixe orgulho, encantado
mais logo acaba com isso ao ver que alguém fez melhor
então pra que continuar?
pra que se esforçar se algum vai sempre ser melhor
pra que começar se tem gente melhor
mais arte me consuma
deixe eu ser parte sua
me pinte
me molde
me faça parte de você
transforme minha feias partes sem graça em algo único e diferente
algo que é alvo de bolinha de papel do povo
e palavras rudes
me deixaria feliz ser alvo
arte me consuma
ou melhor ja me consumiu a anos
porem arte, o arte consuma mais
e mais
mais e
mais do meu ser
arte me consuma.
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